Capítulo 4 - Chocolate de baunilha

79 11 14
                                    

ㅡ Como foi na escola meu amor?

ㅡ Foi normal como sempre, conheci alguns professores novos, e só isso.

ㅡ Ainda está andando com aquela pobretona? ㅡ Meu pai se referia a Minnie, minha garganta coçou para corrigi-lo, meu pai não gostava de Minnie só por ela ser classe média, lembro me do dia em que ela veio aqui, meu progenitor a olhou de cima abaixo e quando ela foi embora pediu as empregadas que passassem algo no ambiente para tirar o cheiro do perfume dela, ele dizia que cheirava a desinfetante.

Mas oque eu posso fazer? ele é o meu pai, tenho só que agradecer não ser como ele, Naquele dia me senti envergonhada, sei que Minie percebeu a forma com que ele a olhava com desprezo, dos pés a cabeça, o seu uniforme um pouco desbotado, o couro de seu sapatenis sujo e cheio de marcas, depois que ela saiu ele conferiu cada prataria, cada vaso, mini estátuas e outras coisas de valor.

ㅡ Não pai, eu não ando mais com ela ㅡ As vezes o meu pai tira todo apetite com os comentários racistas e homofóbicos, não existe a palavra "pobrefóbico" mas se passar a existir o meu pai e isso.

ㅡ Bom saber, espero que faça amigos como você e se for namorar me apresente.

ㅡ Tenho permissão para namorar?

ㅡ Oras você já vai fazer 18 anos, e claro que tem! Desde que seja um rapaz da igreja e de família boa ㅡ "Boa" seria rico, meu pai jamais aceitaria um marginal ou até um pobre, e pasmem, as pessoas lá fora, são muito melhores do que as do meu círculo social, todos ricos e metidos, parece que não nasci para isso, antes de ir para a escola de carro eu mesma pilotava o meu, mas meu pai me proibiu a descobrir que eu ficava de conversa afiada na frente da escola com alguns adolescentes do curso de desenho.

Eram jovens artistas de baixa renda, meninas e meninos sonhadores, alguns estavam iniciando a carreira como trapper, outros montando bandas, fazendo estágios para pagar uma faculdade ou até mesmo o curso de desenho, outros praticavam Street dance ou dançavam Kpop na rua, uma menina fazia papéis pequenos em peças de teatro torcendo para que um grande olheiro lançasse ela para Hollywood, me lembro de todos eles, Karina queria ser escritora e por isso fazia o curso de desenho para desenhar sua a própria capa do livro é os desenhos das páginas, Scott era o trapper, o moreno queria ir para NY, era lá a maior concentração de trappers, em específico no Brooklyn. ele era excelente, seu apelido nos subúrbios de Londres e N2PAC, O "N" na frente para representar "New" ou melhor "Novo"

Eu adorava esse grupo, adorava todos eles e até tinha uma queda por Scott, que logo passou quando nunca mais o vi, mas o mais triste daquilo tudo é saber que a cidade e cruel é os impresarios mais ainda, metade deles não vão vencer mas meu lado emocional fielmente tentava acreditar que sim.

O sistema não deixa os pobres serem artistas, e raro você conseguir,  você acaba desistindo ou deixando de lado, os matérias são caros e eles pagam pouco, não dão valor, cedo ou tarde você vai arrumar um trabalho que vai tomar todo o seu tempo, até você ficar submissa naquilo e desistir dos seus sonhos, por que é só trabalho e que você vê que o mundo não é mágico, o cansaço faz a gente desistir.

Mas espero que o conforto invada o coração deles, por que morrer com sonhos, desejos instalados no coração deve ser horrível, sei que nunca vou estar no lugar deles, mas so de ter o sentimento de ser que eu sou reprimida dentro de mim por não querer decepcionar os meus pais já é alguma coisa, não é igual, mas é parecido.

ㅡ Como foi no trabalho? ㅡ Tentei descontrair os meus pensamentos perguntando alguma coisa aleatória, eu me perdia tanto na minha mente, que o tempo passava e eu não percebia, meus pais já estavam na sobremesa e o meu prato estava cheio e revirado.

𝐑𝐎𝐘𝐀𝐋 𝐀𝐍𝐃 𝐑𝐄𝐁𝐄𝐋; PARK JIMINOnde histórias criam vida. Descubra agora