No dia seguinte Anahí observava o reflexo do Sol sobre a água, entediada. Ela não conseguia tirar a garota do dia anterior de seus pensamentos. E ainda por cima, sentia que estava praticamente sendo obrigada pelas irmãs à ficar ali, naquele posto, parada, dia após dia, até segundas ordens, que provavelmente não vítima antes de menos de dez anos.
Grande parte dos motivos pelos quais ela havia ficado tão encantada pela loura eram em relação a ideia de que a jovem sereia não conhecia muito do mundo fora d'água. Ela não havia visto pessoas muitas vezes, na maioria das vezes apenas imaginava o que Aiyra, ou alguma outra irmã mais velha e experiente a contara. Anahí jamais teria esperado conhecer uma garota como Valentina, a quem, até onde ela sabia, nunca mais voltaria a ver
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Metade do dia se passara, ninguém aparecera, digo, passam animais terrestres, peixes, pássaros, mas nada de uma certa jovem de cabelos dourados, a qual Anahí não queria levantar muitas expectativas a respeito.
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Não demorava muito para o Sol se por, quando que quase cochilando, Anahí tem a atenção roubada por um canto familiar.
Ela nada rapidamente até a superfície da água e lá estava ela. Valentina vestia roupas não muito diferentes das que usará um dia antes, e seu cabelo estava ainda mais cacheado.
— Pensei que não fosse aparecer — Anahí pensa alto. Mesmo tendo gostado tanto pouco da jovem, ela estava curiosa, intrigada, e também, gostava da sensação de poder debochar da cara da garota. Ela achava estranho como havia chegado a todas estas conclusões depois de apenas uma única vez que se viram, mas como já foi dito antes, a jovem loira invadira a mente de Anahí sem deixar avisos.
Valentina olha para ela.
— Pensei que você não iria. — ela diz arrumando o cabelo — Sempre precisa que eu cante para você aparecer?— Talvez. Não deveria ficar muito tempo fora d'água, Aiyra brigaria comigo.
— Quem? Ah, esquece, eu vou descobrir.
— Vai é?
Valentina respira fundo. De repente seu olhar muda. Ela caminha até Anahí, que frente a testa condusa para a garota enquanto ela se aproxima da água e dela.
— Preciso que me conte. — ela se aproxima mais ainda. Anahí percebe remorso em sua fala, ela parece estar com dificuldade para dizer o que precisa, mas ainda, assim está ali— Quando eu e minha família viemos para cá me contaram sobre monstros aquáticos que me...matariam no exato momento em que me vissem. Mas o mais perto disso que vi foi... bom, você. E-Eu já deveria ter percebido — a loura desviou o olhar, que agora, vazio, parecia se concentrarem qualquer ponto fixo que visse — mentiram para mim sobre isso, mentiram para Isabel... e agora não sei sobre o que mais estão mentindo.
— Estou confusa. — Valentina volta o olhar para a morena — Aonde quer chegar? — disse Anahí tentando ser o mais cautelosa possível pois a garota parecia ter entrado em um monólogo complexo.
— Eu proponho um acordo. Você me conta as verdades sobre este lugar, eu vivo aqui agora.
— Acha que está em posição em que pode exigir um acordo sem cobranças garota de terra? Eu quero saber sobre o seu mundo, e o seu povo, afinal este território não é de vocês. É praticamente a mesma coisa que pediu para mim, nada mais justo.
— Eu concordo. Justo — Valentina estendo a mão para a garota no rio.
— O que está fazendo?
— É um aperto de mãos. As pessoas fazem isso para selar um acordo.
A sereia tira a mão de dentro d'água e a leva lentamente até a de Valentina, que a segura com firmeza selando o acordo entre as duas.
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ENTRE O CÉU E ÁGUAS ⚢
Ficção HistóricaEm meados de 1822, Anahí, uma jovem sereia indígena amazônica, preocupava-se internamente pois logo chegara o momento em que devera atrair sua primeira vítima às profundas águas do rio. Entretanto, suas irmãs e seu povo são surpreendidas com o a des...