• Ela, em algum momento do dia, pulou a janela de seu quarto

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(Alguns dias antes...)

- Do que pensa que está falando? Acha que pode rejeitar isso? Você não está em posição de exigir nada mocinha - a voz autoritária e maliciosa de Diogo Silva ecoava pela casa recém construída.

- Pai, por favor me escute. Eu não pretendia me casar agora, eu...

- Você?!- ele corta Isabel, irmã mais velha de Valentina - Desculpa se a única forma de continuar com esta família está atrapalhando os importantes planos de uma jovem adolescente, que concordou com isso!

Isabel direciona o olhar para a mãe, que estava sentada em um sofá revestido de couro assistindo a "peça" toda com muito prazer.

- Você- Isabel gritou- É você quem está sugerindo essas ideias absurdas! Quer controlar tudo que faço! Cada passo que dou!

- Estou apenas cuidando de você - a mãe responde- Você não conseguiria alcançar nada sem um marido, ainda mais estética deste jeito. Nós somos a sua família, sua prioridade é conosco, não a suas ideias impossíveis.

Isabel grunhiu, e saiu correndo em direção ao quarto no final do corredor, onde se joga na cama aflita.

"Nós dois..." Essas palavras ecoavam pelos pensamentos de Valentina, que como sempre, desde que se mudaram para aquele lugar (ou antes disso), (como sua irmã dizia, no meio do nada), ouvia todas as conversas em completo silêncio.

Nem todo mundo conhece a sensação de que uma coisa, não tão horrível, mas ruim, acontece com você a vida toda, mas você se se deu conta a tampou tempo atrás. Valentina então, decidiu classificar essa sensação como nada mais nada menos do que "devastadora", em suas próprias palavras.

No dia seguinte, Valentina passou grande parte da manhã no sujo e empoeirado quarto que por hora era apenas seu. Ninguém reparou. Ninguém reparou que a jovem não estava correndo pela casa, explorando a área do terreno que agora pertencia a sua família, ou fazendo qualquer coisa, mesmo que não muito importante.

Ninguém reparou.

Parte do coração da jovem desejava profundamente que fosse mentira a condição de que sua família não realmente se importava com ela. Mas agora que a fixa havia caído, a loura sentia que não conseguiria continuar omitindo e escondendo os detalhes que sempre a magoaram para si mesma.

O porquê de que só havia reparado agora ela não entendia a muito ainda. Talvez tivesse sido a mudança. Como aquele lugar era diferente da Europa; como não havia ninguém por perto; talvez os dias que passou dentro de um navio, e que ela odiou tanto quanto qualquer garota como Valentina odiaria ao máximo. Naqueles dias de adaptação ela se sentiu diferente, como se tivesse amadurecido de uma hora para a outra, assim, sem explicação. Mas agora ela não entendia seus sentimentos, ou talvez nunca tenha entendido, mas independentemente ela não queria descobrir... descobrir porque de repente ela se sentia diferente.

Sentindo-se com o coração amassado e confusa, ela, em algum momento do dia pulou a janela de seu quarto com extrema e surpreendentemente facilidade, o que a levemente assuntou, considerando que nunca havia feito isso. Caiu na terra molhada ao redor da casa e saiu correndo em direção à mata com lágrimas presas nos olhos.

- ...Eu não sabia o que estava fazendo... Acho que lá no fundo, só queria me sentir melhor, e com certeza não iria conseguir isso ficando lá parada - diz Valentina sentada na beira do rio com os pés dentre d'água conversando com a nova amiga.

ENTRE O CÉU E ÁGUAS ⚢Onde histórias criam vida. Descubra agora