Capítulo 7 Sua fêmea?

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Gracie sorriu falsamente para a fêmea a sua frente.

Margareth Relish a olhava com um sorriso radiante em seu rosto, como se conhecê-la fosse um enorme prazer. Contudo, Gracie podia ver claramente o brilho assassino em seus olhos brilhantes.

Ela via como a loba olhava possessiva para Henry, e isso a incomodou mais do que ela gostaria de admitir.

"Ele não é meu" ela se forçou a se lembrar.

Henry engoliu em seco ao seu lado, e sem alternativas, concordou.

— Está bem, querida.

Margareth sorriu ainda mais, e disse:

— Gracie, porque não deixamos os machos tratarem de seus assuntos e vamos caminhar pelo pátio?

Gracie apertou os lábios.

Não fazia nem quinze minutos que conhecia Margareth, mas já sabia que não seriam boas amigas. Ela via a máscara sorridente que a outra usava, e de maneira alguma queria ficar passeando com ela.

Mas seria muito indelicado recusar, portanto, ela respondeu:

— Claro.

As duas fêmeas saíram da sala de braços dados, sobre o olhar intenso de Henry, quando a porta se fechou, Relish disse:

— Ela não irá fugir meu senhor, pode parar de encarar a porta assim.

Henry desviou o olhar para Relish, e respondeu:

— Vamos tratar de negócios.

Enquanto isso, Gracie se perguntou porque a loba estava segurando seu braço de forma tão grudenta.

Os passos das duas ecoava pelos corredores, e em certo momento, Gracie percebeu que não era ela a guiar o passeio, e sim a loba ao seu lado.

" Ela apenas quer me mostrar que conhece a fortaleza" pensou Gracie.

Margareth mantinha uma conversa amigável e superficial, que consistia em falar sobre os vinhos e a comida que seria servida em seu aniversário.

Gracie já estava farta.

A loba continuava a guiar o passeio, até que chegaram a um pequeno jardim com alguns frutos e uma árvore grande e antiga.

Gracie ficou muito atraída pela árvore, e soltou o braço de Margareth para olhar mais de perto.

— É muito bela, não? — disse a fêmea atrás dela.

A árvore era realmente muito bela, suas folhas eram verdes e havia algumas flores azuis que cintilava com a luz do sol.

Era uma verdadeira visão, pensou.

Mas quando chegou ainda mais perto, notou outra coisa.

Havia duas iniciais gravadas na árvore, "D" e "T".

Ela observou enquanto passava os dedos por cima.

— Essa árvore foi plantada por Henry e seu irmão mais novo, Derek. Foi em comemoração a primeira transformação do falecido Derek Taylor. — A voz de Margareth soou atrás dela.

Gracie a olhou, e não conseguiu esconder sua surpresa.

Ela não conhecia bem Derek, mas sabia de sua história e morte na batalga pelo vale há quinze anos.

Ela imaginou que foi por ele que Henry não tentou impedir seu casamento, se é que ele desejou impedir.

— Você não sabia disso?

A pergunta astuta de Margareth não passou despercebida por Gracie.

— Sabia.— respondeu.

Nesse momento, Margareth sorriu friamente.

Ela havia mentido sobre toda a história, Henry que plantou a arvore para sua mãe, e Derek gravou seu nome para provocar Henry, que havia ordenado que ninguém tocasse na árvore de sua mãe.

" Ele não deve estar apaixonado por ela, então porque se casar com uma fêmea que nem nome tem?"

Mais tarde, Gracie e Henry observaram a carruagem passar pelos portões da fortaleza.

Assim que saiu de vista, Henry subiu os degraus da entrada em direção ao interior do castelo.

Henry disparou atrás dela, e a segurou pelo braço no salão de entrada.

Gracie não reagiu nada bem ao ser puxada para trás daquela maneira.

Ela se virou revoltada e esbravejou:

— Me solte seu bruto!

Mas Henry não a soltou, ao invés disso a arrastou pelas escadas até uma pequena parcialmente iluminada por algumas velas.

Chegando lá, ele trancou a porta e a soltou.

— O que pensa que está fazendo! — ela exclamou.

Henry respirou fundo, e se voltou para ela.

Em uma voz profunda, ele disse:

— Vamos conversar.

Gracie bufou e cruzou os braços.

— Você poderia ter dito, ao invés de me arrastar como um louco até aqui.

— Você não parecia muito disposta a conversar, na verdade parecia que estava fugindo de mim e do que fez. — retorquiu ele.

Ela abriu a boca indignada.

— Eu fiz? Quem foi que disse que estamos noivos?

Henry caminhou até a pequena mesa em um canto e se serviu de uma bebida forte.

Então o macho se virou para loba que o encarava do centro da sala.

— Eu disse isso para protegê-la, já que prontamente revelou a um dos maiores clãs do Vale que está aqui.

— Eles poderiam pensar que eu era apenas uma meretriz.

— Eu não queria que pensassem isso!

Ela o olhou, imaginando como ele poderia parecer tão gentil as vezes, quando ele acrescentou.

— Uma meretriz com sua aparência iria atrair muita atenção. Além do mais, todos sabem que eu não fico com meretrizes.

" É claro" pensou ela.

— Mas você aceitou ir a um aniversário onde estará muitas pessoas importantes, mesmo sabendo que deve estar escondida. Por mais que muitos anos tenham se passado, você acha que o clã Callum não tem espiões por toda a Ilha, inclusive aqui no Vale? Todos atrás de você.

"Como ele pode ser tão dramático e duro em uma situação em que ele mesmo me colocou?"

— Eu entendi. O que faremos?

Henry apertou os lábios e coçou o queixo como se estivesse pensando.

Em seguida, continuou tomando sua bebida, ele calmamente caminhou até uma poltrona e se sentou de costas para ela.

Gracie ficou esperando a resposta dele.

Quando o silêncio dele persistiu, ela caminhou até ele e parou a sua frente.

— Você não ouviu a minha pergunta? — questionou ela, com as mãos na cintura.

Ele terminou sua bebida e levantou o olhar verde vibrante para ela:

— Não é óbvio, Gracie?

— Não Henry, não é óbvio.

— Terá que ser minha fêmea agora. 

A redenção do Alfa. Ilha do corvo.Onde histórias criam vida. Descubra agora