Capítulo 3 Aniversário

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Gracie se trancou no quarto durante dias.

Ela se recusou a comer com Henry, e em um certo ponto, se recusou a comer.

Ela não queria a ajuda dele, seu coração doía apenas em olhar para ele e saber que o macho havia desistido dela tão facilmente.

Esperou anos por ele, e de repente ele aparece e a resgata, exigi que ela fique e promete envia-la para um lugar seguro.

Ele está desistindo dela mais uma vez?

Não podia acreditar.

Henry parecia tão diferente.

Quando Agatha bateu na porta do quarto, ela ainda nem havia se levantado.

A serva entrou carregando seu desjejum.

— Bom dia senhora, venha tomar seu desjejum. — Chamou Agatha.

Gracie não se moveu.

Agatha suspirou, e caminhou até a fêmea e puxou as cobertas.

— O que está fazendo?! — Gracie exclamou ao sentir a brisa gélida no corpo.

— Hoje é aniversário do Alfa Taylor, ele não deve jantar sozinho. — informou Agatha.

— Eu não tenho interesse em participar de um banquete com o Alfa e seu círculo de lordes. — pronunciou Gracie.

De jeito nenhum ela queria ver todas as pessoas importantes do Vale, e talvez conhecer a razão de Henry ter desistido tão facilmente.

Ela logo imaginou como as fêmeas se ofereciam a ele...

— Ele passa todos os anos sozinho. Acreditei que como a senhora está aqui, iria fazer companhia a ele.

Gracie se sentou.

Ela olhou nos olhos de Agatha, e percebeu que a loba falava a verdade.

— Ele não cede banquetes para os senhores de terras? Ou para outros clãs?— perguntou.

— Ele nunca abre os portões da fortaleza. E nunca sai. A viagem que fez para trazer a senhora foi algo especial.

Gracie franziu o cenho.

No inicio de seu casamento com Damian, ela acreditou que Henry estava passando pelo luto de perder o pai e o irmão, mas que logo a buscaria. Faria um duelo por ela, ou uma guerra.

Ela era jovem e tola.

Com o passar dos anos, ela concluiu algo doloroso.

Henry Taylor devia ter seguido sua vida e aceitado que ela era de outro.

Isso fez com que seus dias se tornassem ainda mais amargos.

— Ele pediu minha presença?

Agatha se encaminhou para a mesa, e começou a arrumar a mesa com pães e aveia.

— Venha comer senhora. — pediu ela.

— Ele pediu minha presença?— repetiu ela.

Quando Agatha a ignorou e apontou para a cadeira ela entendeu que a loba não cederia.

Gracie se levantou e começou a comer, então perguntou novamente.

— Não com palavras.— respondeu ela.

Gracie a olhou.

— O que isso significa afinal?

— Significa que ele deseja imensamente sua presença mas é incapaz de pedir.

— Por quê?

— Talvez ele não se ache digno. — ponderou Agatha.

Talvez ele realmente não fosse, pensou Gracie.

Ainda assim, como uma tola, ela contou as horas para o cair da noite.

*****

O macho olhou para a extensa mesa e variedades de carnes, peixes, pães, bolos e muito vinho.

Ele sentia suas mãos suarem.

Ela não tinha qualquer motivo para comparecer ao jantar aquela noite, e ele não a forçaria, mesmo que quisesse.

Já havia feito ela sofrer demais, Gracie o desprezava e com toda a razão.

Para ela, ele era um covarde que não foi corajoso o suficiente para desafiar Callum para um duelo...

Se ela soubesse da verdade...

De repente seu coração disparou,

De repente seu coração disparou, todos os seus sentidos foram despertos pelo aroma delicado e inebriante que invadiam suas narinas.

Imediatamente o macho se viu com uma enorme ereção.

Maldição...

No mesmo instante, ele viu o sol adentrando o salão.

Ela estava reluzindo em um vestido de seda púrpura. Sua pele estava sedosa, quase como se implorasse para que ele a tocasse. Ele cogitou prender a respiração, estando tão próximo da loucura apenas por vê-la tão majestosa e feminina.

Ele era um canalha aos olhos dela, sabia disso.

Gracie adentrou o salão quase completamente vazio, exceto por Henry sentado na outra extremidade da enorme mesa.

O salão estava iluminado por tochas, a luz das velas sobre a mesa refletiam nos olhos verdes do macho que ficou imediatamente com uma postura rígida no momento que a viu.

Ela também percebeu que o macho desviara o olhar poucos segundos depois que ela entrou.

Gracie havia tomado todo o cuidado de ficar bonita, usando o vestido indicado por Agatha, e o macho desviara o olhar.

Ela não conseguia entender a razão dela estar ali.

Estava claro que ele não fora atrás dela por algum amor reprimido do passado.

Sem dizer uma palavra, ela se sentou o mais distante possível e o encarou.

Como Henry estava olhando para seu próprio prato de maneira fixa e irritante, ela pronunciou:

— Feliz aniversário.

Isso atraiu seu olhar para ela.

— Por isso está aqui. — respondeu ele, e pareceu levemente chateado.

— Imaginei que seria deprimente jantar sozinho em seu próprio aniversário.

— Então está aqui por pena. — Concluiu ele ríspido.

— Compaixão. — Corrigiu ela.

— Não vejo diferença.

— E amor e paixão? Você vê diferença?

— O primeiro possuí até sua alma e o segundo possuí seu corpo.

— Então você sabe a diferença. Posso ver que sim.

Ele assentiu, e ela não conseguiu deixar de notar como seus ombros pareciam maiores, ou como seus lábios brilhavam.

Ela desviou o olhar.

— Porquê não teve filhos? — ele foi direto e Gracie levantou o olhar para ele.

Mas que tipo de pergunta era aquela?

— Não vejo como isso diz respeito a você. — respondeu. 

A redenção do Alfa. Ilha do corvo.Onde histórias criam vida. Descubra agora