🏀 Azul bebê

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Fim de jogo.

O apito do treinador ecoou pela quadra e deu fim ao último resquício de paciência de Jungkook, transformando seu rosto em uma carranca tão mal-humorada que duvidava se voltaria a sorrir tão cedo. A sensação de perder qualquer coisa já era uma merda, mas perder uma partida para Taehyung, na frente da faculdade inteira, era quase como um inferno na Terra.

— Nem ferrando...

Foi questão de tempo até que os burburinhos incrédulos começassem entre os estudantes na arquibancada enquanto todos encaravam o placar piscar. Estarrecidos.

Vinte e cinco pontos para os Cavaliers.

Vinte e um pontos para os Mavericks.

Diferença mínima, se vista de uma perspectiva geral, mas ainda assim quatro pontos grandes o bastante para fazer Jungkook perder o sono por uma semana inteira.

E para piorar, como se tudo já não estivesse a um passo de se tornar deprimente, boa parte do Twitter oficial da universidade era tomado por uma enxurrada de comentários bobos e tendenciosos, deixando Jungkook com a leve sensação de que estava prestes a infartar enquanto destilava todas as suas amarguras em respostas regadas de palavrão.

Talvez fosse interessante criar uma lista depois com os que ele mais usava quando palavras gentis já não eram mais o suficiente para externalizar todos os seus sentimentos amargos. Muitos deles.

A verdade é que aqueles anos estudando na Boston College poderiam ser ditos como o maior teste de sanidade da história para Jungkook, que já carregava nas costas uma bagagem extensa de desentendimentos causados pelo seu pavio curto e temperamento complicado.

— Dois minutos. Só mais dois! Não é possível um negócio desses.

Depois de ter fugido rapidamente de qualquer interação pós-jogo, Jungkook resmungava sozinho na sua cama bagunçada, tentando lidar com o incômodo infernal que era carregar a impressão que sempre lhe assombrava. A sensação de que poderia ter feito melhor, ainda que tivesse dado seu máximo.

Mas suas pernas pulsavam.

Foi um jogo tenso, afinal, a diferença de pontos havia sido mínima, mas isso não pouparia piadinhas soberbas vindas dos Cavaliers, as quais teriam que aturar.

Piadinhas burras, umas já manjadas, vindas principalmente do capitão deles, que parecia não tirar Jungkook da sua cabeça por um segundo sequer.

— Eu não aguento mais esse cara. Meu Deus do céu. — Um suspiro alto saiu, dispersando toda a sua frustração pelo ar carregado.

O corpo exausto de Jungkook, embora relaxado com seus pijamas furados, se recusava a desligar e simplesmente fechar os olhos para dormir. Então ele reclamava. Continuava a reclamar indignado, sozinho, lembrando do capitão dos Cavaliers e o esforço que ele parecia fazer para ser um tremendo sem noção boa parte do tempo.

A vontade que tinha era de ter continuado na quadra para falar poucas e boas para ele, sabendo que aquilo provavelmente, terminaria como uma performance cover super fraca de alguns dos rounds de MMA. Mas olhando por outro lado, se trancar ali foi talvez sua melhor opção, já que o mau-humor que ficava após perder uma partida era capaz de o transformar em uma pessoa totalmente detestável.

O dormitório individual tinha um silêncio que parecia acalmá-lo naquele momento, as paredes brancas e pouco enfeitadas aliviavam os seus olhos exaustos e avermelhados, mas sua cabeça continuava cheia, principalmente devido às provocações que escutou mais cedo durante os últimos minutos do quarto final da partida.

Azul da cor do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora