• A silhueta de uma garota diferente

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— Você entendeu? - Mawé pergunta à Anahí enquanto as duas nadam rapidamente aos pontos dos rios aos quais foram designadas a fazer patrulha naquela manhã.

— O que? - a amiga pergunta confusa.

— Ahh... - ela resmunga - entendeu o que devemos fazer caso...

— Por Iara! - a outra jovem a interrompe - Sabe que eu sei disso Mawé, não sou idiota, falamos apenas nisso a manhã inteira!

— Já que sabe tanto. Então me fale o que deve ser feito.

— Sério?

— Sim, me explique. Preciso saber se você entendeu.

Anahí suspira fundo, ignorando o estresse que era pessoa que mais a cobrava era sua melhor amiga - Se eu ver alguém indo em direção à casa devo impedir. Não é tão complicado quanto você faz parecer, dramática.

— Desculpa, mas isso é muito importante para mim e ... espera - Mawé para e olha em torno do local como se estivesse conferindo ou procurando algo.

— Deixe-me adivinhar, é aqui?

— É, é aqui que eu fico. Mas vou te acompanhar até o seu ponto, só para ter certeza.

Durante o percurso até o ponto de Anahí, Mawé não parou de falar nem por um segundo, infelizmente para Anahí sobre assuntos os quais julgava extremamente desinteressantes.

De repente, não muito longe do destino. Anahí ouviu uma voz. Uma voz como a qual nunca tinha ouvido antes. Uma voz que lhe despertou instantânea e imensa curiosidade.

— Mawé, você ouviu isso? — ela pergunta depois de parar de nadar para poder prestar mais atenção, mas a amiga já havia seguido em frente, presa em uma conversa consigo mesma.

Anahí, cada vez mais curiosa olhou ao redor, procurando de onde vinha a voz. Mas apenas ao olhar para cima, viu borrada pela água, a silhueta de alguém percorrendo a margem do rio.

Intrigada, e segura de que se algo problemático acontecesse ela controlaria a situação, a jovem sereia chega a conclusão (baseada em nada) de que dar uma pequena espiada não faria mal a ninguém; então ela nada silenciosamente para cima, permanecendo submersa dos olhos para baixo.

E ali, bem em sua frente, estava saltitando pela beira do rio, uma garota diferente de todas as que já havia visto. Ela tinha cabelos cacheados e dourados não muito longos, que refletiam a luz do Sol; uma pele extremamente clara, com bochechas e lábios rosados. Seu cabelo estava preso de uma forma que Anahí não julgou ser tão estranha quanto as roupas bufantes que vestia.

A garota cantarolava incessantemente enquanto observava a água corrente com atenção,  parecia estar procurando algo. À vista da sereia a garota era no mínimo muito bonita, entretanto, a beleza poderia estar apenas em seus olhos.

Anahí ficou ali parada, observando- a atentamente sem nem piscar por um tempo indefinido, segundos, que pareceram ter parado o tempo e se extendido para uma vida inteira. A jovem sentia que poderia a assistir para sempre.

Mas então, a loura para de cantarolar; ela olha ao redor, mais uma vez, procurando por alguém, até o momento em que seu olhar se cruza com o da morena no rio. A garota se assusta e fica imóvel encarando os olhos negros da sereia, que por sua vez, também não mexe um músculo estando a vista da bela garota de cabelos amarelados está focada nela.

E mais uma vez, o tempo parece se distorcer, efeito que é quebrado por um forte puxão na cauda de Anahí, que a afunda novamente por inteira na água.

— O que houve? Tem alguém aí? — um pouco desorientada, Anahí ouve a voz desesperada de Mawé.

— O que? — a irmã diz esfregando os olhos como se tivesse acabado de acordar — Ahm...Não... não tem ninguém.

— O que estava fazendo então? Pensei que estivesse focada no trabalho.

— Eu estou. Não estava fazendo nada de mais, só... você sabe... olhando.

— Olhando? — Mawé arqueia a sobrancelha e cruza os braços.

— Errr... Checando, sabe, só para termos certeza de que não tem ninguém por aqui, estávamos passando muito rápido e sem tomar nota desses outros lugares. E, quer saber de uma coisa, Mawé, você deveria voltar para o seu posto.

— Tudo bem, acho que te vejo depois então.

— Até mais...

No exato segundo em que Mawé sumiu de vista, Anahí se encontrou perplexa. " Por que eu menti?", "Estranho, pareceu tão... involuntário, nem tinha certeza do que estava falando", ela balançou a cabeça, na tentativa de esquecer esses pensamentos. Mas isso não a leva a lugar nenhum; agora já estava completamente sedenta de curiosidade para saber quem era a jovem terrestre que havia encontrado.

Mais uma vez, Anahí olha para cima e avista a silhueta da garota loura, porém, ainda embaixo d'água ela percebe que agora ela parece estar mais perto. Depois de olhar em volta para ter certeza de que Mawé a havia deixado sozinha, em outro movimento quase involuntário, ela nada lentamente até a superfície, cada vez mais mais se aproximando a imagem da garota.

ENTRE O CÉU E ÁGUAS ⚢Onde histórias criam vida. Descubra agora