Countdown #3 (atualizações quando dá)

Capítulo 1: O início do fim

"A ascensão e a queda
Os escritos na parede
Começando um incêndio
Porque tudo que você realmente queria
Era só ver o mundo queimar
Então assista isso queimar
O começo do fim"
— the beginning of the end, valerie broussard.

CHRISTOPHER MADDOX.

       A teoria do Efeito Borboleta sempre me intrigou de uma forma estranha.

Não achava possível que uma simples ação pudesse mudar tudo de forma drástica. Fui criado em um lugar em que tudo acontecia da forma que era pra acontecer, sem exceções.

Meus pais me venderam como um animal, descartaram duas crianças indefesas e traumatizadas em um mundo ainda pior que o que nos criaram até aquele momento. Aprendi muito cedo que, para sobreviver, precisava fazer tudo o que Thomas queria. Não importava o que fosse preciso, ele tinha que estar satisfeito comigo no fim do dia.

Por isso, nunca me rebelei. Sempre fui obediente.

Eu fazia o que tinha que fazer. Era uma marionete. Nada nunca mudava. Nada de Efeito Borboleta.

Mas aí, presenciei a teoria se concretizando, pouco a pouco.

Jason era rebelde. Sempre deu trabalho. Se ele tivesse sido como eu, não teria sofrido tanto nas mãos do pai. Seria só mais uma marionete.

Fomos criados juntos, da mesma forma, e ainda assim, totalmente diferente. Ele cresceu com a crueldade do pai encravada em sua pele. Eu cresci me livrando dela. Tudo por conta de uma simples escolha que mudou todo o percurso de nossas vidas.

Anos mais tarde, vi a teoria ser concretizada outras vezes, causada por mim.

Se eu não tivesse insistido pra Izabelly ficar comigo, ela teria sido adotada por uma boa família, com um futuro brilhante, longe da nossa injusta realidade.

Se eu não tivesse dito onde Jason e Megan estavam escondidos, Thomas não teria acabado com a vida dos dois e levado Megan. Eles estariam juntos até hoje, criando a filha como ela sempre mereceu.

Se eu não tivesse "matado" a Megan na frente de Jason, ele não me odiaria como odeia agora, e nossa amizade não teria sido arruinada de forma tão impiedosa.

Se eu não tivesse injetado o soro no coração de Megan, ela não teria virado o monstro que é hoje. Ela estaria morta, mas, no fim das contas, acredito que essa sempre foi a melhor opção. Ela mesma me disse isso várias vezes.

Se eu não tivesse escondido Hope de Jason por tanto tempo, ele teria sido capaz de me perdoar. Ainda restariam chances de recuperarmos nossa amizade.

Tudo é uma questão de escolha. Estamos fadados a realizá-las todos os dias, de várias formas, sabendo que precisaremos lidar com as consequências depois, sejam elas boas ou ruins. E uma vez feita, não há como voltar atrás.

Já lidei com todas as consequências possíveis de minhas escolhas, e nenhuma delas acabou exatamente bem pra mim. Sempre fui bom em fazer escolhas ruins. Cometi muitos erros nos últimos anos, e sou assombrado por eles todos os dias.

Existia apenas um que nunca poderia vir á tona. Que nunca poderia ser descoberto.

Passei sete anos acreditando que levaria esse segredo comigo pro túmulo, que nunca seria forçado a ver o maior erro da minha vida voltando pra me assombrar.