STUPID PRINCESS - Hobie Brown

Ao alcance

 Aurora estava na mesma posição há praticamente meia hora, olhava para o mesmo ponto fixo enquanto sentia seu corpo arder, sua barriga revirar e sua cabeça doer. Ela queria chorar, mas não conseguia mais. Ela só estava ali sentindo cada dor física e mental.

— Aurora?! — O pai de Aurora entrou no quarto da menina rapidamente, seus olhos arregalados e cheio de linhas de expressão de preocupação pelo rosto— Minha filha… — Ele correu até ela e se ajoelhou a sua frente, com as mãos no rosto da menina, ele analisava cada hematoma de Aurora.

 O rosto de Aurora se contraiu, seus olhos voltando a encher de lágrimas enquanto ela olhava nos olhos de seu pai.

— Minha pequena… o que te fizeram? — Sr. Williams se sentou ao lado da filha e a abraçou fortemente, seus olhos marejados, ele não suportava a ideia de alguém machucando sua filha. Ele se afastou ao sentir Aurora se encolher desconfortável.

 Aurora continuou em silêncio e deixando as lágrimas caírem— Meu amor, vai ficar tudo bem… vai ficar tudo bem. — Ele sussurrou, olhando para sua filha encolhida.

 Hobie continuava a pular de teia em teia à procura de Tyler, até que encontrou o garoto caminhando rápido e nervoso, olhando para os lados. O Aranha sentiu seu sangue ferver só de ver o garoto. Hobie lançou uma teia nas costas de Tyler enquanto ele balançava em outra, puxando o garoto e o jogando em um beco vazio, logo pousando no mesmo.

— Calma aí, cara. — Tyler se arrastou para trás tremendo de medo, até bater de costas na grade que cercava o outro lado do beco— Calma aí!

— Que "calma aí", caralho?! — Hobie o puxou com uma teia, segurando firmemente em seu colete do uniforme— Você tem merda na cabeça, playboy? — Ele sacudiu Tyler.

— Irmão, eu não estou entendendo, eu não fiz nada. — Tyler se fez de inocente. 

 Spider Punk riu ironicamente— Esse joguinho de menino rico, branco e de boa família pode funcionar mais tarde com o júri. — Ele arremessou Tyler na parede, fazendo o menino gemer com a dor do impacto— Como você teve coragem? Como você teve coragem de fazer aquilo com a Aurora?
 
 Sem esperar uma resposta, Spider Punk surrou o rosto de Tyler repetidamente, e mesmo quando o menino caiu no chão, ele não cessou os socos— Você não tinha o direito. — Ele falou lentamente e com a raiva aparente em sua voz. O beco era preenchido pelos grunhidos de dor de Tyler enquanto era golpeado. Ele estava completamente fora de si, continuava depositando toda sua raiva no garoto que já estava com o rosto cheio de sangue, praticamente desfigurado e inconsciente.

 Ainda em um pico de sua raiva, Hobie puxou sua guitarra e a levantou, prestes a usá-la para decapitar a cabeça de Tyler. Mas alí, prestes a cometer um assassinato, Hobie lembrou de Aurora: Ela não se orgulharia e nem agradeceria por isso.

 A respiração de Hobie estava ofegante, ele olhava para o corpo inconsciente de Tyler, ele o prendeu com teia e o colocou sob o ombro, voltando a se gangorrar entre as teias nos prédios. As pessoas na rua o olhavam aterrorizadas, ele já não tinha uma boa imagem, agora, levando um corpo de um garoto inconsciente e com o rosto desfigurado, iria cair em um grande julgamento. Mas ele não ligava, na verdade.

 Hobie fez o que ele e Aurora já haviam conversado: Pendurou Tyler em na estrutura de um painel de publicidade na Times Square, e com as próprias teias, escreveu na tela: "Tyler Lewis é um abusador."

 Tyler acordou enquanto Spider Punk acabava de escrever a última letra, ele se debateu, fazendo a teia se balançar com ele no ar, mas sem conseguir se soltar. Ele via as pessoas paradas olhando e com celulares erguidos.

— Não deixem ninguém esquecer, não deixem que o sistema beneficie novamente um garoto branco e rico. Tyler Lewis é um abusador, ele não passa de um merdinha abusador. — Hobie gritou para a multidão que se formava ali, e olhou para Tyler— Talvez você se safe com essa segurança hipócrita de merda, Tyler, mas a partir de hoje, onde é que você vá, esse dia será lembrado. E eu espero muito, muito mesmo, que eu não seja o último que vai te dar uma surra bem dada.