Lentamente, Anahí ergue a cabeça para fora d'água e nada para traz, após surpresa, perceber a tal loura agachada na beira do rio com uma faca na mão direita. Ainda assim, a jovem sereia está curiosa de mais para ir embora, ainda mais agora que chamou a atenção da garota.
— Quem é você? - pergunta a loura.
Depois de se dar conta do provável grande problema em que se meteu, Anahí se questiona o que realmente estava querendo extrair desta situação, já não era a primeira vez que agiu por impulso, a diferença agora, é que estava sozinha.
Sem conseguir enxergar outra opção, Anahí usa a única tática de defesa que conseguiria utilizar naquela situação. Ela começa a cantar. Iara se tornara conhecida nas redondezas por magicamente encantar pescadores, fazendo-os voluntariamente se entregar a ela, e mesmo depois de décadas, suas descendentes continuaram herdando essa habilidade hipnótica que vem se intensificando cada vez mais através das gerações.
Anahí se aproxima lentamente da outra jovem; já ela, que até o momento se encontrava ofegante e ansiosa, se acalma e, como o esperado, passa a observar atenciosamente a sereia conforme chega mais perto dela. Quanto mais tempo Anahí cantava, mais forte sua doce voz ecoava nos pensamentos da vítima, entretanto, mais propícia ela própria ficava a se perder em seu próprio canto.
As mãos agora trêmulas da loura soltam a faca, que cai até chegar no fundo do rio. Os cantos de sua boca avermelhada se flexionam, ela sorri para a Filha de Iara. Agora, é a terrestre quem está se aproximando, mas não em direção ao rio, em direção à Anahí. A garota vinha chegando, cada vez mais rápido, mais e mais perto. Até que, assustada com o que estava fazendo Anahí tampa a própria boca com as mãos, acabando com a sonoridade que encantava a terrestre.
Acordando do transe, sem ter noção do que havia acabado de acontecer, a loura escorrega e cai no rio, bem em cima de Anahí.
Submersa junta a outra na água, Anahí observava a garota desacordada flutuando perto a ti. Seus cabelos e roupas se espalhavam pela água e brilhavam ao reflexo do Sol. A Filha de Iara tenta a pegar em meio aos movimentos que seus corpos fazendo depois do tombo, mas só finalmente alcança a mão da loura quando a mesma já havia afundado quase por completo. Ela a abraça fortemente e sem muito esforço a coloca novamente na margem do rio.
Anahí, com a terrestre ainda desacordada a chacoalha. A loura acorda tossindo e cuspindo a água que havia entrado em seu corpo. Encharcada, ela abre os olhos e se depara com Anahí parada a sua frente a encarando curiosa. Ela se assusta e se joga um pouco para trás, tomando distância da sereia e a encarando perplexa.
— Quem é você? — Anahí pergunta arqueando a sobrancelha.
— O que fez comigo? — ela olha para trás de Anahí e vê flutuando sobre a água uma longa cauda de peixe que acompanhava o corpo da morena — V-Você é um monstro! - ela diz, e novamente toma um pouco mais de distância da morena.
— Monstro? — Anahí cruza os braços— Palavra interessante. Todos do seu tipo falam isso quando conhecem alguém? E vestem essas roupas estranhas?
A garota encara a sereia ainda mais perplexa.
— Estranho... não era para você falar... o-ou eu te entender... — ela diz enquanto se senta ainda longe da água.— Noção esquisita. Mas deve ser diferente comigo, nós entendemos todo mundo.
Anahí olhou para os pássaros que passavam no céu. Eles piaram para ela, que sorriu em reposta à eles.
— Você entendeu o que eles disseram? — a garota loura pergunta enquanto a sereia encarava o céu sorridente.
— Você não? — ela lhe lançou um olhar debochando e a outra respondeu arregalando os olhos dando visão às íris azuis claras de seu olhar. — Não é difícil, se quiser eu te ensino — Anahí voltou a olhar para ela.
Naquele pequeno instante, a Filha de Iara se deixou reparar nos olhos da garota. Eram azuis, em um tom quase tão bruto e vivo quanto o do céu.
— Você tem nome? — a loura pergunta.
— O que te faz pensar que tem o direito de saber?
A terrestre se reaproximou da beira do rio.
— Me chamo Valentina — a Filha de Iara encarou a jovem a julgando por alguns segundos. Ela pareceu a estar falando sério.
— Anahí.
— Vocês tem nomes diferentes por aqui.
— Nós? — Anahí se assusta, seu principal trabalho estando ali era impedir que alguém chegasse perto de qualquer outra de suas irmãs, teria ela já falhado nesta tarefa?
— É. Vocês, dessas terras.
— Sinto em te informar, mas o único ser de terra que estou vendo no momento é você.
Valentina riu.
— Não, os povos desse Novo Mundo... vocês são tão ... diferentes. — desta vez foi ela quem lançou um olhar debochado para a jovem na água.— Você é diferente — diz Anahí se movimentando na água de um lado para I outro — Só não descobri se isso é bom ou ruim.
— Posso dizer o mesmo de você. Se pudesse diria que você é uma pessoa diferente, mas você nem é uma pessoa.
— Acho que não; mas não sou menos por conta disso. E se fosse você não me subestimava — Anahi a observa de cima a baixo — ou implicava comigo.
— Papai disse que os povos daqui não são tão inteligentes como nós.
— Que absurdo! — diz a sereia com raiva em suas palavras — Como você pode ser mais inteligente do que eu? Não sabe nem ouvir os animais direito.
— Não tome conclusões precipitadas — Valentina se aproximou em tom de ameaça.
— E você não tome conclusões erradas — Anahí foi ainda mais perto em um tom ainda mais ameaçador.
Agora as duas estava próximas, ambas se encarando com raiva e curiosidade uma pela outra. A tensão que aumentava foi quebrada por um grito aparentemente não muito longe dali.
— Valentina! — uma voz masculina ecoou pela mata chamando pela garota.
Sem real nescidade de se justificar Valentina se levantou em um movimento repentino.
— Tenho que ir — sua fala foi direcionada à Anahí, embora parecesse mais para ela mesma.E assim, a loura saiu correndo em direção à voz que a chamava, deixando Anahí sozinha, entretanto completamente intrigada por ela.
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ENTRE O CÉU E ÁGUAS ⚢
Tiểu thuyết Lịch sửEm meados de 1822, Anahí, uma jovem sereia indígena amazônica, preocupava-se internamente pois logo chegara o momento em que devera atrair sua primeira vítima às profundas águas do rio. Entretanto, suas irmãs e seu povo são surpreendidas com o a des...