Capítulo XV - Por Deus

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E vamos para mais um capítulo! Agora nos veremos nessa fanfic só em outubro! Boa leitura!

E vamos para mais um capítulo! Agora nos veremos nessa fanfic só em outubro! Boa leitura!

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Londres, 1222.

Tenso como a corda de um arco prestes a disparar a flecha, Park Jimin perscrutou seu rosto em busca da verdade por um minuto inteiro. Então, voltou a ser o inabalável castelão Jimin de Gramercie, com uma diferença: era agora um homem tão frio e duro quanto granito. Naquele instante, Jungkook quis morrer. Fracassara completamente. Como um homem que o amara podia fitá-lo daquela maneira?

Mas não o traíra. Não amara outro alfa. Entregara-se a ele puro e honrado e não lhe permitiria dizer o contrário.

— Com que direito insulta-me? — questionou, saindo da cama enrolada no lençol. — Com que prova me acusa?

— Não havia sangue no lençol.

— Havia em mim! E em você! Eu o limpei...

— Muito conveniente.

Jungkook passou para a ofensiva:

— E você não ama seu primo, um ômega tão conveniente?

Ele estreitou o olhar.

— Amo meu primo como irmão e nada mais.

— Viu como é divertido ser acusado injustamente, meu senhor, que vive para diversões de todos os tipos?

— E que tipo de diversões você aprecia, Jungkook? Parece bastante conhecedor... Para um noivo virgem.

Tropeçando no lençol, Jungkook foi até ele, a mão erguida e aberta, como se pretendesse esbofeteá-lo.

Ele segurou-lhe a mão e, cego de ódio, preparou-se para golpeá-lo. O ômega se retraiu certo de que não escaparia. Mas Jimin o soltou com um empurrão e caminhou resoluto para a porta. Sua batida ao sair foi tão estrondosa que mais pareceu um trovão.

Jungkook correu e escancarou a porta, decidido a segui-lo e fazê-lo enxergar a verdade... Quando o orgulho o deteve. O que todos diriam se o vissem perseguir o marido na calada da noite, enrolado num lençol e descalço?

Que não conseguira cativar o afeto do marido nem por um mês e, desesperado, tinha de correr atrás dele?

Ainda deu mais um passo. Como ele se atrevia a acusá-lo de desonra?

Casara-se virgem. Quanto aos conhecimentos que pusera em prática, apenas ouvira seus irmãos e amigos relatarem, nada mais! Mas Jimin não sabia disso. E imaginava... Jungkook recostou-se na fria parede de pedra e fechou os olhos. Devia ter previsto isso. Jimin pensava que seus conhecimentos derivavam da prática!

E tais suspeitas da parte dele deviam ter cavado um fosso entre ambos. Eis por que ele se afastara cada vez mais! Tinha de explicar-lhe!

De repente, já não importava quem poderia vê-lo, nem o que poderiam pensar se descobrissem sua ausência do quarto. Encontraria Jimin e lhe contaria como aprendera sobre o amor. E então, com a bênção divina, recomeçariam.

Jimin desabou a sombra do poço, protegido do luar e da visão dos guardas que patrulhavam na passarela da muralha. Seu coração queria desesperadamente acreditar nos protestos de inocência de Jungkook, mas sua mente aconselhava cautela. Não seria o primeiro parvo a ser enganado por uma pessoa persuasiva. O corpo inteiro tremia-lhe de raiva e vergonha ao abraçar as próprias pernas, a respiração curta e ofegante torturando-o enquanto o pouco autocontrole conquistado se estraçalhava e desaparecia.

Podia tê-lo matado. Ele o enfurecera de tal modo que podia tê-lo matado, tivesse nas mãos uma espada, ou mesmo uma vara. Aquela fora sua arma, tanto tempo atrás, quando cheio de frustração e ira golpeara, golpeara e golpeara insensível a tudo, exceto ao ato de golpear.

Até o cachorro prostrar-se semimorto a seus pés, chorando pateticamente, os olhos castanhos tão acusadores quanto os de uma criança ferida. Horrorizado, gritara e livrara-se da vara antes de se ajoelhar e tomar o corpinho nos braços. Ainda podia sentir-lhe o peso abandonado, quente.

