Capítulo 6| Destilado da coragem

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Puxo o ar para os meus pulmões mas ele não vem. Desvio meu olhar rapidamente para Sophie, tentando decidir o que pedir de petiscos. Não tem aquela sensação, de nervoso, de algo que para os outros ao redor passa despercebido mas que tira o seu folêgo? Eu fui pega desprovida, com a guarda baixa por aquele olhar intenso.

— O que você vai querer pedir de pesticos? — Sophie pergunta.

— Eu estou sem fome, comi em casa. — engulo seco. — Sophie, chega mais.

Ela entende o sinal e puxa sua cadeira mais próximo à mim.

— É fofoca?? — Vejo seus olhos azuis brilharem enquanto ela usa o cardápio para cobrir seus lábios.

— Não exatamente, na verdade não é nada demais, é só algo que aconteceu...algumas vezes. — dou de ombros.

— Ora Val, desembucha logo. Não me diga que voltou a ter insônia? — entoou com um ar preocupado. Depois que eu vim morar com a tia Rose passei a ter muita insônia, mesmo tomando chás, remédio, e outros truques, ainda não me despedi das minhas noites em claro. Para não preocupar titia e Sophie, acabei falando que as crises melhoraram, o que não é totalmente verdade mas também não é mentira.

— N-Não é isso! — pigarreei e a encarei com seriedade. — Para você entender a cronologia dos fatos, preciso te contar desde o começo, há 4 meses atrás.

Ela arregala seus grandes olhos de Suindara. — Mas que porra Val — exclama, deixando cair o cardápio sobre a mesa — Espera, vou chamar o garçom, preciso acompanhar essa história com bebida. — ela faz um sinal com o voucher para um jovem alto e esbelto, que entende o recado e acena de volta para ela.

Agora sim, — retorna seu olhar atencioso para mim — me explica timtim por timtim.

— Lembra que eu te contei, que tinha feitos uns exames de rotina? — Sophie balança a cabeça de forma afirmativa. — Eu tinha ido lanchar, e acabei reparando em um rapaz que eu nunca tinha visto por aqui antes.

— Sem chance! — me corta. — É fofoca de garoto? Não tô acreditando niss-

— Shhh! — olho em volta por um instante. — Presta atenção, senão eu não vou contar.

— Tá bom, tá bom! — Sophie colocou os cotovelos sobre a mesa e apoiou seu rosto com as mãos. Deveras concentrada no que tenho a dizer.

— Apenas fiquei curiosa, ele tinha um estilo meio...charmoso. — vejo Sophie sorrindo, pressionando os lábios para não me interromper — Bom, ele percebeu minha presença porque eu não sou lá muito discreta.

— Péssima stalker.— Sophie deixa escapar.

— Enfim, daí pula para o dia da minha entrevista — interrompo minha fala quando o garçom chega com o nosso primeiro litro de cerveja.

— Obrigada! — Sophie agradece e enche nossos copos.

— No dia, — que foi hoje na verdade — choveu, e eu acabei roubando um guarda-chuva que estava na estação. — Dou um gole da bebida excessivamente refrescante — Depois fui para entrevista, e adivinha quem estava lá também?

— O carinha! — avança em minha direção.

— Isso mesmo, até aí tudo bem, determinei que tinha sido coincidência. Mas, depois da minha entrevista ele estava lá fora me esperando. — acabei deixando soltar um leve sorriso sem graça.

— Por que ele estava lá te esperando? — diz Sophie franzindo as sobrancelhas, parecendo confusa.

— O guarda-chuva que eu furtei era dele. — Sophie solta uma gargalhada escandalosa.

Um Estranho conhecidoOnde histórias criam vida. Descubra agora