Aquele dia insuportável

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O cenário que encarava era o mesmo, a instituição escolar estava novamente de portas abertas, os jovens adentrando, uns já reencontrando os colegas de turma, os amigos que mantinham contato fora da escola já pareciam ter seu próprio grupo com isso...

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O cenário que encarava era o mesmo, a instituição escolar estava novamente de portas abertas, os jovens adentrando, uns já reencontrando os colegas de turma, os amigos que mantinham contato fora da escola já pareciam ter seu próprio grupo com isso ignorando o restante, os novatos seguiam perdidos até a diretoria para enfim encontrar as salas que iriam estudar o ano todo e lá estava ela, totalmente perdida e fora da realidade.

Imaginou-se que estava incluída na lista de mulheres que não terminaria o ano do colégio em paz, se preocupar apenas com a faculdade, trabalho ou qualquer coisa que desejasse para o futuro, ela estava na lista de mulheres que não tinha como manter uma criança e não tinha como conseguir algo de bom tanto para si como para aquele ser que se formava dentro dela, afinal, para conseguir tudo isso ela precisava passar por aquele lugar antes.

Queria rir de desgosto, afinal, não demoraria para sua barriga aparecer, não demoraria para todos perguntarem quem era o pai, o que iria fazer, fora os comentários sobre ser uma azarada por ter engravidado, por ter sido idiota por não ter sido responsável, e a pena daqueles que imaginava como deveria ser difícil. Por céus, ninguém nunca iria saber como era estar daquela forma sem estar dentro daquela situação.

Não desejaria aquele sentimento de angústia nem para sua pior inimiga, era torturante. Era sentir como se uma bomba tivesse explodido em cima de todos os seus sonhos, de todos seus desejos e toda vida que tinha planejado para o futuro. Afinal, um dia era apenas uma adolescente de dezesseis anos viciada em livros, viciada em séries, jogadora de vôlei e noutro era uma adolescente lidando com um bebê dentro de si, e ela não tinha muito tempo para se tornar capacitada ou amadurecer, ela iria encarar algo que queria com quase trinta anos naquela tenra idade e não tinha muito o que fazer. Ou tinha?

— Vamos amiga. — Gina disse lhe pegando pela mão e lhe tirando da breve desatenção que tinha lhe atingindo. — Você consegue, um dia de cada vez.

Hermione suspirou virando-se para encarar a expressão de Gina, ela parecia a única com positividade naquele momento.

— E qual dia será hoje?

— O de sempre, o primeiro dia de aula, apenas isso. — respondeu, então, a puxou pela mão andando em direção dos enormes portões da escola.

A cada passo Hermione sentia como se seu coração fosse explodir, talvez, fosse pelo fato que a vida que tinha planejado para si parecia cada vez mais distante, ou pelo simples fato de que iria vê-lo, ela não fazia ideia do que iria acontecer, ela precisava contar para ele, certo? Era o mínimo, contudo, ela estava com tanto medo da reação dele que isso apenas lhe fazia querer fugir para outro país e voltar depois de dez anos com aquela notícia para cima dele.

Oh, seria um belo clichê, ela desesperada é mandada embora pelos pais e ele nunca fica sabendo da criança, ela volta depois e ambos descobrem que estavam predestinados a ficarem juntos para sempre e ela percebe que errou ao fugir mesmo sendo obrigada ou não, contudo, a vida não era assim, Hermione sabia disso, apenas pelo fato de que querendo ou não ela teria que conviver e criá-lo, mesmo se ele não lhe apoiasse nisso. Ou teria como mudar isso também?

Duas listras - Dramione - Concluída Onde histórias criam vida. Descubra agora