Any Gabrielly
Na quarta-feira eu cheguei na escola às 8:53, minhas amigas já estavam encostadas no meu armário.
– Nem comecem… - digo assim que chego perto, eu sei que essas três vão me atormentar com o assunto de ontem por um bom tempo.
– Nós nem íamos falar nada - Sabina diz
– É! Claro que não - Olivia confirma o que a morena diz e Joalin concorda com a cabeça.
– Eu não sei se devo ficar feliz ou preocupada com isso, mas vou só fingir que eu não conheço vocês três e que eu acredito que vocês não querem fazer nenhuma pergunta.
– Agora que você falou me deu vontade de perguntar… - Joalin diz com toda uma falsa inocência na voz.
– Tava bom demais pra ser verdade, desembuchem logo, eu vou responder todas as perguntas de vocês até o sinal tocar, depois disso ontem nem existiu.
– A não Any, nós temos muitas perguntas, não vai dar pra fazer tudo em seis minutos. - Sabina retruca
– Agora são cinco e o tempo tá correndo.
– Vamos fazer assim, uma pergunta de cada e você tem que responder as três mesmo se o sinal bater - Joalin propõe.
– Quatro minutos - digo e elas já sabem que recusei a proposta.
– Tá, vamos perguntar só a mais importante então… - Oli diz bufando.
– Any Gabrielly, seja sincera com a gente, não rolou nem um climazinho, não teve nenhuma hora que você ficou sem graça, ou algo parecido? - Sabina pergunta.
– Vocês duas não retrucaram a pergunta… Vocês combinaram?!
– Any responde.
– Talvez tenha tido um momento na praia que...- E então o sinal toca, eu até pensei em continuar, mas vou deixar elas com esse gostinho – Puts o sinal, chega dessa história - digo e abro o meu armário para pegar o necessário para a primeira aula.
– Any Gabrielly você não vai fazer isso! - Joalin diz, de todas as minhas amiga ela é a que está mais animada com o acontecimentos de ontem e nem é por causa de casal, ela sempre quis que eu e Josh voltássemos a ser como antes, eu sei disso.
– No intervalo nós conversamos, prometo - digo e minha amiga me olha com desânimo – É sério, vamos, temos aula agora - eu tenho poucos horários com minhas amigas juntas a semana toda e para o meu azar, quarta-feira, primeiro horário é um deles, elas passaram a aula inteira me atormentando e o fato de ser uma aula que eu não tenho nem um pingo de interesse e elas saberem disso, não ajudou muito a mim.
O tal momento na praia foi algo que não contei nem para minhas irmãs, eu não quis contar porque eu tenho certeza que as cinco iriam surtar e talvez seja porque ali eu senti algo pelo Beauchamp e mesmo que tivesse sido só por um mísero segundo, eu não quero que seja verdade, ele é só um amigo, não seria recíproco…flashback on
dia anteriorDepois de comermos nós ainda ficamos um bom tempo no La Sirena, e enquanto eu não disse que queria ir, Josh não mexeu um dedo para insinuar que ele queria. Geralmente, quando um lugar é especial para alguém que perdemos, tendemos a não ir naquele lugar e eu falo isso por experiência própria, porque desde que meus avós morreram eu não consigo pisar na casa deles, na casa onde eu cresci e está lá, no meu nome me esperando, mas eu não consigo, mas aqui não...aqui é diferente, eu lembro e vir aqui com eles tantas vezes que já sentei em todas essas mesas e eu consigo lembrar das risadas que demos nesse lugar só de olhar, eu amo esse lugar.
Me perco nos meus devaneios e quando olho para Josh ele está parecendo exausto, e eu entendo ele, o treinador pega pesado com os meninos e hoje eles tiveram treino.
– Quer ir embora?
– Não, eu sei que gosta daqui, podemos ficar até fechar só pra sair pela mini porta de madeira, igual fazíamos quando seus avós nos traziam aqui.
– Acho que não passamos mais por ela.
– Talvez se nos apertarmos - e então nós dois rimos.
– Vamos embora, Beauchamp.
Pedimos a conta e quando eu fui ajudar a pagar ele não deixou “meus pais sempre disseram que quando você convida, você paga. Relaxa a próxima é sua” palavras dele.
O restaurante fica perto da praia, então decidimos dar uma volta por lá, porém eu nem pensei que iria até a praia, onde a maresia deixa tudo bem mais frio, ou que ia ficar tanto tempo, então não levei um casaco, e eu estava morrendo de frio e Josh percebeu isso, ele tirou seu casaco, parou na minha frente e jogou por trás dos meus ombros, parecia até cena de romance adolescente clichê, mas ali eu senti algo, acho que porque quando éramos crianças Josh era bem “protetor” comigo, se eu caía ele era sempre o primeiro a me ajudar, se alguém me empurrava ele ia tirar satisfação com a pessoa, eu nunca entendi, mas ele estava sempre ali para me ajudar, eu lembro do Noah dizer que ele era meu guarda-costas e seu ato de agora me fez lembrar de tudo isso, de como tudo era bom antes, da nossa infância brincando no quintal da casa dele, às vezes só nós dois, outras vezes Noah, Joalin e Sina. Quando voltei a mim ele ainda estava parado na minha frente, me encarando e então eu o abracei.
– Muito obrigado por hoje Josh, de verdade, eu saí de casa achando que me arrependeria e agora eu me arrependo só de ter pensado nisso, essa noite foi incrível.
– Eu disse que não ia fazer você se arrepender. Eu só fiquei com medo de ser um lugar que não te traga boas lembranças, mas era onde a gente costumava vir quando éramos menores e…
– Foi ótimo, Beauchamp! - Depois ficamos olhando o mar em silêncio, mas um silêncio bom, confortável…
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Hideaway - Beauany Story
FanficQuando você está no ultimo ano do colegial é natural que algumas coisas mudem. Mas, para Any, o ano foi extremamente diferente. Ainda mais pelo fato de voltar a falar com os seus pais e com seu melhor amigo de infância. Ou voltar a sentir que pessoa...