Void - 12

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E a porta de entrada da pequena farmácia local recebeu três pessoas desconhecidas, com alturas acima da média, roupas pretas e uma identidade visual que chamaria a atenção de qualquer um num raio de dois quilômetros.

As poucas pessoas que haviam dentro da farmácia se calaram e voltaram os olhos ao grupo sem nenhum tipo de descrição. O silêncio só não foi total por conta da moda-sertaneja tocando baixo nos amplificadores de teto que haviam na farmácia. O pequeno grupo de feiticeiros teve a impressão de que talvez estivessem chamando atenção, mas não havia muito o que pudessem fazer em relação àquilo.

Adentraram a farmácia, deixando seus olhos passearem por entre as pessoas que ali haviam, mesmo estando óbvio que Yuji não estava entre elas.

Maki caminhou até perto do caixa, ficando diante de uma funcionária de cerca de 17 anos, cabelos ondulados e castanhos presos em um rabo de cavalo, testa oleosa, aparelho e que mexia em seu celular com tela rachada até avistar o grupo e ficar completamente sem reação. Imaginou que fossem da polícia especial ou coisa do tipo.

- P-Posso ajudar? - a jovem perguntou com voz trêmula quando Maki se aproximou.

- Pode sim. - a esverdeada respondeu de bom humor. - Bom dia, querida... Você, por acaso, sabe do paradeiro de um garoto de cabelo rosa, 21 anos e mais ou menos 1,75m de altura que atende pelo nome de Yuji Itadori?

- ... Ahn... - a garota olhou ao redor, sem saber o que responder. - Eu 'tava falando de ajudar com coisa' da loja, mesmo...

A esverdeada revirou os olhos e se afastou do balcão, voltando a voz aos outros dois feiticeiros.

- Itadori não esteve na farmácia... - ela constatou, como se já estivesse cansada de procurar. Os três saíram do estabelecimento.

* * *

- Ele chorou tanto quanto você, Megumi... Eu estou falando a verdade... - Gojo dizia, tentando melhorar a situação e tirar da cabeça do mais novo a estúpida ideia de que nunca fora amado.

- Se ele ficou tão triste assim, por que ele foi embora?! - Fushiguro rosnava de volta, sentindo toda aquela raiva emanar de seu corpo. - Por que ele falou comigo daquela maneira se ele gostava de mim?!

O lado de fora ficava mais caótico a cada instante. As paredes do corredor já não eram mais nítidas, pareciam mudar a cada instante como se o domínio maior estivesse colapsando. Água jorrava por todo o espaço, chegando a vazar através do portal. Satoru já estava com água na altura do joelho, tentando manejar a situação e pedindo para toda e qualquer entidade mágica ajudar aqueles três a encontrarem Itadori e voltarem o mais rápido possível.

A magia de Fushiguro provocava inúmeros barulhos que pareciam ensurdecedores e que nunca iriam cessar. Um vento forte tomava conta dos arredores, quase como um furacão. Se não conseguissem restabelecer o que a magia uniu, poderia ser questão de tempo até que Megumi destruísse tudo.

- Porque... P-Porque... - Satoru tentava pensar em algo que pudesse dizer para justificar tudo aquilo, mas não havia nada melhor para dizer senão a verdade. Ele falou rápido, como quem tem receio do que está prestes a dizer, mas diz mesmo assim: - Porque o Itadori é um humano, Megumi!! - Gojo gritou do fundo de seus pulmões.

O barulho cessou. E a ventania também. Tudo o que se ouvia era o baixíssimo som de algumas gotas de água turva pingando. Megumi estava sem reação diante do que ouvira, e isso havia feito com que sua magia fosse interrompida também. Então, esse tempo todo, Yuji era apenas um humano? Fushiguro não conseguia acreditar.

- Não... - ele sussurrou para si mesmo. - Não, isso é mentira!! - o moreno passou a gritar, fazendo a ventania, a água e o ar quente virem com ainda mais intensidade. - Você só 'tá dizendo isso porque não quer que eu continue gostando dele! Humanos não sobrevivem dentro do domínio, você mesmo me disse!!! - ele tentava achar maneiras de provar que aquilo era mentira.

In the void... (Itafushi)Onde histórias criam vida. Descubra agora