E então sua mãe chegara, olhando-o com expressão incrédula...

Eis o que acontecera na última vez em que tentara ensinar, aos dez anos de idade. Lembrava-se da criaturinha tão bem, mesmo agora. O filhote mais quieto de uma ninhada da cadela favorita de seu pai, era lindo devido ao contraste das orelhas pretas com o corpinho castanho.

Embora criança, Jimin logo viu que se tratava do melhor da ninhada, a transformar-se no melhor caçador. E no mais leal. Decidira, então, ensinar-lhe um truque, para mostrar ao pai como o cãozinho era promissor e como ele mesmo era inteligente por percebê-lo. Chegara a imaginar a cena em que seu pai lhe diria:

— E um excelente cão. Já que começou a treiná-lo, será seu para sempre.

Oh, que pequeno bruto egoísta fora! E quão transparentes seus desejos, pois quisera o animalzinho para si desde o nascimento! Durante o que lhe parecera horas, tentara ensinar o filhote a pegar uma bexiga de porco cheia de ar. Mas ele era muito novinho e logo se cansara da brincadeira. Ante a insistência no treino, irritara-se e o mordera.

Tomado pela raiva, perdera totalmente o controle e pegara a vara. O que fizera em seguida não fora regido pela consciência; não pretendera punir, nem compelir. Foi só ira, frustração e repetição. Até o animalzinho morrer. Sua mãe evolvera-lhe os ombros com o braço, perguntando o que acontecera. Ante a voz branda e terna, não teve como negar a atitude vergonhosa.

Cometera assassinato, ou assim lhe parecera. Aos soluços, confessara-o, tentando explicar o inexplicável. A mãe ouvira pacientemente. A seguir, com cuidado, tomara-lhe o cãozinho morto, esclarecendo que o remorso não o traria de volta à vida. Não havia como desfazer o erro. Eis por que um homem bom e honrado nunca sucumbia à fúria.

Controlava-a, subjugava-a, comandava-a. Era seu mestre.

Então, enxugando-lhe as lágrimas, observara que fora uma maneira dura de aprender tal lição. Sua mãe o tratara com carinho, solidariedade e paciência, mas algo em seu olhar revelara-lhe que algo mudara entre eles, e que perdera algo para sempre. Anos depois, saberia exatamente o que perdera: o respeito de sua amada mãe. Não por completo, mas o suficiente para que a relação entre ambos nunca mais fosse a mesma.

A partir daquele episódio, Park Jimin aprendera a esconder sua ira e frustração... Aliás, toda emoção forte. Até apaixonar-se perdidamente por Jeon Jungkook.

Ele era capaz de atiçar seus sentimentos como ninguém jamais conseguira com suas maneiras diretas e aquela incrível paixão desimpedida. Ele lhe demolia cada barreira erguida cuidadosamente entre suas emoções e o mundo. Agora, escondido em seu próprio castelo, finalmente enfrentava a única emoção que continuava negando. O medo.

Temia sua própria paixão, raiva, amor e ciúme. Temia o que podiam fazer dele e o que poderia perder se lhes desse rédea. Jungkook provocava todas aquelas emoções e ele não estava certo de poder subjugá-las totalmente. Seria prisioneiro delas, não seu senhor.

Que fazer?

Se permanecesse ali, naquele turbilhão em que mal conseguia raciocinar, quem saberia quando por fim perderia seu tênue autocontrole?

Contudo, abandonar Jungkook, fugir como um covarde...

Não tinha escolha. Deveria afastar-se, até ver-se novamente senhor de si próprio, de posse da força para governar seus sentimentos. Precisava mesmo visitar várias de suas propriedades distantes a pretexto de resolver problemas pendentes.

Decidido, levantou-se de trás do poço.

Para ver Jungkook, envolto numa capa leve e descalço, esgueirar-se para o alojamento dos soldados.

O Esposo do Guerreiro • Jjk + Pjm [ABΩ]Onde histórias criam vida. Descubra agora