Capítulo 22 - Verdades

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"Entender o quê?"

"Porquê você continua fazendo isso? Me trata bem e no segundo seguinte me afasta." Ela afirmou gesticulando com as mãos.

“Menina Hong, eu…” sua voz travou, ele não sabia nem por onde começar, havia tanta coisa para explicar, os pensamentos corriam desperadamente dentro da cabeça dele.

Cha Young fez um sinal para impedir que ele continuasse. “Eu desisto ok? Se você não pode se explicar então eu desisto.”

Vincenzo franziu a testa confuso. “Do que?” ele questionou.

“De você, de nós, do que quer que isso seja.”

A advogada rapidamente agarrou no seu casaco, bolsa e sapatos e se preparou para sair dali o mais rápido possível, sem encontrar os olhos dele.

Vincenzo inspirou, sentindo uma onde de coragem percorrer o seu corpo, ele sabia bem que o arrependimento era das piores sensações, ele mesmo o havia dito á menina Hong, então se ele a iria perder, pelo menos ele não se arrependeria de não ter contando toda a verdade.

“Cha Young espere.” Ele se moveu para segurar o seu braço antes que ela se dirigisse para a porta.

Cha Young se moveu em seus calcanhares incrédula, ainda com a visão embaçada por causa das lágrimas, mas sem acreditar que ele a havia chamado pelo primeiro nome, Vincenzo era um cavalheiro, um homem de princípios, desde que se conheceram ele nunca o havia feito, ou pelo menos pensava ela.

“Você quer saber porquê? Você quer saber tudo?” ele questionou e ela rapidamente assentiu com a cabeça.

“Muito bem, eu vou contar tudo desde o início.” Ele inspirou e expirou rapidamente reunindo a coragem que ele havia sentindo antes, que agora, parecia ter sumido cada vez que Vincenzo olhava nos olhos dela.

“Minha mãe me deixou no orfanato quando eu tinha 8 anos, ela prometeu que voltaria para me buscar, mas não voltou.” Vincenzo parou durante alguns segundos antes de continuar, sentindo a garganta seca e os olhos arderem. “Não vivíamos mal, do que eu lembro, minha mãe não tinha muito dinheiro, mas não era ruim, ela era carinhosa e eu era feliz, pelo menos eu lembro das risadas dela e dos abraços.” Dessa vez foi Cha Young que sentiu vontade de chorar, seu coração apertou ao escutar aquilo e ela só queria puxá-lo para um abraço, esquecendo completamente da raiva que sentiu alguns minutos antes. “O dinheiro não compra felicidade e disso eu tenho certeza, mas agora eu sei porque ela não voltou, ela não podia.” Ele tossiu limpando a garganta. “Minha mãe é uma das suas clientes, a senhora Oh.” Ele afirmou, olhando diretamente para ela, esperando uma reação de surpresa, espanto ou até mesmo mágoa por nunca ter contando, mas nada disso aconteceu, as feições de Cha Young não se alteraram, ela continuava olhando para ele com olhos gentis e compreensivos, expressando pena com algumas lágrimas caindo ocasionalmente.

“Eu já sabia.” Cha Young respondeu e foi a vez de Vincenzo ficar supreso.

“O que? Mas como?”

“Eu juntei as peças.” Ela disse fungando. “Você presente em todos os julgamentos, a sua reação de raiva quando a senhora Oh foi condenada, apenas um filho sentiria tanta frustração naquele momento, ela também me contou sobre o filho, o ano coincidia com o ano em que você foi para a Itália.” Vincenzo escutou tudo atentamente, assentindo a cada informação, não conseguindo evitar a sensação de orgulho por ela ser tão inteligente. “Me desculpe não ter falado nada antes, achei que era um assunto delicado.”

“Está tudo bem menina Hong.” Ele esboçou um pequeno sorriso e apertou levemente o braço dela que não havia soltado desde o início da conversa, Cha Young tentou sorrir de volta, mas não conseguiu evitar a sensação na boca do seu estômago quando ele não se referiu a ela pelo primeiro nome novamente.

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