• Homem Morto

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Anahí se afastou de Valentina até onde supôs que a loura não a conseguisse ver mais sob a água. Foi à frente, em direção ao ponto do rio ao qual foi designada para patrulhar, tarefa que em todos esse tempo nunca fizera direito até o momento.

Pela primeira vez Anahí estava a realizar este trabalho em específico no qual estava encarregada. Entretanto, ninguém apareceu, o que era bom, mas a jovem foi resiliente, e supreendentemente para ela mesma permaneceu focada na tarefa sem se permitir distrair por quaisquer pensamentos que pudessem surgir.

Não muito surpresa, ficou entediada facilmente e até voltou para casa mais cedo. Quando chegou no ponto de Mawé a amiga passou a acompanhá-la.

- O que você tem? - perguntou Mawé durante o percurso.

- O que?

- Nada, só que está tão quieta, nem parece você.

- Estou bem Mawé. Apenas estou cansada de ficar quase imóvel o dia todo. - respondeu a irmã revoltada - Isso é mais exaustivo do que imaginei.

- Entendo. A coisa mais interessante que aconteceu comigo nos últimos dias foi hoje. Uma capivara me contou sobre uma humana a vaga não muito longe daqui... ela é como aqueles que mataram Iúna. Tem certeza de que não viu nada Anahí?

- N-Não. - ela se sentiu mal por mentir para a irmã, mas "capivara traiçoeira" foi a única coisa que se passou por sua cabeça além um sentimento de preocupação- E... O que mais a capivara disse?

- Nada de mais. Ela não foi muito específica, parecia cautelosa. Mas se eu ver essa garota... aí eu mesma a afogo.

- Por Iara, Mawé! Não acha que está se precipitando? Não sabe nada sobre essa garota.

- E por acaso eles se deram ao trabalho de perguntar algo sobre Iúna antes de a matarem?!

Nenhuma das duas havia falado sobre Iúna com ninguém, apenas as formalidades de Aiyra não eram o suficiente. A irmã falecida era uma guerreira, mas sempre foi muito mais alegada aos costumes caseiros e a cuidar das crianças junto às mais velhas, que já não estavam mais dispostas a um trabalho árduo.

Mawé se considerava muito íntima dela, sempre que podia elas trocavam conversas como se fossem velhas amigas que conheceram a vida toda. Enquanto isso, Anahí se contentava em ficar em um canto um pouco escuro e aprender a aproveitar o tempo de qualidade sozinha, embora nunca fosse boa nisso.

Chegando em casa, havia uma grande falação como de costume, as caudas das sérias da família cintilavam na luz do luar iluminando grande parte do local onde estavam, o que acontecia raramente.

As duas se aproximaram de uma multidão que fazia um círculo em torno de Amanara.

- O que está acontecendo? - Anahí Iuara pelo braço, uma irmã não muito mais nova do que ela e Mawé cujo a calda azul claro brilhava em um quase florescente.

- Hoje é um dia de vitória!- Iuara respondeu, provavelmente apenas repetindo o que alguém mais velho disse mais cedo - Amanara vingou Iúna!

- Do que está falando? - questionou Mawé confusa.

- Hoje - continuo a amai nova - Amanara cruzou nossas fronteiras e matou um os invasores. Ela nos contou que ele estava sozinho na floresta chamando por um nome estranho antes que ela pudesse atacar. Disse que ele usava roupas muito esquisitas, mais do que mais vimos antes, ele tinha cabelos amarelos, olhos azuis e a pele clara como nuvens, e que o invasor trazia consigo uma arma, agora perdida, como a que tirou a vida de nossa irmã.

- É verdade? - Mawé perguntou eufórica.

- Podem perguntar. Ocorreu tudo hoje mais cedo - e Iuara foi embora de volta a multidão seguida por Mawé que soltava gritas de alegria.

Anahí ficou para trás, nunca entendera o que a tal vingança queria dizer ou qual era sua lógica.  Agora ela supostamente deveria estar feliz, mas por que? Porque Amanara matou um alguém aleatório? Tudo bem, ela entendia que os invasores tiraram a vida de Iúna sem nem pensar duas vezes, e isso foi um ato nada mais nada menos do que monstruoso. Mas ao tirar a vida deles, não como nas tradições, mas por vingança... bom, Anahí se questionava se ao fazer isso não estariam se rebaixando ao nível deles. Embora a maioria de suas irmãs não visse desta forma.

Tiraram a vida de Iúna, agora de um deles. De um homem de cabelos amarelos, pele clara e olhos azuis... assim como os de Valentina.

ENTRE O CÉU E ÁGUAS ⚢Onde histórias criam vida. Descubra agora