Paraná estava nervoso. Ele havia decidido que deveria tomar uma atitude, ser sincero em relação a seus próprios sentimentos e finalmente criar coragem para tentar contar pra Rio Grande do Sul que ele tinha não só uma queda, mas um grande penhasco por ele. Faria isso hoje, quando chegasse no trabalho
E ele teria feito isso antes, se o gaúcho insuportável parasse de falar sobre Uruguai. O país tinha visitado recentemente, e o loiro sendo bom amigo dele, decidiu que faria da visita sua personalidade inteira por duas semanas. O sulista moreno cogitou se jogar da janela várias vezes. Ele teria feito isso com uma antecedência até maior a visita do uruguaio, se não tivesse sido tão teimoso.
A sua melhor oportunidade de encantar o outro, aos olhos do paranaense, era tentar chamar Sul para ser sua companhia na festa que aconteceria na sede dos estados, que estaria acontecendo sem nenhum motivo específico, além da simples vontade dos estados e do patrão. O moreno da pele pálida suspirou, entrando no escritório da região sul, vendo o loiro sozinho. Talvez fosse uma boa hora.
Não era, na verdade, visto que Rio Grande do Sul falava com alguém ao telefone.
— Bah, que absurdo! Nem me inventa uma coisa dessas, eu não tô interessado em namorar, não. — Ele disse na defensiva, e Paraná ficou parado na porta, já que assim o loiro ficava de costas para si. — Já falei que não, jaguara, me erra. Tá, pode deixar, até mais, tchau.
Ele desligou o celular, suspirando com uma risada areada. Provavelmente era alguma conversa com algum amigo, ou com o irmão, Paraná apostava que fosse com o segundo. O humor do paranaense murchou com a conversa entreouvida, desistindo de tentar investir no loiro. Afinal, o que ele queria? Claro que o gaúcho não estaria disponível pra nenhum tipo de romance, ele nunca deu a entender que estava. E mesmo se o loiro quisesse namorar alguém, era bobo da parte do moreno pensar que teria chance, Rio Grande do Sul só o olhava quando os dois discutiam.
Paraná entrou na sala, fazendo o sonso, inalterado como se nunca tivesse ouvido nenhuma conversa atrás da porta. Ele foi recebido com um "tá atrasado", que respondeu com um resmungo desanimado. Sul pareceu perplexo ao não receber nenhuma provocação do outro.
~☀️~
Rio Grande do Norte, no escritório do nordeste, tinha começado seu dia da melhor maneira que conseguia: irritando seu irmão. Honestamente, como não tinha a oportunidade de estar presente fisicamente com tanta frequência, o potiguar fazia questão de mandar mensagem, ligar, e se dependesse da vontade dele de fazer o irmão passar vergonha, até mandar carta de correio e carro de som, só para lembrar o irmão de que ele seria, sim, uma presença constante e irritante na vida dele, como ele também era na sua.
Hoje, tinha provocado Sul sobre o colega de região, Paraná. Faziam meses que era óbvio, para Norte principalmente, que o loiro se amarrava no pai de capivara. Toda vez que era confrontado pelo irmão sobre isso, entretanto, o loiro entrava em completo estado de negação. Uma negação mentirosa e teimosa, uma negação completamente engraçada, aos olhos do outro. Brasileiro é um povo que gosta tanto de novela, por saber fazer drama como se estivesse em uma.
Deixando de lado o irmão, e voltando os pensamentos a uma figura de cabelos loiros bem mais agradáveis, Norte cumprimentava Sergipe com um breve bom dia, respondido com animação.
Ah, como adorava aquele garoto. Ele era simpático, lindo, educado, divertido, ficava tão bonito quando falava de como gostava de surf e do mar, e além de tudo, era uma delícia com a pele levemente bronzeada pelo sol, por causa das horas passadas na praia, e os cabelos loiros como areia. O potiguar era gamado nele. E imaginava que muito mais gente também devesse ser, já que com uma presença divina dessas, quem não seria?
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Double Misery!
FanfictionOnde, em uma festa dos estados, Rio Grande do Norte e Paraná sofrem juntos pelos loiros de quem eles gostam, mas não são correspondidos. Ou será que na verdade, são? Independente disso, os dois se consolam em sua miséria dupla. ‼️ Não é RN × PR, e...