Capitulo 87 - Um pedido de casamento e um terno Armani

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Alguns dias depois...

A rotina na Splendore era, como sempre, extremamente cansativa, e lá estava eu, de volta ao trabalho que me custava noites de sono, e ainda assim, era gratificante. Precisava confessar que eu gostava de estar de volta, calculando cada centavo que entrava e saia da produtora, ligando para os bancos e para os clientes. E eu fazia todo trabalho com muito orgulho, da mesma forma que eu fazia quando era apenas a assistente. Mas agora, agora eu era a presidente, me sentava atras da mesa mais cobiçada das famílias Graham e Connor. De certa forma, eles tinham razão, existia um certo poder, uma certa satisfação pessoal em sentar à presidência. O poder é capaz de destruir os princípios de alguém, e por isso eu desejava que os seis meses passassem rapidamente, antes que estar ali corrompesse a minha alma.

Enquanto eu analisava uma proposta que seu Christopher havia montado para levar para alguns dos nossos antigos clientes, Paulina, que se tornara minha secretária, entrara na sala, com uma bandeja de café e biscoitos. O cheiro estava delicioso, parecia fresco, e me lembrava as tardes na casa da minha avó, no Brasil.

- Achei que fosse precisar, você não saiu dessa sala o dia todo... - Ela diz, colocando os aparatos sobre a mesa. - O Henry ligou para a empresa, queria saber de você, falou que tentou ligar no seu celular o dia todo mas você não atendeu.

Arqueio minhas sobrancelhas, largando o mouse do computador e revirando minha bolsa, que estava sobre o aparador bem atrás de mim.

- Eu devo ter esquecido o celular no silencioso... - Reviro o aparelho, achando cinco chamadas perdidas dele. - Ai meu deus, ele me ligou varias vezes. O que disse a ele?

- Que você estava muito ocupada com um contrato, e eu passaria o recado.

- Obrigada, amiga. - Sorrio para ela, levando o celular ao ouvido, e ela devolve o sorriso, me deixando a sós quando percebe que eu retornava a ligação, me dando um pouco de privacidade.

Eu tinha voltado a trabalhar como se minha vida dependesse daquilo, eu não piscava, respirava, comia, dormia... Meu combustível era resolver problemas, isso me deixava triste e cansada, ao mesmo tempo que me causava uma certa satisfação pessoal. O vicio em trabalho era tão real quanto o vicio em drogas. Trabalhar me irritava, mas eu só percebia isso quando tentava parar.

Henry estava há quase um mês na Inglaterra, seu pai havia exigido algumas formalidades para a abertura do testamento, que levavam tempo para serem resolvidas por depender integralmente da justiça. Eu sentia sua falta, não estava morrendo como se dependesse dele para viver, mas sentia saudades, por isso dei entrada em um novo visto, queria poder ir até ele, ao menos por um final de semana.

- Oi, amor... - Ele atende, com a voz um pouco rouca.

- Ai, meu bem, estava dormindo?

- Não, só estou deitado no sofá. Tava jogando video game. - Ele ri, de um jeito sapeca.

- Ah, que coisa... Enquanto eu trabalho você joga video game, entendi. - Rio

- Ta trabalhando porque quer. Posso te dar uma vida de rainha.

- Verdade, você pode. Não sei se de rainha, mas de uma lady, com certeza. - Agora fora sua vez de gargalhar. - Mas o trabalho dignifica o homem, então... - deixo a frase morrer - Ah, me diga, como está a abertura do testamento do seu pai? Ja marcaram a data da leitura? Eu queria estar com você. Imagino que vá ser um choque pra todo mundo quando renunciar aos direitos sucessórios. Tem certeza que quer abrir mão de tudo?

- Quantas vezes vai me perguntar isso? Eu ja te disse que sim!

- É que eu não quero que faça isso por mim...

A Estranha Cecília - Chris EvansOnde histórias criam vida. Descubra agora