Cha Young permaneceu incrédula no sofá, sem se mover, sem respirar, não era a intenção dela dizer aquelas palavras.
Ela só estava preocupada, incrivelmente preocupada, talvez ele nunca soubesse o quanto, talvez ele nunca soubesse o quanto ele significava para ela, mesmo mal se conhecendo.
Eles não eram propriamente íntimos mas ao mesmo tempo parecia tão natural estar do seu lado.
Mais uma vez Cha Young estragou tudo, ela só queria demonstrar preocupação mas a sua impulsividade fez tudo sair completamente o oposto do planejado.
Seus olhos começaram a arder, querendo chorar e ela mordeu os lábios para impedir que isso acontecesse.
...
Estava quase amanhecendo, ainda não havia vestígios do sol ou mesmo raios de sol mas o céu não era tão escuro como antes, também não era mais possível ver as estrelas brilhantes.
O único som era o chilrear dos passarinhos que já estavam acordados, prontos para voar dos seus ninhos e começar o dia. Coisa que a advogada não estava pronta para fazer.
Ela não havia conseguido dormir nada. Seus olhos estavam inchados de chorar a noite toda, suas olheiras eram enormes e bastante visíveis, sua cabeça doía também.
Cha Young estava miserável, na verdade ela se sentia miserável.
Ela levantou do sofá, estremecendo quando seus pés tocaram o chão frio. Cha Young se dirigiu ao armário dos copos e retirou um para beber um pouco de água e talvez tomar um remédio para a dor de cabeça, porque ela definitivamente precisava de um.
O problema é que Cha Young era bastante desastrada na maioria das vezes e para a infelicidade dela, essa era uma vezes. O copo escorregou da sua mão e caiu no chão antes que ela o conseguisse pegar.
Claro que como era bastante cedo e final de semana, um simples copo quebrando fez um barulho gigante capaz de acordar o prédio inteiro.
Cha Young se xingou mentalmente rezando para que Vincenzo não acordasse, o que obviamente não acontece porque no minuto seguinte ele abriu a porta do quarto.
E se Cha Young achava que parecia miserável, ele estava vinte vezes pior que ela.
"Você está bem?" ele questionou com sua voz falha de quem acabara de acordar.
"Sim, me desculpe, eu vou limpar." ela agachou começando a juntar os cacos de vidro e Vincenzo se moveu para a ajudar.
Depois de juntar os pedacinhos pequenos, Cha Young pegou num pedaço maior e ponta cortou o seu dedo, a fazendo largar o vidro imediatamente e sibilar de dor.
"Ai." ela disse soprando o corte enquanto escorria sangue.
"Me deixe ver." Vincenzo disse desviando toda a sua atenção para ela.
"É só um pequeno corte."
Apesar da resposta Vincenzo puxou a mão dela para ele cuidadosamente, analisando o corte.
Cha Young estremeceu com o movimento, a sua mão estava quente envolvida na dela, a sua pele era suave e Cha Young sentia arrepios cada vez que as pontas dos dedos dele tocavam na mão dela.
Cuidadosamente ele soltou a mão dela e se dirigiu ao banheiro para pegar algumas coisas para fazer um curativo.
Cha Young permaneceu imóvel no chão da cozinha, esquecendo completamente da dor no seu dedo.
Vincenzo voltou com algumas coisas para limpar o corte dela e Cha Young ansiava pelo toque na mão dele novamente.
Ele limpou o corte gentilmente, suas mãos eram tão suaves e leves que Cha Young nem sentiu, ocasionalmente ele soprava no corte para ela não sentir dor.
Vincenzo estava completamente absorvido fazendo o curativo e a advogada estava com o olhar fixado nele, reparando em cada detalhe do rosto dele.
Ele terminou o curativo levantando o olhar para encontrar o dela, seus olhos estavam brilhantes e suaves, Cha Young podia jurar que o seu coração tinha pulado uma batida.
Vincenzo não parecia estar mais com raiva e isso a acalmou.
"Me desculpe." ela disse tentando não quebrar o contacto visual.
"Tudo bem, é só um copo." ele devolveu um sorriso sincero.
"Não era por isso." ela respondeu sentindo sua voz sumir.
Vincenzo franziu a testa mas logo relaxou ao perceber que ela estava se referindo à briga de mais cedo.
"Eu peço desculpa também, não deveria ter falado daquela maneira com você."
Seus olhos se reencontraram novamente, o olhar dele sobre ela era tão suave que a advogada teve vontade de chorar.
"Eu estava... preocupada...com você."
"Comigo?" ele questinou duvidando.
"Claro." ela respondeu um pouco ofendida por ele não acreditar.
"Porquê?"
"Porque..eu não sei..eu estava preocupada.. pensando se você estava ferido,sozinho ou morto..." ela disse a última parte com a voz quase sumindo.
Sua cabeça estava uma bagunça completa de pensamentos e ela não sabia por onde começar.
"Você se importa comigo?" seus olhos estavam arregalados em descrença.
"Hm..mais do que você pensa." ela respondeu sentindo uma lágrima rolar pelo seu rosto.
Vincenzo esticou o braço, alcançado o rosto dela e limpando suavemente a lágrima com o polegar,demorando, para sentir a pele suave dela um pouco mais.
"Menina Hong,vilões não merecem amar." ele disse soltando um suspiro.
"Você não é um."
Ele soltou um pequeno riso de nervosismo.
"Eu sou, menina Hong você não tem ideia das coisas que eu já fiz, você não me conhece." ele retirou a mão do rosto de Cha Young, mas ela segurou a mão dele no meio das suas.
"Eu conheço o suficiente para..." sua boca travou antes que ela pudesse completar o resto da frase, deixando as palavras morrerem na garganta, ela queria dizer que conhecia o suficiente para gostar dele, mas era cedo demais para o admitir e talvez seus sentimentos não eram recíprocos.
Antes que pudesse pensar em mais alguma coisa ou tentar formular uma frase, Vincenzo se aproximou e a beijou.
Seus lábios se chocaram contra os deles, atordoada a advogada não teve tempo de fechar os olhos. Suas bocas se encaixavam perfeitamente como suas peças de um puzzle, seus lábios era macios e o seu hálito era fresco, Cha Young sentiu calor irradiar por todo o seu corpo.
Beijar Vincenzo Cassano era como estar nas nuvens.
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Butterfly Effect
Romantik(Versão em português, CONCLUIDA) "O bater de asas de uma simples borboleta pode influenciar o curso natural das coisas e provocar um tufão do outro lado do mundo." A vida de Cha Young tinha começado muito antes do bater das asas de uma borboleta, ma...