Capítulo 10

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Pessoal, quando tiver uma separação assim (<>) no meio da página é porque o ponto de vista da narração foi trocado. Boa leitura!


Pelos dias que seguiram a noite em que formalizaram seu namoro, Richarlison sentiu-se nas nuvens.

Irradiava, em qualquer situação, uma impressão de extasia lídima. O sorriso aberto - antes reservado apenas para momentos especiais - não deixava seu rosto, como uma consequência concreta da alegria resultante da confirmação acerca da reciprocidade da sua paixão.

Apesar de, ocasionalmente, ter considerado aquela realidade impossível e temido que pudera estar delirante ao ponto da sua esperança por correspondência ser mero fruto da projeção dos próprios sentimentos, Sonny trouxe alívio ao seu desassossego com a declaração.

Em toda abrangência que consistia aquela intensa comoção, não estava sozinho, ele também o queria para si.

Tinha a plena certeza que jamais sentira tanta felicidade em seus dezoito anos de vida. Seu melhor amigo, o seu Sonny o amava.

Era ele: o garoto que o encantou à primeira vista; o amigo que, antes mesmo de conhecer o seu país, o pedia histórias sobre o local e o confortava quando a saudade era compressora; o menino por quem se apaixonou natural e perdidamente; e, agora, o homem que estava disposto a ser dele e viver o amor que compartilhavam desafogadamente.

Ademais, as horas extras que passara praticando táticas com o treinador, juntamente às atividades complementares em que participou, além do empenho extraordinário que pusera para assimilar o conteúdo curricular durante o último ano, prometiam um retorno gratificante da Universidade de Stanford.

Mesmo tentando não se deixar ser dominado pelas expectativas adiantadas - afinal, a faculdade californiana era uma das mais disputadas em relação ao programa esportivo -, ainda detinha uma crença considerável no seu talento.

Acreditava fielmente que, se a bolsa de estudos destinada a futebol universitário para qual havia se inscrito - após muito incentivo do técnico do time e um convencimento especial do seu coreano - fosse deferida, todo o esforço pelo qual seus pais haviam passado ao imigrar para um país não conhecido seria recompensado.




Todavia, segundo o seu namorado, tanta ansiedade acerca da aprovação não faria bem para os seus psicológicos, então, aproveitar a casa vazia para realizar mais uma maratona de documentários sobre seus esportes prediletos era primordial.

Assim, naquele instante, se encontravam terminando de assistir  "Keane and Vieira: Best of Enemies".

Caralho! Posso até odiar os gunners, mas a determinação do Roy Keane é inspiradora pra cacete. - diz, impressionado pelo retrato do jogador francês na obra.

– A do Patrick Vieira também. A competição pessoal dos dois era o maior combustível para a performance dos times nos confrontos. Só o Manchester City e o Arsenal venciam a Premier League durante a década uma de atuação deles, isso é difícil até de acreditar.

– Isso me lembra muito a rivalidade do Bird e do Magic nos anos 80, sabe? De alguma forma, qualquer esporte precisa de uma dinâmica de rivalidade entre atletas fodas para se manter no auge.

– Sim! E é incrível que eles também sejam amigos após a aposentadoria.

– Pois é. Não sei se conseguiria ser tão amigo de um rival não. Os caras só faltavam se comer na porrada quando estavam em campo e agora vivem elogiando um ao outro por todo canto.

It's Nice To Have a Friend (2son)Onde histórias criam vida. Descubra agora