Capitulo 63 - Voo para Londres

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- Obrigada por me ceder a janela... - Digo, observando o avião decolar e Nova York fica ha metros de distância. Havia tantas luzes que de longe era como ver o céu estrelado sob meus pés. Meu coração se apertou, enquanto tudo ia ficando para trás, mais uma vez o choro embaçou minha vista e eu quis permitir que as lágrimas caíssem, mas eu não podia, eu precisava ser forte, por mim!

- Foi um prazer. A vista daqui também é ótima também...- Viro meu rosto para o seu, procurando pelo sorriso que esboçava de forma autêntica e sincera. - Por que está indo para Londres? Vai encontrar alguém especial? - Desce os olhos sutilmente por meus dedos, a procura de uma aliança.

- Vou a trabalho.

- Bacana. Eu moro lá... - Dá de ombros.

- Eh, eu percebi... pelo sotaque!

Outra vez ele ri, tão aberto que me contagia.

- Me denunciou, né?!

Assinto.

- E o que você estava fazendo em Nova York?

- Eu tenho um restaurante lá, fui ver como estavam as coisas...

- Então você é um chefe de cozinha? - Meus olhos se arregalam, fascinada. - Que tipo de comida você faz?

- Eu faço de tudo um pouco. Mas a minha especialidade são as carnes. Mais especificamente churrasco brasileiro.

Contenho um sorriso, sentindo uma vontade incontrolável de dizer que eu era brasileira.

- Ah é? E como, exatamente, um europeu aprendeu a fazer um churrasco brasileiro?

- Eu ouvi dizer que os brasileiros tinham o costume de pegar qualquer comida e faze-la ficar melhor. Que eles tinham as melhores pizzas, os melhores hot dogs e até as melhores comidas japonesas, até o Mc Donald é melhor lá... E como você pode perceber... - Passa a mão em seu abdômen - Eu sou um cara que ama comer, e amo cozinhar. Eu só precisava ir para aquele lugar e descobrir se isso era verdade. Acredite, é! - Passa a lingua nos lábios, como se estivesse saboreando um delicioso prato - E ai eu descobri o churrasco e percebi que eu precisava trazer isso para a Inglaterra. Você precisa ir no meu restaurante, é por minha conta!

- Bom... - Suspiro - Pois saiba que você acabou de convidar uma brasileira nata, criada à picanha na churrasqueira de tijolo, para provar uma carne feita por um europeu em um restaurante de luxo... Será você vai conseguir me impressionar?

Seus olhos se arregalam e imediatamente suas bochechas se avermelham extremamente.

- Eu não acredito! - Esconde o rosto nas mãos - Por que não me contou antes? Eu aqui fazendo a propaganda e você sendo a dona da marca...

Gargalho.

- Ah, foi fofo, te ver falar do meu país com tanta paixão...

- E o que VOCÊ estava fazendo em Nova York? Conexão?

- Eu moro em Nova York desde os meus 15 anos. Mas... - Levanto o dedo na altura do seu rosto - Eu ainda sei reconhecer um bom churrasco, não pense que vai escapar só porque eu tenho um greencard!

- De forma alguma! - Faz uma reverência com a cabeça - Vai ser uma honra te levar para prestigiar o meu restaurante.

- Humm... e se eu não gostar?

- Se você não gostar, eu fecho o meu restaurante pra sempre. - Me estica sua mão - Mas se você gostar, você me deve um encontro!

Desço os olhos por suas mãos esticadas para mim, fazendo meu sorriso desaparecer. Se eu selasse aquele acordo, significava que eu estava pronta para recomeçar. Mas era tão cedo... eu só conseguia pensar em como eu me sentia uma traidora por estar dando conversa a outro cara. Eu não queria sair com ele, por mais lindo e gentil que ele fosse. Meu coração tinha ficado em Nova York, recomeçar em Londres nunca significou que eu estaria pronta para conhecer outras pessoas, que dirá em menos de 24 horas, com um coração destruído, enquanto o amor vazava pelas rachaduras.

A Estranha Cecília - Chris EvansOnde histórias criam vida. Descubra agora