𝐃ias depois de ter se confessado e feito Minho jurar de dedinho que não diria nenhuma palavra daquela história ao Sr.Hyunjin, Jisung, se sentia bem melhor em relação a sua condição, indicando que a hora de partir daquele lugar tão maravilhoso estava próxima. Todavia, o garoto temia ter se acostumado às mordomias que estava vivendo durante sua estada na casa de Minho, não parando de pensar no dia em que teria que voltar para as ruas. Ele não queria voltar para aquela vida, mas a última coisa que Jisung desejava era dar ainda mais trabalho ao gentil confeiteiro que o acolhera.
Quanto mais tempo permanecesse, mais difícil seria partir dali. Principalmente agora que o vínculo de amizade com Jeongin, que o visitava todos os dias, e com Minho que sempre estava ao seu lado para suprir qualquer mínima necessidade, havia crescido exponencialmente.
Por esse motivo, o pequeno, já conseguindo movimentar-se sem sentir tanta dor, levantou da cama na calada da noite, colocando-se à arrumar seus poucos pertences e com o coração na mão, escreveu um último bilhete direcionado aos seus amigos, se despedindo deles.
A dolorosa verdade era que Jisung não sabia como encará-los para dizer-lhes que estava indo embora. Porém, assim que terminou de descer a escada, evitando fazer o mínimo de barulho possível, ele se deparou com uma visão um tanto inesperada. Lá estava Minho, trajando um uniforme negro de chefe, trabalhando meticulosamente em um magnífico bolo redondo de dois andares. Era impressionante a desenvoltura com que ele modelava a massa até se transformarem em lindas formas para decorar aquela obra prima, concentrando cada sentido para aquele trabalho encantador. E essa era a sorte de Jisung, que não tendo sido notado poderia retornar ao quarto como se nada tivesse acontecido.
Isso se ele não fosse um tanto desastrado e não houvesse tropeçado num degrau, produzindo um ruído estrondoso ao deixar suas coisas caírem.
— Tem alguém aí? — uma voz rouca perguntou da cozinha, se aproximando de onde o garoto fujão estava. — Oh Jisung, é você, que susto! Não devia estar na cama?
— Minho questionou e logo seu olhar é atraído para a mochila com a barraquinha aos pés do garoto congelado com expressão assustada no rosto. — O que é...? Tá indo embora?
— E...eeu… — Jisung começou, mas assim que percebeu que não sabia o que dizer, cobriu o rosto com as duas mãos tentando esconder os soluços de arrependimento depois de ver o olhar de decepção no rosto do confeiteiro.
— Ei, não chora Ji. — pediu usando o recém aprendido apelido do menor o fazendo desabar em culpa. — Venha, vamos tomar uma xícara de chocolate enquanto conversamos sobre isso…
Delicadamente foi escoltado por Minho até um banquinho enquanto o confeiteiro se pós a preparar uma bebida quente para o garoto.
— Eu não mereço nada do que estão fazendo por mim. — Jisung se pronunciou, agora mais calmo, observando seu amigo por um líquido espesso e fumegante em uma caneca na sua frente. — Eu só estou atrapalhando a vida de vocês e quanto mais cedo eu ir embora, melhor…
— Nunca mais diga uma coisa dessas. — repreendeu colocando uma quantidade generosa de chantilly em cima do chocolate. — Ajudar você não é trabalho nenhum, eu te garanto... — como Jisung continuava cabisbaixo, Minho continuou. — Quando você cuidava do Jeongin todos os dias depois da aula, ele representava algum fardo?
— Não… Jamais... — murmurou ofendido com tal possibilidade não sabendo onde o padrinho de Jeongin queria chegar. — Era o ponto alto do meu dia…
— É assim que eu me sinto quando eu cuido de você. — segredou bebericando o líquido da sua xícara, fazendo Jisung sorrir do bigodinho de chantilly no cata superior dos seus lábios.
— Obrigado por tudo, Minho. — agradeceu. — Se não fosse por vocês, eu com certeza estaria morto, mas não posso ficar.
— Não, você realmente não precisa ir. — insistiu. — Por favor…
— Não há lugar para alguém como eu aqui, Sr.Lee.
— Alguém como você?
— Sim! Alguém como eu, um ladrãozinho miserável que mora em uma cabaninha de camping num parque qualquer! — Jisung desabafa com um nó na garganta, enquanto Minho não está numa situação diferente.
