O potiguar não se lembrava exatamente quando começou a gostar de Sergipe, mas não se importava com a ordem cronológica dos próprios sentimentos, se importava que eles estavam lá. E junto com o sentimento de paixão, também estava presente o de insegurança, afinal, nos olhos de Rio Grande do Norte, o sergipano é bom demais para ser verdade, então como qualquer pessoa seria suficiente para ele?
Apesar dessa convicção, não poderia se permitir a ficar completamente parado, esperando que outra pessoa chegasse e acabasse de vez com suas chances com o loiro. Por sorte, isso ainda não estava perto de acontecer, o que abriu a brecha para que o potiguar pudesse organizar tudo de forma que o deixasse menos ansioso. Também abriu brecha pra que ele fosse criativo.
Então, ele decidiu por levar o sergipano em um lugar onde eles nunca iriam em circunstâncias normais.
Rio grande do Norte queria o levar para a serra gaúcha, ver neve.
Pode até parecer que foi uma ideia do irmão sulista, mas não. O potiguar, na verdade, fez uso da bendita lista que Paraná tinha feito, onde o garoto tinha escrito que Sergipe tinha a vontade de ver neve. O quão verídico isso era, não tinha certeza, mas confiava no paranaense e achava que era uma ótima oportunidade. Então, tinha conversado com o irmão, para deixar a organização da viajem já pronta, se o loirinho aceitasse ir com ele.
Norte se considerava louco por querer ir passear no frio só por causa de Sergipe, mas pelo menos era um louco romântico, não um louco ciumento igual o irmão.
Com um plano na cabeça, ele foi mais cedo para o trabalho, encontrando um lugar bonito ao redor do prédio e pensando no que iria dizer. O potiguar fez isso meio a contra-gosto, já que achava anti-climático chamar Sergipe pra sair no ambiente em que logo depois eles iriam trabalhar, mas chamá-lo por mensagem seria mais anti-climático ainda, e não dava para simplesmente aparecer na casa dele sem ser convidado, então teria que falar com ele na empresa, mesmo.
Quando o loirinho estava chegando, Norte foi todo bobo atrás dele o chamar pra conversar, rapidamente o levando para o cantinho que encontrou.
— Norte, eu ainda preciso bater meu ponto! — Reclamou, mesmo assim seguindo o mais alto.
— Espera, macho, cinco minutos não vão matar ninguém! — Parou de frente pro colega de região, que era adoravelmente mais baixo. — Eu quero te contar um negócio...
— Ah! Vai finalmente me contar seu esqueminha com o Paraná, é? — Sergipe interrompeu, curioso.
— É, é. — Riu. — Mas o Rio Grande do Sul também me ajudou. Tipo, eu acho meio estranho eu vim falar isso do nada, mas... — Começou a se embolar, se perdendo no olhar de expectativa do loiro. — É que eu vou lá na serra gaúcha, o Sul me falou que vai nevar... E um passarinho me contou que você queria ver neve... — Apesar de saber exatamente o que iria falar, o moreno continuava hesitante. Olhar para Sergipe era como olhar diretamente para o Sol. Te atordoava. — E eu pensei em te chamar pra vir comigo. Se você quiser, óbvio.
Trocando o peso de uma perna pra outra, o mais alto esperava a resposta do sergipano, que parecia surpreso com a proposta, e até meio confuso.
— Só eu e você? — Perguntou, então.
— Só você e eu. — Riu de leve. A pergunta o deixou apreensivo, não queria que mais ninguém os acompanhasse, e agora estava com medo de que a presença de mais gente fosse exatamente a vontade do loiro. — Não que eu não fosse gostar que todo mundo fosse, mas pelo que eu entendi, só você que tem vontade de ver nevar, então eu pensei...
— É claro que eu quero. — Norte travou por um momento, o interior borbulhando de alegria com a resposta. — Quando a gente vai?
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Double Misery!
FanficOnde, em uma festa dos estados, Rio Grande do Norte e Paraná sofrem juntos pelos loiros de quem eles gostam, mas não são correspondidos. Ou será que na verdade, são? Independente disso, os dois se consolam em sua miséria dupla. ‼️ Não é RN × PR, e...