Light up - 06

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Já era de manhã quando Megumi se pegou encarando o próprio reflexo no espelho por tempo demais. Não conseguia parar de pensar na vergonha que sentira ao fazer aquele buquê... Como deixara algo como aquilo simplesmente escapar?! Geralmente conseguia controlar impulsos como aquele, mas Yuji tinha algo que simplesmente fazia seus sentidos se bagunçarem e sua magia se desorganizar, ficando mais intensa e imprudente. 

Nunca se sentira assim antes, mas, nos momentos em que estava com o rosado ou pensava a respeito dele, sua energia amaldiçoada parecia ficar mais forte... O moreno não sabia dizer exatamente o porquê, mas tinha uma hipótese. 

Lavou o rosto e o secou com uma toalha próxima antes de finalmente deixar o banheiro. Começou a caminhar pelo corredor em direção ao próprio quarto, mas seus planos mudaram no instante em que viu Satoru atravessar o mesmo corredor no sentido oposto. 

- Oh, bom dia, Megumi!! - o mais velho cumprimentou, já voltando a andar enquanto carregava uma boa quantidade de papéis rabiscados. 

Fushiguro teve uma ideia. Deu meia-volta no corredor e saiu atrás de Gojo. Talvez conversar com alguém pudesse ajudar, e certamente um homem adulto e experiente como Satoru saberia lidar bem com a situação. 

- Gojo sensei... - o mais novo chamou, ainda apertando o passo. - A gente pode conversar sobre uma coisa? 

- Megumi, agora não é o melhor momento... Eu estou meio ocupado. - o mais velho disse, entrando em um dos cômodos guardados atrás das portas de madeira e começando a espalhar os papéis por uma mesa que exibia fotos, anotações e outros registros e hipóteses acerca de Yuji. 

Megumi observou os papéis de uma forma bem superficial, sorrindo de um jeito meio bobo ao ver as fotos do rosado espalhadas na mesa e em alguns lugares na parede, grudadas com magia. Provavelmente era algo didático acerca do clã que Yuji pertencia, ou pesquisas mais detalhadas acerca do jejum. 

- É sobre o Itadori... - o moreno falou, se permitindo sentar sobre a cadeira de Satoru e deslizar com ela enquanto observava os papéis por cima da mesa. Havia intimidade o suficiente com Satoru para fazê-lo; Gojo era praticamente uma figura paterna para o moreno. 

- Ah, não se preocupe com aquele garoto. - o mais velho já adotou uma postura defensiva, imaginando que Fushiguro fosse dizer algo a respeito da falta de energia amaldiçoada, da história inconsistente ou do fato de Yuji ser incrivelmente humano. - Eu sei que ele é esquisito as vezes, mas... 

- Não, não é isso... - Megumi começou a falar, um pouco sem graça de estar pronunciando aquelas palavras, mas determinado o bastante para dar uma chance ao que sentia. Continuou: - É que... Eu acho que rolou um Tchan. - ele enfim admitiu. 

Satoru congelou durante alguns segundos. Ficou sem reação ao acreditar no que havia acabado de ouvir. 

Olhou para todos aqueles papéis e todas as pesquisas que fizera desnecessariamente. Tantas pesquisas, tantos achismos, tantas hipóteses... Para, no fim das contas, o motivo de Yuji ter sobrevivido e ter permanecido vivo naquele domínio era extremamente mais simples do que parecia: era por conta de Megumi. 

- ... Ah, pelas Sete Chamas... - o mais velho pensou alto, largando os papéis sobre a mesa como se fossem completamente inúteis. - Agora eu entendi tudo...

* * *

- A gente não pode matar o menino. 

- E por que não podemos?! Você decidiu isso sozinho? - Nanami se indignou, olhando feio para Satoru, tal como alguém contrariado o faz. 

Parecia a mesma discussão de antes, a disputa entre matar e não matar. A diferença era que, dessa vez, Kento estava sentado em sua própria cama, em posição de meditação, ainda com o humor relativamente estável. Em contrapartida, era Gojo quem estava nervoso, andando de um lado ao outro, balbuciando palavras agitadamente. 

- Porque, ahn... Ele pode virar um feiticeiro, talvez... Quem sabe?! O garoto tem potencial!! A gente podia fazer ele comer um dedo de Sukuna e... 

- Ficou louco?! - Nanami interrompeu, parecendo até um pouco aborrecido com o fato de Satoru ter sugerido algo tão imprudente quanto aquilo. - Ele ia morrer e ressuscitar um demônio ao mesmo tempo!! Nenhum humano conseguiria coabitar um corpo com a presença de Sukuna. Não faça planos que sabe que não podemos cumprir. - o loiro falou no mesmo tom irritadiço de alguém que dá uma bronca. Cruzou os braços ao final, já vendo sua paciência para aquela conversa ir embora. Kento adoraria que Gojo aceitasse seu plano e os dois exorcizassem o menino logo de uma vez. 

- 'Tá bom, 'tá bom... - Satoru se retratou, parecendo ter percebido o quão estúpida e perigosa aquela ideia era. Seria um risco grande demais para tentar garantir uma pequena conquista, e ambos sabiam que não se deve contar com a sorte em certas situações. Ainda assim, o feiticeiro insistiu: - Mas talvez exista uma possibilidade da gente poder ficar com o garoto... 

Nanami revirou os olhos. 

- Satoru, por que você quer tanto assim ficar com um humano dentro do nosso domínio?! Você não percebe que cada segundo em que ele está aqui dentro representa uma ameaça real 'pra nós?! - o loiro se exaltava e levantava a voz. - Por que não me deixa exorcizar esse garoto logo de uma ve- 

- A gente não pode matar o garoto!!!! - Satoru gritou, movido por suas emoções. Kento se calou e observou o outro de uma forma chocada e surpresa. Fazia muito tempo desde a última vez em que Satoru se deixara descompensar daquela forma. 

Os dois ficaram em silêncio, Gojo passou as mãos pelo próprio rosto, se condenando por ter gritado e se deixado exaltar por conta daquilo. Teve vergonha de seu estado, e também teve vergonha de olhar Nanami nos olhos. 

O loiro adotou uma nova postura. 

- Gojo... - ele chamou em um tom mais baixo. - O que está acontecendo? 

O mais novo suspirou, e olhou de relance para Kento antes de confessar: 

- Itadori e Megumi tiveram um Tchan. 

Nanami arregalou os olhos ao ouvir aquelas palavras.

[continua...]

In the void... (Itafushi)Onde histórias criam vida. Descubra agora