Flor e Sangue

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A Fortaleza Vermelha descansava tranquila na noite do retorno da princesa, os guardas conversavam casualmente em seus postos e todos os habitantes do castelo dormiam.

Ou quase todos.

Aegony vagava pelas saídas secretas do castelo vestida com suas roupas de montaria, carregando uma bolsa pesada e uma vela para iluminar seu caminho. Ao descer diversos lances de escadas, a princesa empurrou um tijolo vermelho com o pé e saiu no lado oeste do muro da fortaleza, ela caminhou até a entrada da baixada das pulgas onde sor Harren Pyke a aguardava.

Sor Harren é escudo juramentado da princesa e capitão do Rainha Aemma, o maior navio de guerra da frota de Sua Majestade. Além de ser um dos melhores capitães do Reino e um cavaleiro honrado e habilidoso, sor Harren é um dos melhores amigos de seu pai, sor Laenor. Devido sua posição privilegiada para um bastardo, muitos não fariam o que ele faz. Obviamente, levar uma princesa que viveu apenas 10 dias de seu nome para atravessar a Baixada das Pulgas na calada da noite requer uma dose de insensatez e coragem, o rei teria a sua cabeça em uma estaca se soubesse.

Aegony sabia que sor Harren se arriscava por ela, se arriscava para fazer cumprir seus caprichos, entao a jovem demonstrava todo o respeito e gratidão que podia por ele mesmo sabendo que era pouco comparado ao que ele merecia.

Ao se aproximar do cavaleiro, a princesa o cumprimentou e com sua ajuda subiu em um dos vários cestos de vime na carroça que era puxada por um burrinho. Sor Harren providenciou esse meio de locomoção desde o primeiro dia que a viu tentando sair do castelo a noite e a convenceu a não ir sozinha. O cavaleiro colocou lã sobre o corpo da princesa e cobriu o cesto com um pano grosso e velho.

A princesa sentiu quando sor Harren começou a guiar o burrinho, os solavancos que a carruagem fazia já eram familiares e as batidas nos buracos já eram esperadas com ansiedade. O caminho tortuoso foi logo superado e ao primeiro sinal do cavaleiro a princesa empurrou as lãs quentes que a soterravam e puxou o pano, saindo com muito cuidado para não estragar sua carga, a princesa desceu da carroça abraçando sua bolsa pesada.

Mantendo o silêncio para não serem pegos, a princesa subiu a colina de Rhaenys com a escolta de sor Harren. Os dois se esgueiraram pelas sombras até chegarem ao Fosso dos Dragões, onde esperaram um descuido dos guardas para ir adiante. Ao norte do Fosso havia muros enormes com estacas afiadas que ameaçavam qualquer um que queira se aproximar, dentre os muros havia um enorme portão de ferro com cadeado um cadeado que possui apenas duas chaves conhecidas e a princesa era a dona de uma delas.

Aegony destrancou o cadeado para que o pesado portão fosse aberto por sor Harren, após um aceno de agradecimento a princesa entrou e ouviu o ruído do portão se fechando atrás dela. Por dentro dos murros havia um jardim construído para ela com um propósito específico, guardar um dragão. O contraste da estrada de pedra para a grama era revigorante, o jardim foi construído com esplendor, possuindo muitos locais com pedras para banhos de sol, algumas árvores, um pequeno lago e uma caverna artificial para os dias de chuva.

Nessa noite, assim como todas as outras como essa, uma luz irradiava da caverna. A princesa passou pelo caminho de pedras e conforme se aproximava pode visualizar duas sombras contra a parede da caverna. A enorme sombra de Aemond estava curvada sobre a da pequena dragão deitada ao lado da fogueira, os dois levantaram a cabeça no momento em que ouviram o caminhar de Aegony contra o caminho de pedra que leva em direção a caverna. O menino logo abaixou enquanto a dragão lutava para ficar em pé e quando falhava dava um rugido áspero e agudo, mais parecido com o crocitar de uma gralha do que com um dragão, exigindo que sua montadora viesse mais rápido.

- Quietinha querida, estou aqui.

Desistindo de andar, a pequena dragão começou a se arrastar em direção a Aegony e ignorou completamente os pedidos para que ficasse quieta.

BE A DRAGON - Aemond TargaryenOnde histórias criam vida. Descubra agora