Ternura

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— Como assim vocês ainda não tão namorando!? — Paraná perguntava andando de um lado pro outro pela sala de descanso, e enquanto Rio Grande do Norte encarava o chão, Rio Grande do Sul encarava o namorado.

— Eu não posso falar que tô afim do garoto e pedir pra namorar com ele no mesmo dia, inferno! Só pelo jeito que eu falei ele já deve ter me achado um puta dum emocionado, você acha que eu tinha alguma moral pra pedido de namoro? — Reclamou, o que na sua percepção era um argumento válido. Ele se sentia em desvantagem já que agora que o sulistas se juntaram, tinha não só um, mas dois para criticar suas decisões.

— É um bom ponto. Fora que choveu, você tava parecendo um cachorro molhado. — Sul deu de ombros.

— Você tá aqui pra me defender ou me ofender? — Indagou, resmungando, ao que o loiro respondeu um simples "os dois", antes de chutar a perna do potiguar, aproveitando que eles se sentavam frente à frente.

Paraná, de pé, parou com indignação e se virou pro outro moreno.

— Você levou ele pra serra gaúcha pra agradar ele e você quer me dizer que você não quer parecer emocionado? Piá! Emocionado você já é!

— Aaaah, Paraná! Abaixa a bola que você surtava de ciúmes antes mesmo de você sequer admitir que tava afim do Sul, isso também é ser emocionado!

— Eu não surtava!

Os dois discutiam toscamente, com o gaúcho quieto observando tudo, enquanto evitavam a verdadeira razão de estarem naquela sala, para início de conversa. Rio Grande do Norte não sabia como avançar com Sergipe. O paranaense jurava que era cu doce, o potiguar defendia que era completamente irracional pedir alguém em namoro depois da primeira ficada e Sul fazia questão de lembrar o irmão de que, mesmo ele tendo sido tão seguro dos sentimentos sobre o sergipano desde o início, o loiro e o moreno sulistas tinham começado a namorar primeiro. Tiveram que se obrigar a parar com a discussão, já que com toda certeza, se não parassem de picuinha logo, iam começar a jogar o que tivesse no caminho uns nos outros.

— Tá, chega! — O paranaense determinou, mais uma vez começando a andar de um lado para o outro. — E como é que você quer pedir ele em namoro, Norte?

O nordestino ficou pensativo, abrindo a boca como se fosse falar algo, depois fechando novamente.

— Eu não sei.

— Claro, gastou todo o estoque de romance no primeiro encontro. — O sulista loiro alfinetou.

— Vai tomar no cu! Fala aí, ô "bonzão", tu que tá namorando, me diz o que eu faço, então. — Resmungou de volta, decidindo que era melhor ele ter ido pedir ajuda para alguém mais normal, como o Maranhão ou a Bahia.

— E eu lá vou saber?! Foi esse aqui quem me pediu em namoro, eu só tive que aceitar. — O barbudo apontou para Paraná com a cabeça, ao que o garoto ficou levemente corado e deu um sorrisinho, confirmando o que o primeiro disse.

— Então me diz com que CARALHOS de moral você quer vir me criticar?!

— Com a moral de quem desencalhou antes de você, guri. — Deu de ombros, presunçoso, enquanto o irmão nordestino ameaçava enforcá-lo com o lenço de seu pescoço. Eles começaram a discutir novamente, no que parecia uma briga e ao mesmo tempo a conversa mais normal de irmãos.

Paraná estava meio... alheio aos dois discutindo. Já tinha se acostumado, faziam isso literalmente o tempo todo, logo logo eles já estariam rindo novamente.

Fora que ele queria ter uma ideia útil e precisava pensar, invés de se concentrar nos dois. Andar de um lado para o outro, de certa forma, ajudava o paranaense com isso, já que era como se estivesse em seu próprio mundinho. Ele fazia isso de andar em círculos como se fosse um louco com frequência (principalmente em casa), e ajudava com o nervosismo, com a ansiedade, ou a ter uma ideia. E foi o caso, novamente. Era como se uma lâmpada tivesse se acendido acima de sua cabeça. Não era uma ideia das melhores, mas parecia uma percepção óbvia.

Double Misery!Onde histórias criam vida. Descubra agora