Any Gabrielly
Menos um dia na escola, a alguns dias passei a contar ao contrário, passei todos os anos desde que me lembro acordando e pensando que tinha mais um dia para ir a escola, agora penso que cada dia que passa é um dia a menos na minha vida atual, independente do que decidir referente a universidade minha vida vai mudar, talvez muito, inclusive o fuso horário, talvez menos, mas vai, e eu aprendi a não gostar muito de mudanças drásticas, a última vez perdi as pessoas mais importantes da minha vida.
Essa semana nossos professores estão apenas revisando todo o conteúdo do bimestre para as provas finais e eu to meio que surtando um pouco, pois ainda não fiz minha matricula na faculdade, eu nem sei ao certo para onde vou, eu já sonhei andando pelos corredores da UCLA de mão dada com Josh um milhão de vezes, mas também já me imaginei nos palcos de um off Broadway na mesma proporção, em alguns desses sonhos consigo o ver sentado na plateia me aplaudindo, sinto que meu subconsciente quer dizer que mesmo em outro estado nós ainda ficaremos bem.
Mas sei que pode ser apenas coisa da minha cabeça, enfim, a única coisa que sei com clareza agora é que eu preciso me decidir e fazer logo minha matricula em alguma universidade.
– Any? - Shivani me chama da porta e só então percebo que ainda estou sentada de frente para a penteadeira.
– Entra!
– Você já está pronta? Os meninos já chegaram! - Ela diz e eu encaro o relógio, 08:38.
– Já vou descer, Shiv, dois minutos - peço e minha irmã concorda saindo do quarto.
Prendo meu cabelo em um rabo de cavalo e desisto de passar qualquer coisa no rosto, pego minha mochila e desce as escadas correndo.
– Bom dia, meu bem! - dou um selinho em Josh que está encostado no batente da porta, já virou costume ele entrar em casa para cumprimentar minha mãe quando chega mais cedo.
– Bom dia, meu amor! Dormiu bem? - ele pergunta depois de dar tchau para minha mãe que estava na cozinha e saímos de casa, os mais novos já estão do lado de fora e entram no carro no banco de trás assim que nós saímos pela porta.
– Vocês vão ficar até mais tarde hoje também? - Josh pergunta aos mais novos que negam.
– Hoje não, o projeto é só segunda, quarta e sexta - Nour quem responde.
Os três, assim como toda a sua turma, estão em uma espécie de TCC para o último ano na Middle e alguns dias da semana ficam até mais tarde na escola. Às vezes os horários batem com o que Josh e eu saímos e ele pega os três no colégio. Josh concorda com a cabeça e o assunto morre.
– Tá tudo bem? Estou te achando distante. - Pergunto ao meu namorado.
– Está sim, meu amor, estou só pensando no jogo de sexta.
O caminho até a Middle só não foi completo em silêncio porque os três atrás não paravam de falar sobre a visita de ontem, porém nos poucos minutos entre a Middle e a High não foi falado um A dentro daquele carro e eu que já tinha pressentido algo estranho, achei pior ainda.
– Josh, o que está acontecendo? - perguntei quando ele desligou o carro na sua vaga de sempre.
– Nada, Any, já disse, é o jogo.
– A gente vai ficar de segredo agora? - perguntei e ele me ignorou saindo do carro, desci também e coloquei a minha mochila nas costas, o garota estava me esperando ao lado do carro como é todos os dias, ele pegou em minha mão ainda calado e eu fiquei o encarando mesmo depois de começarmos a andar. – Josh, fala comigo!
– Any, você sabe bem qual é o elefante na sala… - Ele diz e eu já sei que ele está preocupado com o mesmo que eu estou – Meu pai está me apressando por conta da matrícula - completa.
– Josh….
– A gente pode sair depois do treino? - Ele me corta e eu concordo engolindo em seco. Eu também não estou nem um pouco afim de falar sobre isso agora, antes de mais um dia a menos na escola.
As aulas passaram rápido, mais do que o comum, está sendo assim desde semana passada, em um segundo estávamos entrando na primeira aula, e no seguinte já estávamos nos trocando para os ensaios do musical.
Quando me visto de Gabriela e subo no palco nenhum problema da Any vem junto, o que me faz esquecer por alguns momentos de tudo que está na minha cabeça. Steve decidiu passar a peça inteira e com músicas hoje, o que foi ainda mais anestésico. Porém, para a minha tristeza, logo todos estavam no palco para a performance de We’re all in this together mais uma vez, o que significava fim da passada e consequentemente meio da aula.
– Vocês estão cada dia mais craques, eu tô muito feliz, de verdade, parabéns turma, tenho certeza que se a estreia fosse hoje vocês estariam mais do que prontos! - Steve elogia no final fazendo todos soltarem um coro de “awn”. - Nós só precisamos de alguns reajustes em Stick to the Status Quo, alguém viu o Lamar? - Ele pergunta encarando o palco.
