Capítulo 10 - Palavras não ditas

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Cha Young sentia seu coração martelando na sua garganta, atravessando o plaza praticamente
correndo o máximo que conseguia com seus saltos, demasiado absorvida nos seus pensamentos para conseguir escutar o que Han Seok dizia atrás dela.

Seu único pensamento era o pai.
Claro que ela abriu a porta do Japuragi com um Han Seok sem folêgo do lado, sem se preocupar em bater ou com o que eles estavam fazendo.

“O que…” Yu Chan abriu a boca para começar a falar, deixando a pergunta no ar ao ver a filha levantar a mão fazendo sinal para ele esperar.

“Abeoji, você precisa sair daqui agora.” ela respondeu com sua respiração ofegante.

Vincenzo a olhava com cautela.

“O que você está dizendo Cha Young?” ele questionou alterando seu tom de voz.

“A prefeitura vai demolir o edifico ainda hoje.”

“E como você sabe disso?” Yu Chan se levantou da cadeira onde estava sentando e caminhou até ela enquanto Vincenzo seguia seus passos com o olhar.

“O Sr. Han tem vários contatos na prefeitura.” Cha Young respondeu tentando soar o mais calmamente possível, sem entender porque seu pai parecia tão relaxado.

“É verdade Sr. Hong, eu mesmo confirmei.” Han Seok afirmou intervindo na conversa, a qual
ele definitivamente não havia sido chamado.

“Cha Young.” Ele suspirou. “Por mais que eu agradeça a preocupação, não precisamos da sua ajuda ou da Wusang".

“Abeoji você não pode ficar aqui, é perigoso…”

"Eles não vão começar pela área residencial, não até que todos os moradores tenham saído.”
Vincenzo interrompeu a conversa.

“Abeoji.” Cha Young ignorou Vincenzo o xingando mentalmente por apoiar o pai numa decisão tão idiota como essa.

“Você não pode continuar aqui, você vai mesmo arriscar a sua vida por
causa desse prédio?”

“Não espero que você entenda Cha Young, você mudou desde que começou a trabalhar para a Wusang.”

Cha Young franziu a testa, o que ele queria dizer com isso?

“ Abeoji você está sendo irresponsável.” Ela argumentou cruzando os braços.

“Prefiro ser irresponsável e lutar para proteger estas pessoas inocentes.”

“Como você pode pensar assim?” ela apenas estava tentando dizer que não podia perder o pai também mas logo esse pensamento morreu na sua boca.

Nesse ponto o tom de voz dos dois estava alto o suficiente para os restantes ali presentes levarem isso como uma deixa para saírem da firma, menos que Vincenzo que estava completamente absorvido na briga.

“Eu ajudo as pessoas que realmente precisam ao contrário de você que trabalha para uma empresa corrupta que luta pelo interesse de quem tem dinheiro.”

Do lado de fora da janela do japuragi, o Sr. Nam e Han Seok aguardavam ansiosamente que a briga acabasse.

O Sr. Nam abriu um pouco a janela, o suficiente para enxergar o rosto de
Vincenzo. Ele tentou várias vezes fazer sinais com as mãos para que o italiano saísse dali o mais rapidamente possível.

Para a felicidade do Sr. Nam, Vincenzo entendeu a dica rapidamente e se levantou para sair, o que foi sem o menor sucesso já que Cha Young se atravessou na frente dele, enquanto caminhava para a frente e para trás furiosamente.

“Você acha isso que eu faço isso porque eu quero?” ela questionou sentindo apenas raiva naquele momento. “Eu o faço para trabalhar, para ganhar dinheiro para viver.”

“Claro que isso é sobre dinheiro, é a única coisa em que você pensa.” ele riu ironicamente.

“Você não tem esse direito, você sabe de todas as dificuldades que a gente passou.” Cha Young respondeu sentindo a garganta queimar e as lágrimas querendo cair.

“Eu tenho esse direito porque fui eu que trabalhei horas extras e arrumei dois empregos para que nunca faltasse nada para você.” Ele suspirou passando os dedos entre os cabelos agressivamente.

“Você pode ajudar todas as pessoas do mundo, mas eu nunca vou te perdoar por não ter ajudado a minha mãe e ter deixado ela morrer.” Cha Young cravou a unhas nos braços fortemente para impedir as lágrimas de cair, ela saiu sem esperar uma resposta do pai.

Ela só precisava sair dali.

Pela primeira vez Vincenzo havia visto um lado dela que ele não conhecia. Talvez o suficiente para mudar completamente a opinião que ele tinha sobre a advogada.

Para ele,ela era apenas uma advogada corrupta e completamente mimada, talvez um pouco exagerada e definitivamente com bastante energia. Ela era apenas uma conhecida que ele não pretendia ser íntimo ou mais próximo, se ela nunca revelasse o segredo dele,eles nunca precisariam conversar ou mesmo se ver.

Mas depois de escutar a briga entre pai e filha, ele percebeu que muitas das atitudes da advogada eram facilmente explicadas

Ele definitivamente havia ficado intrigado com a história da morte da mãe dela.

Vincenzo abanou a cabeça voltando a sua atenção ao Sr. Hong que apesar de parecer distraído já havia voltado ao trabalho.

Essa mulher não tinha o direito de ser a dona dos seus pensamentos,ela não significava nada para ele.

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