capítulo 4: exatamente onde você me deixou

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"Todo mundo seguiu em frente
Eu, eu fiquei lá
Com poeira acumulada no meu cabelo preso
Eles esperavam que eu encontrasse algum lugar
Alguma perspectiva, mas eu me sentei e observei
Exatamente onde você me deixou"
Right where you left me, Taylor Swift.

CHRISTOPHER MADDOX.

Jason está escondendo algo de mim.

Não digo e nem pergunto nada, mas sei que ele não foi totalmente sincero quando me chamou apenas pra vir ver a Hope só porque ela pediu. E ele jamais sairia pra se divertir assim sem um motivo específico, ele é idoso demais pra isso.

Penso em insistir e perguntar, mas não quero acabar destruindo seu ato de boa fé e ser expulso daqui antes mesmo de conseguir entrar e ver minha garotinha. Por isso, engulo minha curiosidade e observo enquanto o carro dele desaparece na escuridão da noite.

Solto uma respiração ansiosa e tento controlar o tremor em minhas mãos conforme subo os degraus da varanda familiar. Ainda é exatamente como me lembro, e por um segundo, me sinto em casa. Mas essa não é a minha casa e eu nem sequer sou bem vindo. A sensação logo se torna amarga.

Quando atravesso a porta, fico surpreso ao ver que por dentro, muita coisa mudou. A sala está cheia de brinquedos espalhados, há livros infantis em cima da mesa da TV, desenhos grudados na parede, e ao longe, vejo um cercadinho azul, provavelmente do bebê. Jason leva jeito pra paternidade.

Sorrio sozinho, feliz em saber que ele está conseguindo ter a vida que sempre quis. Sei que não é exatamente como ele queria, mas ainda assim, tenho certeza que tem sido os melhores anos de sua vida.

Um porta retrato chama minha atenção na mesa do canto. Vou até lá e pego o quadro, admirando os sorrisos enormes de Jason, Natalie e Hope, e um Toby recém nascido dormindo no colo do pai. Eles parecem tão felizes e realizados.

Sinto um aperto incômodo no peito e uma tristeza repentina me atinge. Antes de toda a verdade vir á tona, Jason me disse que eu seria o padrinho de seu filho. Fiquei tão feliz com a possibilidade de fazer parte da família, de ser incluído, e de saber que nossa amizade estava viva outra vez. É uma pena que tudo tenha desabado de uma forma tão cruel. Eu nunca nem tive a chance de conhecer Toby, e ele já tem quase dois anos. O pouco que sei sobre ele foi Emma que me contou nas mensagens que trocamos com frequência.

Tão distraído em minha onda de tristeza, nem ouço os passos na escada. É só quando a voz doce de Hope chama meu nome que me assusto e coloco o retrato de volta no lugar para poder encará-la. Ela está enorme, bem maior do que eu esperava, e me encara com uma expressão surpresa, as sobrancelhas franzidas de uma forma que me lembra sua mãe.

— Oi, pinguinho de gente. — Digo com um sorriso emotivo.

Ela abre um sorriso enorme e desce os poucos degraus restantes correndo. Me ajoelho e abro os braços. Seu corpo se choca com o meu meio segundo depois. Aperto-a com força contra mim, sentindo uma onda de emoção que faz meus olhos arderem. A dor de ir pra longe dela quase me matou, mas aguentei firme durante os últimos dois anos, pois no fundo sempre soube que não duraria pra sempre. Fico aliviado em saber que estava certo.

Ela se afasta o suficiente pra me encarar, e eu aproveito pra vê-la melhor. Seus olhos estão brilhando de felicidade, e seu sorriso revela alguns dentes da frente faltando. O cabelo dela cresceu e está tomando um tom neutro de ruivo. Ela dobrou de tamanho.

— Eu não sabia que você vinha hoje. — Ela começa a falar rápido. — Pedi pro papai e ele deixou, mas achei que só te veria na próxima semana. Comecei até a arrumar meu quarto pra tomarmos chá com a tia Iza e...

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⏰ Última atualização: Jan 01 ⏰

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