Aquela vigésima oitava semana

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Era inacreditável que ele ainda tivesse coragem de aparecer por ali

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Era inacreditável que ele ainda tivesse coragem de aparecer por ali. Respirou fundo, arrumando paciência e terminou de organizar as garrafas na prateleiras, o lugar estava cheio de clientes e estava um barulho insuportável. Facilmente poderia perder a paciência, ainda mais quando Cho Chang já encheu o saco e aquele homem aparecendo no seu trabalho. Mesmo sem querer caminhou em direção de Lucius que estava sentado numa mesa encarando a rua enquanto seu copo de cerveja ainda estava intacto. 

— O que está fazendo aqui? — foi impossível não ser rude. Os olhos de seu pai foram em sua direção, como se desse conta do lugar onde estava. 

— Quero conversar com você. 

— Olha… 

— Se você não me der atenção, vou ficar no seu pé. — Lucius pareceu bem convicto das suas palavras. Draco respirou fundo pensativo, deveria dar uma chance para ele? Pensando se realmente ele iria sair do seu pé ou não, Draco não quis arriscar. Mesmo não querendo, se sentou de frente para ele e cruzou os braços. 

— Tem cinco minutos. 

— Bom, estou com câncer, a minha esposa já faleceu, estou procurando alguém para cuidar da minha pequena loja, algo que eu construí com o tempo, sua irmã disse que não queria e me falou que você aceitaria já que vai se tornar pai. — Lucius despejou tudo de uma só vez que pegou Draco de surpresa. 

Ele ignorou a parte que o pai disse que estava doente, não era nada relevante.

— E quem disse que eu aceitaria isso? — perguntou Draco ainda surpreso. — Sair dessa cidade não está nos meus planos. 

Lucius suspirou. 

— Mas você deve ter pensado em como sustentar uma criança, não é? Acha mesmo que vai conseguir um bom trabalho logo de cara? Eu não tenho ninguém para assumir minha loja, não é algo grande, mas é algo meu e que pode ser seu, praticamente estou te dando uma chance de sobreviver financeiramente e cuidar delas. Onde isso acontece, assim tão fácil? — Lucius perguntou. — Estou morrendo, Draco. Não tive mais filhos, tudo o que tenho são de vocês, querendo ou não, vai deixar para que outra pessoa pegue ou vai cuidar do que é seu? 

Draco passou a mão por seus cabelos, realmente as palavras de seu pai faziam sentido. Só que deixar Hermione parecia tão difícil de imaginar fazendo isso. 

— Você vaia conseguir cuidar das duas, esse emprego…  — apontou para o bar onde estava. — Não vai sustentar vocês, se os dois não trabalharem, não vai ajudar também se quiserem fazer faculdade. — Lucius continuou falando, Draco só pensava nas possibilidades entre recusar e aceitar. — Você ficaria na minha casa, comigo. Depois de um tempo, poderia procurar uma casa para vocês. 

Mordeu o lábio inferior, pensativo. Por mais que não fosse seu sonho trabalhar com empreendedorismo, sabia que era algo que estava caindo na sua mão de bandeja, geralmente as coisas não acontecem dessa maneira, porém, teria que deixar Hermione e sua filha sozinha por um tempo até ter condições de cuidar delas. O que ele deveria fazer? 

[...]

Admitia que estava sendo divertido. 

Gina e Blásio depois que descobriram que seriam madrinha e padrinho da sua filha se empenharam em fazer um chá de bebê que fosse excelente. A ideia foi trazer tudo para a escola, a autorização foi concedida, os convites feitos e a organização da sala de aula. Blásio parecia o porteiro, só entrava quem trouxesse o presente pedido no convite, assim poderia entrar pra comer as guloseimas que fizeram. Gina estava empenhada em fazer as atividades que escolheu, Hermione estava toda suja de batom, a barriga toda pintada e as bochechas bem vermelhas. E ela ria, como ninguém. 

Draco sorriu de lado, ela estava feliz. Tinha que focar nisso, na felicidade que ela e sua filha deveriam ter até o resto de suas vidas.

O tempo foi passando devagar, deixou que ela aproveitasse tudo o que tinha de direito, por um tempo também se divertiu, só quando não estava pensando nas palavras de seu pai. 

