Prólogo

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"A mudança precede a evolução"

É com esperança na realização dessa frase clichê que Antônio de Andrade se agarra e luta por uma uma vida melhor para sua família.

No entanto, essa mesma frase não passa de "uma grande porcaria" para o seu único e amado filho, Richarlison.

Aos sete anos, a criança teve que presenciar sua vida mudar drasticamente quando seu pai decidiu vender todos os bens e a casa modesta que pertencia a família no Espírito Santo para perseguir uma promessa de emprego de um conhecido em Londres.

O garoto não entendia o sentido daquilo e sofria por dentro enquanto tentava parecer forte para não magoar o mais velho. Sendo assim, ele e sua mãe apoiaram o patriarca na aventura em terras estrangeiras com somente as malas e os poucos brinquedos o pequeno conseguiu levar.

"Deixar tudo não vai ser fácil, nós vamos ter que recomeçar do zero. Mas eu não conseguiria viver sabendo que não conseguiria te dar a oportunidade de ser melhor que eu e viver assim pra sempre, Charlinho" - disse o seu pai, com os olhos cheios de lágrimas, tentando acalmar o nervosismo mal disfarçado do filho enquanto estavam no ônibus que os levaria ao aeroporto.

Chegando lá, as coisas se mostraram menos promissoras do que pensava, seu salário na fábrica de calçados não era muita coisa. Alugaram uma casinha - tão ou mais modesta que a antiga- no coração de Brixton e, logo, sua esposa também se viu procurando por um emprego para ajudar nas despesas mais pesadas e garantir uma boa qualidade de vida para Richarlison.

Para tornar as coisas mais complicadas, os primeiros dias de aula de Richarlison na escola pública aos arredores do bairro não foi fácil. Além da barreira linguística - afinal, o garoto sabia do básico pra menos do Inglês ensinado no seu antigo colégio -, tantas pessoas novas, com costumes diferentes o faziam sentir acuado.

Era um garoto bondoso e cativante, com um coração puro e enorme, guardava dentro de si as palavras sábias da sua bisavó: "Amar é de graça, meu filho. Sempre cabe mais amor na nossa vida".

Mas, devido à timidez, encontrava grande dificuldade em fazer um amigo. Todos os dias acordava, se aprontava pra aula e pensava que nunca seria feliz como era no seu país natal.

Um mês após à chegada, Verônica de Andrade ajudou uma mulher que encontrou caída no chão, com com dificuldade em carregar várias sacolas de compras sozinha até um restaurante coreano simples que ficava poucas quadras de distância da sua nova casa. A amizade foi construída ligeiramente, e, vendo sua luta e dedicação, o casal de coreanos ofereceu  o emprego de caixa do estabelecimento para ela. Com a esperança renovada, ela agarrou com unhas e dentes a oportunidade e procurou começar assim que possível.

A primeira semana de Vera no trabalho se passou de forma rápida e tranquila, mas ainda tinha um problema. Seu menino só tinha sete anos, eles eram novos no bairro. Seu Richarlison não poderia se chegar da escolinha e ficar em casa sozinho até seu pai largar do trabalho. Caso pagasse alguém para ficar de olho na criança, seu salário iria pelo ralo.

Assim, teve uma ideia: se pudesse buscar o filho na escola no seu horário de almoço e o levar com ela pro trabalho, tudo se resolveria.

Ele ficaria quietinho em um canto - seja lendo quadrinhos, jogando no mini-game que ganhou de presente do avô ou fazendo o dever de casa- não atrapalharia em nada e poder olhar o filho a deixaria tranquila para exercer o trabalho com ainda mais afinco.

A patroa, Ja-kil, tendo um filho da mesma idade, entendeu prontamente o pedido humilde da nova amiga. Sabia que uma criança com energia de sobra ficar sozinha em casa não era um bom negócio e deixou que ela trouxesse o filho. Também não foi difícil encantar-se pelos olhos cor de mel e sorriso envergonhado do pequeno.

– Uhmm… Quem é você? - perguntou a Richarlison, um menininho de cabelos lisos e escuros, só um pouco mais baixo que ele.

– Ri-richarlison. - respondeu com uma voz fina e acuada, cheio de vergonha. "Aquele garoto tinha um boneco incrível do homem-aranha nas mãos", pensou, timidamente, enquanto criava coragem pra dizer – E o seu?

– Son Heung-min. - a outra criança disse alegre, dando à ele um sorriso fofo que evidenciava seus dentes da frente. Mas isso não era o mais importante... Ele sorria tão abertamente que fazia seus olhinhos brilhantes parecerem ainda menores, e Richarlison pensou  que nunca tinha ficado tão encantado com algo em toda a sua vida.

– Seu nome é diferente. - disse o latino depois de alguns instantes- Suas bochechas estavam ardendo, o que estava acontecendo?

– O seu também é diferente, Richarrrlissonnn - com um biquinho nos lábios e um sotaque bem puxado, respondeu o outro. – Você quer brincar comigo? - após uns instantes o encarando de volta, perguntou, com os olhos puxados brilhando de animação.

Esse foi a primeira vez que se viram, e depois disso, os dois tiveram a certeza de que não queriam saber como é estar sem o outro. Se tornaram inseparáveis.

A felicidade ficou ainda maior quando descobriram que estudavam na mesma escola e, atendendo aos pedidos suplicantes do seu Charlinho, seus pais decidiram o mudar para a mesma sala de Son Heung-min.

O quão legal isso era? Ele estava melhorando no Inglês e iria estudar na mesma sala que seu melhor amigo.

Agora, eles estariam juntos sempre - fosse no restaurante dos seus pais, na escola ou no parquinho que ele apresentou a Richie -.
"Ele poderia passar mais tempo com o menino mais legal do mundo todo" - pensava Sonny enquanto pulava de felicidade após escutar a notícia pela sua mãe.

As coisas pro pai de Richarlison também pareciam estar melhorando cada vez mais, quando meses depois, ganhou uma promoção no emprego e pôde alugar a casa do lado da dos Son.

Ao saber disso, Richarlison finalmente derramou as lágrimas que estava guardando desde que tiveram que sair do Brasil. "Seu maior herói conseguiu, seu pai conseguiu" o pensamento ecoava como uma canção na sua mente enquanto era abraçado pelos pais, também emocionados.

E, de alguma forma, Richarlison acreditou que, desde que seus pais estivessem felizes e ele pudesse estar próximo a Sonny, a tristeza não seria capaz de tomar conta de si.

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Oi, pessoal! Essa é a primeira fic que eu tive coragem de prosseguir e postar aqui.

Então, críticas construtivas são bem vindas sempre ( tentem não pegar muito pesado e acabar me destruindo kk)

A proposta dessa estória é ser uma "short-fic" para conseguir testar e melhorar minhas habilidades de escrita enquanto desenvolvo ideias para uma fic maior que tenho em mente.

Espero que gostem, comentem e votem porque todo retorno é uma motivação.

Desde , obrigada a quem se deu o trabalho de ler 💚

It's Nice To Have a Friend (2son)Onde histórias criam vida. Descubra agora