Capítulo XVII - O retorno.

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Londres 1222.
De repente, ouviu alguém chamar seu nome. Olhando para uma passagem estreita entre dois peixeiros, viu Jennie acenando-lhe.

Após se certificar de que ninguém o seguia, foi ao seu encontro.

— O que está fazendo aqui? — indagou à criada. — Não devia estar cuidando de Jungkook? Taemin me contou que ele está doente.

— Vim chamar o farmacêutico. Ele foi para o castelo e eu disse que tinha de fazer umas compras para Jungkook.

— Mas é melhor voltar logo. Podem precisar de você.

— Ele não está muito doente — garantiu a criada. — E só um resfriado, com um pouco de febre, nada mais. Mas, diga-me: o que Taemin pensou desse súbito interesse do amo nas demais propriedades?

— Não está gostando nem um pouco.

— Mas não há o que temer, há?

— Taemin acha que não.

— Você não me parece convicto.

Wojin deu de ombros.

— Começo a pensar que devemos fugir, antes que nossas atividades sejam descobertas. Foi fácil quando era o pai de Jimin e lucramos umas moedas aqui e ali. Mas fomos longe demais. Podemos ser descobertos.

Jennie olhou-o severa.

— Não está pensando em nos abandonar, está?

— Não, claro que não — mentiu ele.

— Ótimo. — Jennie sorriu. — Tenho certeza de que não deixaria sua amante para trás.

— Eu jamais a deixaria.

— E ela jamais deixaria você, a menos que ficasse pobre ou fosse preso. Ou morresse, é claro.

— Mentira!

— Somos todos mentirosos — observou a criada — além de embusteiros e fraudadores.

— Ela me ama! — afirmou Wojin, querendo acreditar, mas sabendo que era mentira também.

— Acredite no que quiser — finalizou Jennie, friamente, passando por ele. — Mas nem pense em pegar a sua parte e fugir.

A criada Jennie estava certa: Jungkook não estava muito doente. Não obstante, o farmacêutico, um careca barbudo de meia-idade, recomendou repouso por alguns dias, deixando-lhe um remédio de gosto amargo para tomar.

Assim que o homem saiu pela porta, Jungkook despejou o remédio janela abaixo e encheu a garrafinha de água. O pouco de cheiro e cor que permaneceu na bebida foi suficiente para que ninguém desconfiasse de sua artimanha. Mesmo sem o remédio, Jungkook recuperou-se em poucos dias, embora se sentisse mais cansado do que o normal.

Atribuía tal indisposição aos longos dias que passava em ansiedade, sem ideia de quando teria a chance de conversar com o marido. Tampouco estava acostumado às atenções exageradas das pessoas durante sua recuperação.

No castelo de seu omma, costumava-se deixar os doentes enfrentando seu mal em paz, servidos apenas por um criado. Namjoon temia que cuidados excessivos incentivassem a vadiagem, mesmo com relação aos próprios filhos. Estes que partilhavam do mesmo pensamento. O solícito Seokjin oferecera-se para revisar as contas de despesas enquanto Jungkook estivesse em repouso, e devia estar realizando um trabalho mais do que perfeito. Para piorar a situação, Jimin não dava notícias.

Seokjin informara que a propriedade mais distante a ser visitada ficava a apenas meio dia de viagem a cavalo, de modo que ele bem poderia ter enviado um mensageiro para saber da saúde do esposo. Por fim, no quinto dia, Jungkook concluiu que não conseguiria mais ficar na cama. Coincidentemente, soube pela criada Jennie, que Seokjin se recolhera a seus aposentos, por estar em seu período de heat. Sendo assim, livre da vigilância do primo Seokjin, poderia finalmente sair daquele quarto, onde tudo lhe lembrava de Jimin e as noites que haviam partilhado. Após tantos dias afastado de seus deveres, estava até com vontade de repassar as contas domésticas com Wojin.

O Esposo do Guerreiro • Jjk + Pjm [ABΩ]Onde histórias criam vida. Descubra agora