— Todo mundo, mãos à obra. — Gina chamou a atenção dos amigos. — Vamos colocar tudo no uber que eu pedir, rumo a casa de Hermione. 

— E qual é o nome dela? — Luna perguntou encarando sua amiga. 

— Hermione só vai dizer quando nascer. — Gina respondeu revirando os olhos. 

Hermione estava terminando de se limpar enquanto que seus amigos mesmo resmungando estavam levando os presentes para fora da sala. Quando já estava limpa novamente, voltou sua atenção para Draco que estava sentado encarando a parede, desde que ele entrou, percebeu que ele estava estranho. 

— Você está bem? — perguntou se aproximando, arrumou sua roupa, estava ainda com sujeira das brincadeiras de Gina, mesmo assim estava feliz por ter conseguido se divertir. 

— Estou bem, só que pensativo. — respondeu a olhando. 

— O que houve? — Hermione perguntou em alerta. 

— Meu pai veio até mim, perguntou se eu não queria ir morar com ele para trabalhar na loja dele. — respondeu de imediato. 

— Então? — Hermione perguntou, sentindo uma apreensão que não tinha percebido que sentia ainda. 

— Eu aceitei. 

— O quê? — ela perguntou sem acreditar. — Você vai me abandonar mesmo, eu não deveria ter acreditado em você. — ela acusou, seus olhos encheram de lágrimas. 

Draco olhou para ela sem acreditar no que estava ouvindo, ele todo preocupado com o fato de que vai se separar dela, ela o acusando de uma maneira injusta. 

— Você é inacreditável! — ele disse se irritando, se levantou ficando de frente para ela. — Eu fiz de tudo por você e pela nossa filha desde que descobriu que estava grávida e mesmo assim você ainda me acusa de querer te abandonar? Eu estou indo com um pai que não suporto apenas para cuidar de vocês duas, acha mesmo que toda vez que ela estiver doente, que precisa de algo, vamos sempre pedir dinheiro para nossos pais? Eles não tem obrigação alguma de criar ela, Hermione. — ele passou a mão por seus cabelos, a acusação dela realmente o magoou, ele estava fazendo de tudo para que elas ficassem bem e mesmo assim Hermione não conseguia enxergar todo o seu esforço? — Eu estou totalmente empenhado em conseguir tudo o que a gente precisar para lidar com a nossa filha, estou pensando, economizando, trabalhando, cuidando de você, cuidando dela. Eu sou apaixonado por você e fico realmente magoado ouvindo isso da sua boca. Além do mais, o que você está fazendo pela nossa filha? Já pensou no que vai fazer quando terminar a escola? Já pensou no que vai sacrificar para criá-la também? Sinceramente, eu estou indo sim. Indo trabalhar, indo ganhar alguma grana para que ela possa ter sempre ter o bom e do melhor, não vou ficar de braços cruzados apenas rezando que o mundo faça seu milagre e não faça ela sofrer, que falte comida, roupa ou qualquer outra coisa para ela. Você realmente se importa com a nossa filha, Hermione? Ou ainda está só brincando de faz de contas? Você não se arrepende de ter tentado outro aborto? Você realmente a ama? Acha mesmo que as coisas vão cair como pluma no seu colo? Se você não quiser ela, Hermione. Pode deixar que cuido dela, que eu me mato de trabalhar para sempre fazer ela feliz, porque diferente de você, eu estou me sacrificando para que tudo dê certo, eu já amo e quero ser pai. E você, quer ser mãe? Ou abandonaria ela na primeira esquina? 

Draco respirou fundo, ele disse tantas coisas que mesmo com ela totalmente muda e abalada, ele não conseguiu dizer mais nada, simplesmente andou em direção da saída. Sabia que tinha sido duro, só que entendia que ela precisava ouvir isso também, Hermione não tomou nenhuma posição quanto aquela criança, eles deveriam estar fazendo planos naquele momento e não brigando, ela deveria ter o apoiado e não ter o acusado. 

Pela primeira vez Hermione deixou que uma lágrima escorresse por seu rosto por causa de Draco, ela não conseguiu dizer nada enquanto via ele batendo a porta ao sair. 

Duas listras - Dramione - Concluída Onde histórias criam vida. Descubra agora