Puxo o ar para os meus pulmões mas ele não vem. Desvio meu olhar rapidamente para Sophie, tentando decidir o que pedir de petiscos. Não tem aquela sensação, de nervoso, de algo que para os outros ao redor passa despercebido mas que tira o seu folêgo? Eu fui pega desprovida, com a guarda baixa por aquele olhar intenso.
— O que você vai querer pedir de pesticos? — Sophie pergunta.
— Eu estou sem fome, comi em casa. — engulo seco. — Sophie, chega mais.
Ela entende o sinal e puxa sua cadeira mais próximo à mim.
— É fofoca?? — Vejo seus olhos azuis brilharem enquanto ela usa o cardápio para cobrir seus lábios.
— Não exatamente, na verdade não é nada demais, é só algo que aconteceu...algumas vezes. — dou de ombros.
— Ora Val, desembucha logo. Não me diga que voltou a ter insônia? — entoou com um ar preocupado. Depois que eu vim morar com a tia Rose passei a ter muita insônia, mesmo tomando chás, remédio, e outros truques, ainda não me despedi das minhas noites em claro. Para não preocupar titia e Sophie, acabei falando que as crises melhoraram, o que não é totalmente verdade mas também não é mentira.
— N-Não é isso! — pigarreei e a encarei com seriedade. — Para você entender a cronologia dos fatos, preciso te contar desde o começo, há 4 meses atrás.
Ela arregala seus grandes olhos de Suindara. — Mas que porra Val — exclama, deixando cair o cardápio sobre a mesa — Espera, vou chamar o garçom, preciso acompanhar essa história com bebida. — ela faz um sinal com o voucher para um jovem alto e esbelto, que entende o recado e acena de volta para ela.
Agora sim, — retorna seu olhar atencioso para mim — me explica timtim por timtim.
— Lembra que eu te contei, que tinha feitos uns exames de rotina? — Sophie balança a cabeça de forma afirmativa. — Eu tinha ido lanchar, e acabei reparando em um rapaz que eu nunca tinha visto por aqui antes.
— Sem chance! — me corta. — É fofoca de garoto? Não tô acreditando niss-
— Shhh! — olho em volta por um instante. — Presta atenção, senão eu não vou contar.
— Tá bom, tá bom! — Sophie colocou os cotovelos sobre a mesa e apoiou seu rosto com as mãos. Deveras concentrada no que tenho a dizer.
— Apenas fiquei curiosa, ele tinha um estilo meio...charmoso. — vejo Sophie sorrindo, pressionando os lábios para não me interromper — Bom, ele percebeu minha presença porque eu não sou lá muito discreta.
— Péssima stalker.— Sophie deixa escapar.
— Enfim, daí pula para o dia da minha entrevista — interrompo minha fala quando o garçom chega com o nosso primeiro litro de cerveja.
— Obrigada! — Sophie agradece e enche nossos copos.
— No dia, — que foi hoje na verdade — choveu, e eu acabei roubando um guarda-chuva que estava na estação. — Dou um gole da bebida excessivamente refrescante — Depois fui para entrevista, e adivinha quem estava lá também?
— O carinha! — avança em minha direção.
— Isso mesmo, até aí tudo bem, determinei que tinha sido coincidência. Mas, depois da minha entrevista ele estava lá fora me esperando. — acabei deixando soltar um leve sorriso sem graça.
— Por que ele estava lá te esperando? — diz Sophie franzindo as sobrancelhas, parecendo confusa.
— O guarda-chuva que eu furtei era dele. — Sophie solta uma gargalhada escandalosa.
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Um Estranho conhecido
ChickLitTodos os dias nós vemos e nos relacionamos com pessoas diferentes. De uma fora ou de outra precisamos socializar para que possamos conviver em sociedade. Na história da humanidade grandes ideias surgiram da colaboração de dois ou mais mentes brilhan...