Os dois nordestinos chegaram ao território gaúcho bem cedo pela manhã, ambos com roupas de frio reforçadas, com direito a ainda mais roupas nas pequenas malas de viagem que traziam para passar o fim de semana.
Quem foi os buscar no aeroporto foi o próprio Rio Grande do Sul, que os recebeu com uma animação contida, mas definitivamente inapropriada para tão cedo no dia.
— Fala, mano. Sergipe. — Um loiro cumprimentou o outro com um aceno de cabeça e um aperto de mão, sendo correspondido, depois indo abraçar o estado-irmão. — É bom ver a tua cara feia por aqui.
— Cara feia é a tua com essa barba que parece palha! — Reclamou, retribuindo o abraço. O potiguar ofendia o irmão por diversão naturalmente, mas cedo assim, ficava com o pavio mais curto. Sergipe observa os dois, enquanto os três já se dirigiam a caminhonete de quatro portas.
— Pelo menos eu não vou ficar calvo de tanto usar lenço na cabeça.
— Pelo menos eu..
— Tá bom, chega, vocês dois! — O loiro praiano resmungou, e o moreno fechou a boca na hora. — Vocês tão mesmo com disposição pra ficar se farpando assim?
— Bah! Mas não é pra ofender de verdade! — O loiro sulista tentou se defender, parecendo ofendido. — É tipo um meio de demonstrar afeto. Atos de perturbação.
— É, deu pra perceber. — O sergipano riu baixinho, andando mais rápido até o veículo quando distinguiu qual que era. Nunca foi bom entendedor de carros, muito menos de caminhonetes, mas não só para Sergipe, como pra quase o país inteiro, era praticamente um sonho passear no veículo de Rio Grande do Sul, simplesmente por ser chique. Quando se afastou um pouco mais, os dois irmãos continuaram no mesmo ritmo.
— Tu tá até obedecendo ele, já? Mas tu não tem jeito, mesmo, tá derretido igual manteiga. — O gaúcho brincou, empurrando o irmão, sem força.
— Aaaaaah, para de me mangar, seu chato. Essas horas da manhã e você no meu pé. — Empurrou de volta, entrando na brincadeira. — Ainda por cima, na maior hipocrisia, como se você não fosse latir se o Paraná pedisse!
O irmão sulista parou, indignado.
— Eu não faria!
— Faria! — Retrucou, rindo. — E ainda ia dar a patinha.
— Eu vou te largar aqui no aeroporto, seu jaguara do diabo!
Os dois chegaram ao carro, ainda brincando e se provocando de uma maneira que só eles entendiam, sabendo muito bem que Rio Grande do Sul estava mentindo sobre não obedecer o paranaense.
Rapidamente, o quase-casal nordestino foi deixado no hotel.
~☀️~
— O que você vai querer fazer primeiro? — Perguntou o potiguar ao sergipano, depois de deixarem as coisas no quarto.
Norte se sentiu levemente decepcionado quando adentrou o local, já que infelizmente não aconteceu o clichê de ter uma cama só. Eram duas camas e as duas estavam bem distantes. Claro que não tinha como reclamar, levando em consideração de que foi exatamente esse tipo de quarto pedido na recepção, mas ainda assim, ele não reclamaria se ocorresse um feliz acidentezinho que fizesse ele dividir a cama com Sergipe. Se sentia um tarado por pensar assim, mesmo sabendo que não encostaria um dedo no outro sem o consentimento dele.
— Eu não sei? Quando que é a previsão de neve? — O loiro em questão observa a janela com afinco, impressionado com o céu nublado e sem Sol. Não que no próprio estado fosse sempre ensolarado, mas ele estava em um local diferente, tudo parecia extremamente fora do comum. Era tudo tão frio que parecia até outro país.
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Double Misery!
FanfictionOnde, em uma festa dos estados, Rio Grande do Norte e Paraná sofrem juntos pelos loiros de quem eles gostam, mas não são correspondidos. Ou será que na verdade, são? Independente disso, os dois se consolam em sua miséria dupla. ‼️ Não é RN × PR, e...