capítulo 1

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Nervosismo poderia ser considerado seu sobrenome naquele momento. Péon acabara de pisar dentro do gigantesco escritório da empresa de arquitetura e urbanismo mais conceituada da atualidade: Gladiolus e já sentia suas pernas bambearem com a pressão do ambiente. 

Sempre achou complicado viver em uma sociedade em que era uma minoria, entretanto, naquele lugar ficava ainda mais escancarado o quanto ser um ômega lhe colocava em uma posição quase obrigatoriamente de subalternidade. 

Claro, talvez essa sensação também se mesclasse com a certeza de que era apenas um subalterno ali, um jovem inexperiente em seu primeiro dia de trabalho cercado por alfas e betas de todos os tipos. 

Mas, pelos deuses, ele sentia que seria esmagado pelo clima denso em seu entorno, os olhares desconfiados voltados para si. 

— Ei, garoto, você deve ser o novato, não é? Chegou mais cedo do que o previsto — comentou um dos homens que estavam perto da porta de entrada. — Sou Narciso e fiquei encarregado de te apresentar ao pessoal. 

Péon quase recuou por hábito quando o homem que exalava sua aura de alfa se aproximou, contudo, se manteve firme e forte no lugar, estava em um processo de auto aceitação e sua psicóloga o aconselhou a não abaixar a cabeça quando se sentisse intimidado.

— Péon. Agradeço pela ajuda, estava me sentindo um pouco perdido por aqui.

— Péon é um nome bem incomum, nunca conheci ninguém com esse nome além de você… Siga-me, vou te mostrar o lugar. 

— Também nunca conheci nenhum Narciso além de você, então, podemos nos considerar quites neste sentido — disse Péon em um tom amigável e de brincadeira, o que arrancou uma suave risada do outro homem que lhe sorriu em resposta. 

— Você é engraçado, garoto, acho que vai ser bom ter alguém jovem e espirituoso como você no meio desse bando de carrancudos — falou Narciso e balançou os cabelos azuis do jovem ômega. — Seu cabelo é legal, você mesmo que pintou? 

— Espero poder ajudar no que for preciso — afirmou Péon e mordeu a parte interna de sua bochecha. Sua fala poderia ser levada para muitos outros caminhos, ainda mais por ser um ômega no meio daqueles alfas e betas intimidadores. — Ah, sim, minha mãe tem um salão de cabeleireiro e me dava os produtos que sobravam ou estavam para vencer para não desperdiçar.

— Incrível e este tom combina muito bem com você. Acha que ficaria bom em mim se eu tivesse uma mecha? 

— Acho que sim… No começo você pode estranhar, mas depois que se acostuma vai gostar — comentou Péon e o homem segurou suas mãos as balançando levemente. Se se esforçasse um pouco mais poderia imaginar um rabo de cachorro abanando de contentamento em suas costas. 

— Sério? Você faria uma em mim para testar? 

— Posso fazer se realmente quiser… 

— Narciso, pare de dar em cima do novato e faça seu trabalho — resmungou um outro alfa que batia ruidosamente seus dedos contra o teclado do computador. O óculos de armação escura pendia em seu nariz longo e arrebitado, enquanto seus olhos de uma escuridão profunda nem ao menos se desviavam da tela ao falar. 

— Não seja chato, só estou sendo amigável e tornando a experiência menos traumática. Um dia eu também fui o novato daqui e sei que dá certo medo, principalmente se olhar para sua cara de quem tomou no cu e não gostou, Ícaro. 

— Você é sempre tão vulgar com as palavras… Leve logo o novato para conhecer o lugar antes que o chefe te veja enrolando. 

Narciso fez um barulho descrente com os lábios e colocou seu braço sobre os ombros de Péon para guiá-lo para o caminho planejado. 

Peônia azulOnde histórias criam vida. Descubra agora