— Eu a deixarei partir quando for seguro. — respondeu o macho.
Gracie assentiu, e o afastou, desta vez Henry não resistiu.
A loba não olhou mais para Henry e deixou o salão.
...
Gracie não dormiu bem a noite.
No momento em que a loba fechou os olhos, ela se tornou muito consciente de que não estava em Blackburn.
O fato de não ter a chave do próprio quarto a incomodava, ela não conseguia relaxar de porta aberta.
A loba levantou e se cobriu com um casaco de pele, ela abriu a porta e olhou para o corredor de pedra. Estava mergulhado em uma semiescuridão, iluminado apenas por algumas tochas.
Gracie apertou o casaco contra seu corpo magro e caminhou pelos corredores da fortaleza.
Muitas perguntas giravam em sua mente.
Por que depois de tantos anos Henry resolvera ajudá-la?
Por um momento de tolice, ela acreditou que ele havia feito isso para ficar com ela, mas estava claro que não.
Talvez ele se sentisse culpado, afinal, ele atrapalhou sua fuga anos atrás.
Gracie olhou para os corredores vazios e frios, eles traziam uma aura palpável de solidão.
Escuros e melancólicos.
Gracie começou a pensar em como era viver ali sozinha, assim como ele vivia sem seu pai e irmão.
Algo se apertou em seu coração, e ela percebeu que seus sentimentos por Henry ainda eram fortes.
Gracie continuou caminhando pelos corredores de pedra, até que uma luz no final do corredor atraiu sua atenção. Ela caminhou até ela, a luz vinha de uma sala que estava entreaberta.
Gracie apertou o casaco mais ainda ao seu redor, e olhou para o interior do cômodo. Ela viu Henry sentado em uma poltrona, ele estava sem camisa, apenas com calças de couro e sem sapatos. Seus músculos enormes na luz das chamas da lareira a frente dele.
Seus cabelos estavam úmidos até seus ombros, ondulados, castanhos luminosos e perfeitos. Ele segurava um copo em sua mão, que levava aos lábios.
A fêmea ficou alguns segundos o observando, até que subitamente o rosto do macho se voltou para ela, e por um breve instante, seus olhares se cruzaram. Gracie imediatamente saiu de seu campo de visão, e caminhou de volta pelo corredor, a passos largos, mas a voz do macho a fez parar.
— Gracie! — ele a chamou.
A loba engoliu em seco, e se virou lentamente.
O macho a sua frente estava olhando-a fixamente.
Suas sobrancelhas espessas estavam franzidas, seus ombros largos estavam nus e ela teve que se controlar para não olhar para o restante dele, tentando manter seu olhar em seu rosto, infelizmente, o rosto de Henry beirava a perfeição.
Seus olhos verdes cintilantes eram mais brilhantes que estrelas, ou ao menos costumavam ser. Agora, traziam sempre uma sombra.
— Algum problema com o seu quarto, Gracie? — ele perguntou.
Ela engoliu em seco, e levou alguns segundos para encontrar as palavras.
— Não gosto de não ter a chave do meu próprio quarto.
Henry franziu o cenho, e disse:
— Não precisa de chave, ninguém entraria em seu quarto aqui na fortaleza.
Ela desdenhou.
— Não sei se acredito muito nisso, um servo talvez não.
Henry sorriu ao entender a insinuação dela.
— Deseja uma chave para se prevenir de mim. — disse ele, parecendo achar graça naquilo. — Você sempre me surpreende.
Ela levantou o queixo, sem vacilar.
— Vai me dar a chave ou não? — pressionou.
Ele sorriu mais uma vez, um sorriso que fez o coração dela bater mais forte, como uma tola.
— Darei. — respondeu ele, e foi até a sala onde estava e retornou um com um castiçal com algumas velas, em seguida começou a caminhar em outra direção.
Gracie o seguiu, tendo que apertar o passo para acompanhá-lo.
Eles caminharam em silencio pelos corredores de pedra, até que Henry virou à esquerda e eles desceram por uma escada, seguindo por um corredor mal iluminado.
Finalmente chegaram a uma porta de madeira escura, era um cômodo pequeno e mergulhado na escuridão.
A única luz vinha das velas que Henry segurava, ele caminhou pelo cômodo até uma parede, onde ela podia ver que havia diversas chaves, com numerações.
Ele pegou uma pequena de ferro, e entregou a ela.
Seus olhos verdes estavam brilhando na luz das velas.
— Eu quero as cópias. — disse ela.
Ele não riu como ela esperou que fizesse, ao invés disso, Henry deixou o castiçal em cima de uma mesinha, e diminuiu a distância entre eles.
— Acredita que uma chave poderia me impedir de entrar em seu quarto se eu realmente quisesse? — indagou ele, em uma voz profunda.
Seu olhar estava ardendo, ela percebeu.
Havia tanto ali.
— Poderia não impedir, mas eu o ouviria chegar.
— Não querida, não ouviria. — rebateu ele, com convicção.
Ela sentiu que o ar estava sendo puxado de seus pulmões.
"Como ele podia falar aquelas coisas?"
Ele a encarava agora, e seu olhar era tão intenso que ela percebeu que estava sozinha com ele, naquele cômodo minúsculo, no escuro.
— Está com medo de mim? — perguntou Henry.
Ela respirou pesadamente.
— Com o tempo, aprendemos a ter cautela com os machos. — disse ela, e acrescentou. — Vou confiar que não há outra chave dessa.
Ela se virou para voltar, mas Henry a segurou pela mão e a puxou de volta ao lugar.
— Se eu decidisse entrar em seu quarto, o que faria?
Ela ponderou sobre sua pergunta, então respondeu:
— Não facilitaria para você.
Isso o fez o sorrir por um breve momento, então uma sombra se instalou em seus olhos.
— Você parece ter experiência nisso. —Murmurou ele.
Sem pestanejar, ela respondeu.
— É porque eu tenho.
Ela não esperou para ver a reação dele, apenas saiu sem olhar para trás, segurando a chave contra o coração.
Ela achou que ouviu coisas se quebrando atrás dela, mas não diminuiu o passo.
Nota:
Espero que estejam gostando, deixem seus comentários.
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A redenção do Alfa. Ilha do corvo.
Mystery / ThrillerGracie Windsor viveu um casamento infeliz por muitos anos. Ela foi abandonada pelo seu grande amor, Henry Taylor. Ela o esperou até o último minuto, mas Henry não apareceu, e a loba foi obrigada a se tornar a companheira de Damian Callum. Quando ele...