– Steve…ele foi…
– Já sei, já sei, foi para o treino, alguém faz o Zeke, vamos passar sem ele mesmo. - Meu professor diz negando com a cabeça enquanto volta para o meio do auditório de onde gosta de ver nossos ensaios, eu corro para sentar ao seu lado e assisti de camarote uma das melhores performances no meu ponto de vista. – Como pode trocar algo tão majestoso como teatro musical por aquela brutalidade que é o futebol? - O escuto resmungar e cai na risada atrás dele, ele escuta e se assusta – Ai Any, não sabia que você estava aí.
– Vou assistir a performance com você! - Responde e ele se senta e bate em uma poltrona ao seu lado concordando, me sento e quando volto a encarar o palco todos já estão em suas posições.
Edward está no lugar do Lamar e quando meu professor diz ação todos começam a dançar e cantar.
– Any, preciso falar com você no final, não me deixe esquecer! - Steve diz encarando o palco.
– Tem algo errado? - pergunto já nervosa e todos os problemas da Any voltam à tona.
– Claro que não, você é uma estrela, é algo bom, mas agora vamos prestar atenção em seus colegas - Ele responde sem nem me encarar e eu fico mais tranquila.
Olivia foi atrás de Lamar e eu nem tinha percebido, o garoto que estava no banco por ter chegado atrasado nem exitou em voltar para o ensaio e eu pensei em como deve estar difícil sua cabeça também, Steve deixou que Edward terminasse a primeira performance mas assim que acabou fez todos passarem de novo e me mandou para o palco para a cena após a música também. Passamos mais algumas músicas soltas, Get'cha Head in the Game e Bop to the Top,algumas poucas vezes até Steve dispensar todos, antes mesmo de trocar de roupa fui até seu escritório.
– Você disse que precisa falar comigo… - digo depois de bater e ser autorizada a entrar.
– Any… Então, eu tenho uma notícia, eu não ia te falar para não por pressão, mas acho que você precisa saber.
– Steve, você está me assustando…
– Quando você me disse que tinha ficado na lista de espera da NYU eu conversei com um professor de teatro meu da época da faculdade e disse o quanto você é talentosa…mandei alguns vídeos dos materiais que tenho dos ensaios e… - ele respira fundo – Ele disse que vai mandar alguns avaliadores para assistir a peça, talvez assim eles percebam o erro que cometeram em não te aceitar de primeiro.
– Steve… você… Meu Deus… - eu simplesmente fiquei sem palavras e a única reação que tive foi abraçar meu professor – Muito obrigado, de verdade, eu vou ser a melhor Gabriella que essa escola, que o mundo já viu, eu vou ser mais Gabriella que a própria Gabriella eu prometo dar 110%. Muito obrigado por isso, de verdade!
– Any, não significa que eles vão te aceitar, mas é só mais uma chance…
– Eu sei, eu sei! Ainda assim, foi muito legal!
Agradeço mais uma dúzia de vezes e saio da sua sala dando pulos e então percebo o quanto eu quero estudar teatro na NYU e talvez tenha sido essa a minha chave, eu não quero ir para NYFA e nem para a Curtis, eu tenho apenas dois caminhos e um deles é uma lista de espera e em um estalar de dedos eu me decido e então a conversa que pretendo ter com Josh passa a ser mais fácil pelo simples fato de saber o que direi do meu lado também. Eu sei que meu namorado sempre sonhou com a UCLA assim como eu também sonhei, porém meu sonho sempre teve dois lados e o lado B é a NYU. Encontro Sabina e Olivia no camarim e conto a elas a novidade enquanto troco de roupa e antes de irmos encontrar os meninos no campo vamos até a quadra onde alguns dos líderes estão. Joalin quer uma coreografia nova para o último jogo da temporada e recrutou algumas meninas para ajudar ela a montar nos dias que não tem treino, Oli e eu nos livramos por conta do ensaio. Encontro ela, Sina e Heyoon já saindo do vestiário.
– Tenho uma novidade! - Digo animada e as três se aproximam mais rápido, nós ficamos pulando que nem bestas por uns dez segundos depois de contar e então fomos encontrar os meninos que ainda estavam treinando, nos sentamos na arquibancada para esperar. – Não contem aos meninos ainda, quero conversar com o Josh primeiro - peço e minhas amigas concordam.
Vinte minutos depois os meninos estão saindo do vestiário masculino de banho tomado, pelo menos é o que aparenta os cabelos molhados, Josh sorri fraco e me dá um selinho.
– Vamos na lanchonete? - pergunto indo para o carro e ele concorda com a cabeça.
– Queria ir no La Sirena, mas acho que ainda não abriu para o jantar.
– Josh, você quer terminar? - Pergunto deixando os pensamentos intrusivos falarem mais alto.
– O que? De onde você tirou isso? - Ele me encara por alguns segundos depois volta a prestar atenção no estacionamento.