— Você conhece a história do Hyunjin? Seungmin? Ou até mesmo a do Jeongin? — Minho pergunta com seu tom calmo usual na voz, recebendo um sinal negativo do outro. — Você não é diferente de nenhum de nós... Eu lhe garanto.
— Sinto muito... — falou finalmente entendendo suas mãozinhas para agarrar a sua caneca de chocolate, fechando os olhos para aproveitar cada sensação trazida pelo sabor adocicado da bebida...
— Pode me contar?
— Bom... antes de ser adotado pelo Hyunjin, o Seungmin era criado pelos tios que o forçavam a invadir casas nas noites de Natal para roubar os presentes... lhe parece familiar? — Jisung deu um sorrisinho amarelo e acenou para que Minho prosseguisse. — Um dia ele entrou na casa de um certo castanho que o pegou no flagra, na época o Hyunjin ainda fazia faculdade comigo e morava em um cubículo que mal cabia ele, mas ainda sim ele pegou um empréstimo com os pais e entrou com uma ação na justiça pedindo a guarda tutelar do Seungmin. — Minho fez uma pausa dando uma risadinha nostálgica. — Imagina só, um garoto de 19 anos sendo responsável por outro de 14.
— Hyunjin é uma pessoa maravilhosa…
— Verdade, ele tem um coração enorme, 2 anos depois ele entrou com um pedido de adoção para o Jeongin, que tinha 5 aninhos e havia acabado de perder os pais... Eles foram assassinados na frente do garoto. — Jisung arregalou os olhos, como ninguém nunca lhe contara aquilo antes? — Meu pequeno só escapou porque estava escondido dentro de um armário...
Minho suspirou com os olhos vermelhos encarando o bolo que decorava anteriormente. — Precisava ver como ele estava quebrado quando o Hyunjin o trouxe, parecia apenas um bonequinho sem vida…
— Pobre innie... uma criança tão preciosa não merecia sofrer tanto. — Jisung conclui, ao que Minho apenas concorda com a cabeça. — E a sua história?
— A minha? Ela não tem nada demais… — Jisung se arruma no banquinho com um sorriso que dizia "tenho a noite toda, estou esperando". — Ok... huum, meus pais meio que nunca aprovaram a minha orientação sexual, então quando eu escolhi cursar uma faculdade de culinária, parece ter acendido uma faísca explodindo tudo... Em resumo, eu tive que me virar sozinho em Seul e até pouco tempo atrás eu morava em um treiler apertado trabalhando numa papelaria para pagar meus estudos… Hyunjin era meu colega na faculdade, então resolvemos montar uma sociedade, eu vendi a minha "casa" e ele completou o dinheiro para a gente começar o nosso negócio…
— Uau... Incrível… — fora a única coisa que Jisung conseguiu pronunciar.
— Você pode fazer parte disso… Sabe? Estamos precisando de novos funcionários. — Minho propõe. — O salário não é lá essas coisas, mas…
Estava mesmo acontecendo? Alguém estava lhe dando uma oportunidade? Jisung já não escutava nada dito pelo moreno.
— Quando começo?
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𝗹𝗶𝘁𝘁𝗹𝗲 𝗺𝗼𝘂𝘀𝗲 ▸ 𝗆𝗂𝗇𝗌𝗎𝗇𝗀
Fanfic𖥻 • 「 𝗹𝗶𝘁𝘁𝗹𝗲 𝗺𝗼𝘂𝘀𝗲 」• 𝐀𝐝𝐚𝐩𝐭𝐚𝐭𝐢𝐨𝐧 ▍𝗝𝗶𝘀𝘂𝗻𝗴 invade a 𝗰𝗼𝗻𝗳𝗲𝗶𝘁𝗮𝗿𝗶𝗮 de 𝗠𝗶𝗻𝗵𝗼 a noite para roubar fatias de 𝗯𝗼𝗹𝗼 e deixa 𝗯𝗶𝗹𝗵𝗲𝘁𝗲𝘀 pedindo 𝗽𝗲𝗿𝗱𝗮̃𝗼. ▂▂▂▂▂▂▂▂▂▂▂▂▂▂▂▂▂▂▂▂ ▎「 𝘀𝗵𝗼𝗿𝘁 𝗳𝗶𝗰 」 ▎「...