Capítulo 4 Beba mais querida

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— Eu não sou seu algoz. — Ele disse calmamente, e ela só conseguiu prestar atenção em seus lábios, rosados e levemente mais cheios no lábio inferior.

— Eu não me lembro de concordar em ficar resignada aqui no vale vermelho.

— Você não sabe o que é melhor para você.

— E você sabe?

Ele suspirou pesadamente e respondeu:

— Sei.

Ela riu alto.

— Não nos vemos há mais de dez anos, e você diz que sabe o que é melhor para mim? Não seja patético Henry.

— Nunca. Mais. Me. Chame. Disso. — ele disse cada palavra pausadamente, e baixo.

Ela viu nos olhos verdes água dele a fúria dos alfas quando se sentem ofendidos.

Bem... Acho que não era sábio irritá-lo.

— Penso que você se precipitou. Não sou uma donzela que precisa de resgate, nem tenho qualquer desejo de ficar meses aqui enclausurada.

— Você não vivia enclausurada?— perguntou Henry.

Como ele ousava...

— É exatamente por essa razão que sei reconhecer uma prisão quando a vejo.

— Aqui não é uma prisão. É livre para caminhar por toda a fortaleza, mas prefere ficar encarcerada em seu quarto. Presumo que se acostumou a viver trancada, devo providenciar grilhões também?

Ela estreitou os olhos para ele, e seus lábios se curvaram em uma careta de raiva.

Ele a estava provocando.

— A solidão combina com você, sempre achei que tinha algo de sombrio dentro de você. — Murmurou ela, enquanto separava algumas carnes em seu prato.

— Já eu, sempre achei que você iluminava tudo ao redor.

Gracie parou de pegar comida, e voltou sua atenção para o macho.

— Não faça isso. — disse.

Henry puxou um prato vazio e o encheu com carnes, peixes, pães e começou a comer de modo voraz. Ignorando o que Gracie havia dito.

— Você me ouviu? — insistiu ela.

O macho parou de comer e levantou o olhar para ela.

Henry puxou uma jarra de vinho e duas taças, ele as encheu até a boca e calmamente a estendeu para ela.

— Beba. Esse vinho é excelente.

— Você ouviu o que eu disse?

— Sim, você não deseja falar do passado.

— Não há o que falar. Você me abandonou para casar-se com Damian e foi salvar o seu território, sua decisão foi tomada de modo racional. Você recuperou o manto de Alfa pertencente a alcateia Taylor. — Ela foi ríspida ao resumir o passado.

— Pensei que não falaríamos do passado. — Rebateu ele.

Ela pegou sua taça e bebeu um longo gole.

— Tem razão. Não trará nada de bom.

Ela começou a comer, ignorando o fato de que o macho a observava atentamente, como se apreciasse que ela estivesse se alimentando.

Logo, Gracie terminou seu prato e voltou-se para o vinho.

Ele estava certo, o vinho era excelente.

Suave e doce. Do jeito que ela gostava, e possuía um aroma delicioso que equiparava com o sabor. Ela bebeu três taças sem perceber.

A redenção do Alfa. Ilha do corvo.Onde histórias criam vida. Descubra agora