– A gente só vai no La Sirena em eventos importantes, e se você quisesse me pedir em casamento não estaria tão triste, outra coisa nessa proporção é o término.
– Any, eu nunca te levaria ao La Sirena para terminar com você, é seu lugar, eu não ia estragar desse jeito - Ele responde.
– Então você vai me pedir em casamento? Josh eu acho que a gente não tem idade pra casar ainda… - brinco.
– Também não, meu bem! Só queria comer algo mais gostoso que hambúrguer com milk shake hoje.
– Vamos naquele Baked Potato que abriu na orla… - peço e ele concorda sorrindo fraco.
E mais uma vez o silêncio reina, então ligo a rádio apenas para não ficar tão ruim, em um farol vermelho Josh me encara e me puxa para um selinho rápido.
– Eu te amo, Any! - ele diz antes do farol voltar para o verde e ele voltar a andar.
– Eu também te amo, meu bem! - responde e vejo seu sorriso no canto do rosto.
Não demora muito para chegarmos ao restaurante, nós dois pedimos batatas recheadas de cheddar e bacon e assim que nossos pratos estão prontos, nós realmente entramos na conversa que tanto evitamos por tanto tempo.
– Eu queria muito que os cenários fossem diferentes, Any, mas eu não sei, não consigo me ver em outro lugar, eu juro que tô tentando meu bem, mas minha mente sempre volta pra UCLA.
– Meu amor, está tudo bem! Você precisa entender que nós não seremos felizes se um desistir dos seus próprios sonhos por conta do outro, a gente vai conseguir conciliar.
– Você já se matriculou em alguma? - Ele pergunta e eu nego com a cabeça – E para onde você vai?
– Josh - eu respiro fundo antes de continuar – Hoje eu fiquei sabendo que terão olheiros da NYU na plateia do musical e eu acho que eu fiquei mais feliz sabendo que minha “fila de espera” pode virar um “aceita” do que eu fiquei feliz vendo o “aceita” da NYFA e da Curtis juntas.
– Any, isso é incrível meu bem! Você é uma estrela, eles vão perceber isso te vendo pessoalmente.
– Amor, deixa eu terminar antes de você ficar feliz, ok? - Ele concorda ainda sorrindo – Eu decidi que a NYU vai ser meu golpe de minerva, se eles me aceitarem vai ser o ponto para eu ir para New York, mas se depois do musical minha situação não mudar, vou ender que a UCLA também é meu lugar, ok?
– Any, mas a NYFA também é…
– Mas eu não quero, Josh ou a NYU ou a UCLA, e você vai seguir o seu sonho assim como eu vou seguir o meu, ok?
– Any, mas e como a gente fica?
– Josh, eu te amo aqui e vou continuar te amando lá do lado Norte do país, eu sei que pode ser difícil, e eu já assisti comédias românticas o bastante para saber que pode ser que não dê certo, mas você é minha alma gêmea Josh, ninguém no mundo, nem distância alguma pode mudar isso, você é minha linha vermelha e a gente vai se encontrar, sempre. Tudo bem?
– Você está dizendo que se as coisas ficarem difíceis e precisamos terminar, tudo bem? - Ele pergunta com os olhos cheios de lágrimas.
– Não meu amor, não vai estar “tudo bem” mas somos eu e você e nós vamos passar por isso, e você não vai se livrar fácil assim de mim, não existe essa de “se as coisas ficarem difíceis” eu só vou te deixar livre para pegar as patricinhas de Beverly Hills se as coisas ficarem mais que impossiveis. Ouviu bem?
– Eu te amo, para sempre Any e eu vou fazer o impossível para que as coisas não fiquem impossíveis. E eu nunca pegaria uma patricinha de Beverly Hills.
– E a gente nem sabe se eu vou passar mesmo para NYU.
– Eu sei, meu bem! Eles não são loucos - Josh pisca para mim antes de colocar mais uma garfada da sua mistura de batata, cheddar e bacon na boca.Passamos cerca de meia hora conversando sobre a possibilidade dos verões em New York e em como nós saberemos lidar com tudo. Eu espero de verdade que se eu conseguir entrar na NYU tudo que Josh e eu profetizamos essa tarde realmente venha a acontecer, mas o que me deixou mais feliz foi o fato dele trabalhar com a hipótese que eu já tenho minha vaga na NYU, Josh nunca duvidou do meu talento e isso me dá forças para ir a qualquer lugar e eu sei que enquanto tiver seu apoio eu consegui alcançar as melhores coisas.
Notas
Eita eita, e esse casal a distância em?
Vai dar bom né, eles se amam!
Nos vemos dia 15, no musical!
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Hideaway - Beauany Story
Fiksi PenggemarQuando você está no ultimo ano do colegial é natural que algumas coisas mudem. Mas, para Any, o ano foi extremamente diferente. Ainda mais pelo fato de voltar a falar com os seus pais e com seu melhor amigo de infância. Ou voltar a sentir que pessoa...