Capítulo 8: A busca pela ressurreição (parte 02).

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Ela recita o feitiço de ressurreição, com voz firme e clara:

“Ó, forças das trevas, ouçam o meu clamor.
Eu vos ofereço a minha dor, o meu amor, o meu ardor
Eu vos peço a minha graça, o meu desejo, o meu milagre
Eu vos invoco a minha vontade, o meu poder, o meu destino
Trazam-me de volta aquele que se foi
Ressuscitem aquele que eu amei
Devolvam-me aquele que eu perdi”

Ela sente uma onda de energia negra percorrer o seu corpo, e a sua mente, vê uma luz vermelha brilhar na vela negra, e no fio de cabelo do Leo. Ela ouve um som de trovão ecoar na caverna, e no seu coração, espera, ansiosa, pelo resultado do feitiço. Ela espera, esperançosa, pelo retorno do Leo.

Mas nada acontece.

Ela olha para a vela negra, e vê que ela se apagou, olha para o fio de cabelo do Leo, e vê que ele se queimou, olha para a sua mão esquerda, e vê que ela está sangrando, olha para o altar de pedra, e vê que ele está vazio.
Ela não entende, não acredita, não aceita.

Ela grita, com raiva e desespero:
“Não! Não pode ser! Não pode falhar! O feitiço tem que funcionar! O Leo tem que voltar! Ele tem que voltar!”
Ela pega o livro antigo e proibido, e folheia as páginas freneticamente, procura por uma explicação, por uma solução, por uma salvação. Ela encontra uma nota escrita à mão, no final do livro. Lê a nota, com horror e choque:
“Este feitiço é uma farsa. Ele não funciona. Ele nunca funcionou. Ele só serve para enganar os tolos e os fracos, só serve para alimentar as trevas e o mal. Ele só serve para roubar a vida e a alma.

Eu sei disso porque eu tentei usá-lo. Eu tentei trazer de volta a minha amada. Eu tentei desafiar a morte. Eu tentei mudar o destino.
Mas eu falhei.
Não desafiem o destino.”
Diz o professor ao chegar na caverna.
Ela larga o livro, e cai no chão. Ela chora, com dor e arrependimento, se dá conta do seu erro, do seu fracasso. Ela se dá conta do seu destino.

Ela vê o professor parado na frente dela. Ele olha para ela, com pena e tristeza. Ele diz:
“Mia, eu sinto muito. Eu sinto muito pelo Leo, eu sinto muito pelo que você fez e eu sinto muito pelo que você perdeu.”
Ele se aproxima dela, e estende a mão direita e  diz:
“Venha comigo, Mia. Venha comigo para a escola.”
Ela olha para ele, com medo e vergonha e  diz:
“Professor, eu não posso ir com você. Eu não posso voltar para a escola.”
Ela mostra a sua mão esquerda, e diz:
“Eu usei a magia negra. Eu fiz um sacrifício. Eu vendi a minha alma.”

Ele olha para a sua mão esquerda, e vê que ela está marcada com um símbolo negro: um pentagrama invertido cercado por um círculo de fogo.
Ele fica horrorizado, e diz:
“Mia, o que você fez? O que você fez consigo mesma?”

Ela abaixa a cabeça, e diz:
“Eu fiz o que eu achei que era certo, fiz o que eu achei que era possível, o que eu achei que era amor.”
Ela olha para ele, com lágrimas nos olhos, e diz:
“Mas eu estava errada. Eu estava errada sobre o Leo, estava errada sobre mim mesma. Eu não mereço o seu perdão, não mereço a sua compaixão. Eu não mereço a sua ajuda.”

Deixe-me aqui, professor. Deixe-me aqui na caverna, aqui nas trevas.”
Ela se encolhe no chão, e abraça o seu corpo, fecha os olhos, e adormece.

Continua ....

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