"Pode-se enganar a todos por algum tempo; pode-se enganar alguns por todo o tempo; mas não se pode enganar a todos todo o tempo."
— Venha Stella, o delegado está solicitando a sua presença. — Informou-me o ruivo.
— Certo, vou pegar minha bolsa e meu casaco.
*
"Me sentia nervosa, e ansiosa ao mesmo tempo, mas tinha certeza de que tranquila e relaxada eu não vou ficar tão cedo, bem, pelo menos enquanto não achar esse maníaco.
Foquei tanto em me apressar, que quase caía saindo do apartamento, e em meio a pensamentos acelerados nem percebi Jasper dando risada de mim.
Será que eles realmente conseguiram salvar a Tália?
Eu sei, na televisão mostrou que sim, mas até onde a mídia pode ir? Deixo esse questionamento para você.
Não estou falando que pode ter sido uma armação, mas, bem, ninguém sabe dos bastidores.
Cheguei na delegacia, e não foi surpresa virar o centro das atenções. Tanto os policiais quanto as pessoas que estavam naquele cubo gigante me olhavam intrigados, alguns com nojo, outros com pena, uma pequena parte com raiva, e assim se seguiam pessoas com diversos sentimentos a meu respeito. Um homem estranho, sabe, tipo, com barba malfeita, bandana, dentes de ouro e óculos escuros até gritou em minha direção me chamando de "piranha psicopata", e chegou até a me associar com uma seita demoníaca, falando que era por isso que eu parecia ser tão bonita. Eu aceitaria se fosse uma comparação com a Lady Gaga, mas isso? Não é como se já tivessem confirmado que fui eu que matei a Ariah.
Sabe, era mais fácil e mais prático estar atrás da tela de um computador escrevendo, ajudando as pessoas, e sem me expor pessoalmente a esse nível.
Fui até a sala de Roman, e esperei por lá. Ele deveria estar no terraço da delegacia fumando, ou, com Tália em algum ambiente, cuidando dela.
Tentei dissipar esses pensamentos e fiquei plantada por uns vinte minutos olhando para o teto daquela sala, que era vazia e bagunçada por sinal. Bom, não era tão grande, mas era confortável. Tinha uma mesa, três cadeiras, um computador, alguns materiais de papelaria básicos, uma estante com algumas pastas organizadas por ordem de solução, poucos livros sobre linguagem corporal, e sobre a mesa, muitos papéis soltos e espalhados. As paredes eram pintadas até a metade em um tom de azul porcelana, havia um ou dois quadros de mérito e um quadro de cortiça com algumas informações do caso.
Nunca cogitei que veria meu rosto em um quadro desses, nem mesmo que estaria associada a esse tipo de situação, ou que estaria em uma delegacia por ser suspeita ou testemunha de assassinatos desse porte. Mas estava.
Não consegui me conter, como sempre, e peguei um dos papéis da mesa. Eram informações sobre... MIM!
Sei o que deve estar pensando, "Porra, você é suspeita!", sim, mas não eram simples dados.
Eram as transcrições de áudio das fitas das minhas consultas com o psiquiatra, logo após o acidente com meu pai, e isso não foi de bom tom.
Rapidamente demônios vieram à tona em minha mente, e ler aquelas coisas foi como desbloquear uma memória inexistente, até então. Flashes e mais flashes do quarto branco mal iluminado, a poltrona de couro com cheiro de podridão, o ar empoeirado e aquele maldito velho gordo e caquético sentado com uma prancheta na mão, anotando coisas inúteis, supérfluas e sem sentindo, enquanto me olhava por cima dos óculos.
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Assassinatos no Zodíaco (Em Revisão)
Mystery / ThrillerUm serial killer cruel e misterioso está aterrorizando a pequena Lashbury, deixando pistas macabras baseadas nos signos do zodíaco. A única pessoa que pode detê-lo é Stella Stone, uma jornalista ousada e inteligente, que tem um passado sombrio e uma...