Capítulo I - Um jovem e um cavalo arredio.

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Londres, 1222.

Com um sinal de alto para a coluna que encabeçava, Jimin estacou seu cavalo na estrada lamacenta e olhou curioso para a beirada. Já ouvira palavrões antes, mas nada como aquela criativa sequência vinda do outro lado da sebe.

Aparentemente, alguém foi atirado da sela e abandonado por sua montaria.

Contudo, não foram os palavrões, tampouco o desejo de ser útil, que fizeram surgir em seu belo rosto um sorriso irônico, mas o fato de a voz rouca, zangada e intrigante pertencer a um jovem garoto! Sem desmontar, o capataz, Taemin, aproximou-se com expressão igualmente curiosa.

— O que será isso, senhor?

Jimin não teve tempo de responder, pois foi como que capturado por um por um belo par de olhos negros. Através de uma falha na sebe, o moço acidentado o apreciava com uma expressão inescrutável.

Já não era nenhum adolescente, concluiu Jimin. Inúmeros fios de cabelo encaracolado também negros escapavam de uma grossa trança, enfeitando um rosto pálido. Ele vestia uma espécie de túnica de tecido grosseiro, mas cujo cinto delineava um busto perfeito. Jimin aproximou o cavalo da abertura na sebe.

— Um jovem tão belo não comporta palavrões — admoestou bem-humorado.

O moreno reagiu à crítica com uma expressão brava. Jimin tentou consertar rápido:

— Será que encontrei um jovem em apuros? — Nenhuma resposta, só a mesma mudez impertinente. Jimin prosseguia em seu tom despreocupado: — Ou será que é um ladrão de cavalos? — o moreno expressou escárnio.

— Ah, já entendi! — exclamou Jimin. — Você veio aqui para um encontro secreto!

Com os olhos negros cheios de ira, o garoto protestou indignado:

— Como se atreve a dizer tal coisa, seu... — O capataz se adiantou ao senhor.

— Dobre a língua, mocinho! — advertiu. — Sabe com quem está...

— Taemin, por favor — Jimin interrompeu. — Não precisa assustar os aldeões.

— Não, não precisa — reforçou o de olhos negros, ensaiando um sorriso traquinas.

O capataz se afastou, não sem antes olhar contrariado para o jovem.

— Diga-me — retomou Jimin, em seu tom mais charmoso —, falta muito para chegarmos ao castelo de Namjoon?

— Pouco mais de um quilômetro — informou, graciosamente, o aldeão.

— Você trabalha lá?

— Sim, meu senhor.

— E foi seu cavalo que o abandonou, não uma namorada?

— Sim, meu senhor. Ele fugiu, mas eu o pego num instante.

Com isso, o aldeão o dispensou. Mas Park Jimin não era homem de ser dispensado. Por ninguém.

— Podemos ajudar?

O garoto respondeu com a risada mais sonora que Jimin já ouvira de um homem.

— Devo entender que não precisa — concluiu ele.

— Isso mesmo, meu senhor — Ele vai direto para casa. Jimin bem que gostaria de continuar conversando com aquele jovem incomum, mas a tropa já demonstrava impaciência. De qualquer modo, iria revê-lo no castelo de Namjoon.

— Bem, já que não está em dificuldade, desejo-lhe um bom dia — despediu-se, por fim, inclinando-se polidamente, satisfeito em ver o aldeão ensaiar uma mesura antes de sumir para além da sebe.

O Esposo do Guerreiro • Jjk + Pjm [ABΩ]Onde histórias criam vida. Descubra agora