Capitulo 20 - A Massagem

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Depois organizar os orçamentos que me foram enviados por e-mail, a última empresa para quem liguei foi a Filmes e Imagens, isso porque eu ainda me lembrava da estranha conversa que tive com um dos sócios, e eu queria poder continuar fugindo dele, até pensei em não telefonar e apenas deixar uma mensagem, mas tínhamos pressa e eu havia adiado aquela conversa por semanas. Já era terceira vez que seu Christopher me pedia por esses valores.

- Então desistiram da película? - Assinto, como se ele pudesse me ver - É um bom negócio, a película quase não é mais utilizada e acaba saindo ainda mais cara do que já era. Eu vou te enviar o orçamento por e-mail, Ceci. E.. bom... se a gente conseguir fechar esse negócio vai ser ótimo para Splendore, porque temos os melhores preços. Também será ótimo para nós e pra você...

- Pra mim? - Franzo minhas sobrancelhas - Como isso seria bom pra mim?

- Porque nós podemos te recompensar com uma comissão de 10%, algo em torno de 1 milhão de dólares.

- Ta tentando me subornar? - Pergunto, ofendida.

- Claro que não, Cecilia, é uma parceria...

- Seria melhor que oferecessem um desconto de 10% à Splendore do que me fazerem essa proposta absurda!

- Cecília, eu sei parece assustador, mas não é nada demais, você não vai precisar fazer nada, só perceber que realmente nossos preços são melhores e mostrar isso ao Christopher. Vai ganhar 1 milhão de dólar sem precisar fazer absolutamente nada!

Desvio meus olhos para a parede a minha frente, sentindo uma forte palpitação em meu coração. A imagem do meu pai chorando tinha invadido a minha mente. 1 milhão de dólar mudaria minha vida, ajudaria meu pai a começar o próprio negócio e assim, não perderíamos a casa e ainda poderíamos pagar o auxílio saúde por muitos anos. Fui preenchida por um desespero, senti a ansiedade me atacar e minhas mãos suaram tanto que o telefone começou a escorregar.

Eu não queria fazer isso, parecia errado e desonesto com a pessoa que sempre me ajudou. Mas não aceitar também seria errado com o homem que me criou, a pessoa que se sacrificou a vida inteira por mim. Eu estava tendo a chance de ajuda-lo a sair de uma momento muito difícil. Meu coração estava dividido entre o certo e o conveniente.

- Depois conversamos! - Desligo rapidamente o telefone, quando uma lágrima de desespero escorre dos meus olhos.

Eu não podia fazer isso, mas talvez eu precisasse. A segunda quinzena já havia saído e nada do meu salário aumentar, enquanto isso, Oliver recebia como uma executiva, apenas para sentar atrás de um balcão e dizer "bom dia". Não era justo, mas receber aquele dinheiro era sim justo comigo, justo com todo meu trabalho, com todo meu esforço. Eu merecia, e eu precisava!

(...)

Quando entro na sala de reuniões, seu Will e seu Chris estavam lá, com milhares de folhas espalhadas, o computador aberto e uma garrafa de café quase no fim. Ele parecia cansado, tinha virado e revirado documentos, analisando todos os gastos do Hugo, que continuava ultrapassando o orçamento e nos endividando. Mesmo depois de termos disponibilizado apenas 800 mil, seu Hugo usou o cartão de crédito da empresa em um gasto mensal de 3,6 milhões de dólares. Além disso, mais uma facada, os novos estúdios não estavam mais lucrando com produção de clips, basicamente o único que ainda funcionava era onde gravavam vídeos para o Youtube. Seu Christopher estava esgotado, nitidamente temia perder a presidencia, endividar a empresa e não concluir uma boa gestão. Ele queria ser um bom administrador, mas queria mais ainda mostrar para os pais que ele era motivo de orgulho.

- Trouxe alguns orçamentos... - Eu digo, me aproximando e colocando a papelada sobre a mesa. - Quer que eu traga mais café?

Ele suspira, largando a caneta e subindo os olhos até mim.

A Estranha Cecília - Chris EvansOnde histórias criam vida. Descubra agora