Nervosismo poderia ser considerado seu sobrenome naquele momento. Péon acabara de pisar dentro do gigantesco escritório da empresa de arquitetura e urbanismo mais conceituada da atualidade: Gladiolus e já sentia suas pernas bambearem com a pressão do ambiente.
Sempre achou complicado viver em uma sociedade em que era uma minoria, entretanto, naquele lugar ficava ainda mais escancarado o quanto ser um ômega lhe colocava em uma posição quase obrigatoriamente de subalternidade.
Claro, talvez essa sensação também se mesclasse com a certeza de que era apenas um subalterno ali, um jovem inexperiente em seu primeiro dia de trabalho cercado por alfas e betas de todos os tipos.
Mas, pelos deuses, ele sentia que seria esmagado pelo clima denso em seu entorno, os olhares desconfiados voltados para si.
— Ei, garoto, você deve ser o novato, não é? Chegou mais cedo do que o previsto — comentou um dos homens que estavam perto da porta de entrada. — Sou Narciso e fiquei encarregado de te apresentar ao pessoal.
Péon quase recuou por hábito quando o homem que exalava sua aura de alfa se aproximou, contudo, se manteve firme e forte no lugar, estava em um processo de auto aceitação e sua psicóloga o aconselhou a não abaixar a cabeça quando se sentisse intimidado.
— Péon. Agradeço pela ajuda, estava me sentindo um pouco perdido por aqui.
— Péon é um nome bem incomum, nunca conheci ninguém com esse nome além de você… Siga-me, vou te mostrar o lugar.
— Também nunca conheci nenhum Narciso além de você, então, podemos nos considerar quites neste sentido — disse Péon em um tom amigável e de brincadeira, o que arrancou uma suave risada do outro homem que lhe sorriu em resposta.
— Você é engraçado, garoto, acho que vai ser bom ter alguém jovem e espirituoso como você no meio desse bando de carrancudos — falou Narciso e balançou os cabelos azuis do jovem ômega. — Seu cabelo é legal, você mesmo que pintou?
— Espero poder ajudar no que for preciso — afirmou Péon e mordeu a parte interna de sua bochecha. Sua fala poderia ser levada para muitos outros caminhos, ainda mais por ser um ômega no meio daqueles alfas e betas intimidadores. — Ah, sim, minha mãe tem um salão de cabeleireiro e me dava os produtos que sobravam ou estavam para vencer para não desperdiçar.
— Incrível e este tom combina muito bem com você. Acha que ficaria bom em mim se eu tivesse uma mecha?
— Acho que sim… No começo você pode estranhar, mas depois que se acostuma vai gostar — comentou Péon e o homem segurou suas mãos as balançando levemente. Se se esforçasse um pouco mais poderia imaginar um rabo de cachorro abanando de contentamento em suas costas.
— Sério? Você faria uma em mim para testar?
— Posso fazer se realmente quiser…
— Narciso, pare de dar em cima do novato e faça seu trabalho — resmungou um outro alfa que batia ruidosamente seus dedos contra o teclado do computador. O óculos de armação escura pendia em seu nariz longo e arrebitado, enquanto seus olhos de uma escuridão profunda nem ao menos se desviavam da tela ao falar.
— Não seja chato, só estou sendo amigável e tornando a experiência menos traumática. Um dia eu também fui o novato daqui e sei que dá certo medo, principalmente se olhar para sua cara de quem tomou no cu e não gostou, Ícaro.
— Você é sempre tão vulgar com as palavras… Leve logo o novato para conhecer o lugar antes que o chefe te veja enrolando.
Narciso fez um barulho descrente com os lábios e colocou seu braço sobre os ombros de Péon para guiá-lo para o caminho planejado.
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Peônia azul
RomanceEm seus primeiros dias de experiência em uma grande empresa de arquitetura e design de interiores, o jovem aspirante a arquiteto, Péon, conhece seu chefe ômega e escuta boatos que o deixam curioso sobre como aquele homem tão bonito chegou tão longe...