O abraço pareceu durar séculos, com nenhum dos dois fazendo questão de desfazer o contato, apesar de já estarem há minutos em frente a casa dos pais do brasileiro.
De alguma forma, qualquer afastamento físico, agora que estavam juntos, parecia soar um disparato ainda maior na mente do coreano - e ele esperava, fielmente, que tal certeza fosse vislumbrada no outro.
No entanto, mesmo que Richarlison ainda o olhasse como se sua mera visão fosse fascinante, despertando-o de tal alacridade merecedora, sua mente empenhava-se ferrenhamente dos prévios afastamentos sem justificativa do mesmo.
Em contraponto à essa tribulação, contudo, as pulsações vibrantes em seu peito também consumiam espaço. Sendo assim, como se estivessem seguindo uma partitura orquestrada de forma emocionante, pensamentos secundários e sensações maviosas o tomavam, traduzindo-se em: " Nem tudo está perdido. Você ainda o tem, Heung-min. O que quer que esteja acontecendo, ainda tem salvação, acredite."
Afinal, eram eles: Sonny e Richie ali. Os mesmos garotos apaixonados que sempre foram - até mesmo antes mesmo de entender aquele sentimento profundo.
Estavam próximos como ele sonhava há meses: pele com pele; entrega por entrega; atraídos como perfeitos ímãs; agarrados um ao outro com imensurável tenacidade.
E, por mais piegas que fosse soar - caso verbalizasse seus pensamentos à alguém -, estar no abraço dele o proporcionava tamanho refrigério, que uma provável equiparação à calmaria sentida por um exilado ao voltar pra casa não se aparentava ridícula.
– Porra! Eu senti tanta saudade de você, gatinho! - falou o latino, se retirando do casulo que havia feito para si no seu pescoço, passando a acariciar sua face levemente, emanando aconchego.
– Eu também senti muita saudade de você, jagiya! - diz em resposta, utilizando o termo específico em Português que seu namorado havia o ensinado muitos anos atrás. – Eomeo… Segsihasineyo! (*Meu Deus… Como você está gostoso!) - solta, após outra inspeção pelo corpo do namorado, admirando-o por inteiro.
– Hey! O que você falou aí? Ainda não sei falar coreano, meu amor.
– Eu disse que você está lindo, o cabelo combinou com você.
– É? - perguntou retoricamente, o fazendo soltar uma risadinha e balançar a cabeça em confirmação. – Eu pintei anteontem, uns amigos me convenceram de que uma mudança não seria de todo mal, sabe?
– Sei bem… - murmura distraído, apertando os braços dele.
– Vem cá, vem! - exclamou, levantando o seu rosto para roçar os lábios nos seus, terminando a puxá-lo para outro ósculo.
O arfar de satisfação que não pôde conter evidenciava um incontestável parecer: talvez fosse pelos meses torturantes que tinha passado sem poder fazer isso, mas o beijo do seu namorado estava mais viciante que nunca.
Os lábios macios e quentes, a língua se entrelaçando com a sua num envolver ainda mais voluptuoso do que havia sonhado nas noites solitárias passadas no seu dormitório. Fazendo-o vibrar por inteiro e, inebriado, ansiar por mais daquilo infinitamente.
Sentia-se inusitado, afogueado e trêmulo, como se estivesse finalmente despertando do longo pesadelo que era não o ter por perto naquele ano que se passou.
– Richieee… - o chama, antes de procurar sua boca mais uma vez, na busca por repetir a osculação.
Todavia, ele desviou da sua investida e o afagou no cabelo ternamente, tratando logo de explicar o motivo da desfeita em uma voz levemente zombeteira para desfazer sua feição emburrada: – Sonny, acho melhor a gente ir entrando… Meu pai está nos olhando com uma cara de tédio lá da porta.
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It's Nice To Have a Friend (2son)
Fanfic" E, de alguma forma, Richarlison acreditou que... se ele pudesse estar próximo a Sonny, a tristeza não seria capaz de tomar conta de si. "