Um Estranho conhecido

Capítulo 7 | O gloss de cerejas entre garrafas de álcool

Sinto o olhar de Ethan sobre os meus ombros enquanto converso com o barista sobre o meu pedido. Mais uma vez, me impressiono com o fato de ele ter vindo até mim; nem tive tempo de pensar em algo para perguntar a ele. Tento me forçar a buscar algum assunto para tentar puxar conversa, por mais banal que seja, só para tentar conhecê-lo melhor. No entanto, minha cabeça está meio pesada; deve ser o álcool ou os pensamentos que surgiram sobre meus pais. Com certeza deixei transparecer a agonia que estava sentindo em meu rosto naquele momento, o que explicaria por que ele ainda está me esperando pacientemente.

Quando o barista começa a fazer os drinques, volto minha atenção para Ethan. Comparado com as vezes em que nós nos trombamos por aí, ele está excepcionalmente bem arrumado agora. É como se a noite o tivesse deixado revigorado; suas olheiras e gestos introvertidos ainda estão presentes, mas estão escondidos por alguma aura brilhante que emana de seu corpo. Seu cabelo está arrumado, mechas negras se escondem atrás de sua orelha esquerda. Há um leve brilho em suas bochechas; isso acontece comigo toda vez que tomo um banho quente. Ele está mexendo em seu celular e não parece muito entretido com ele.

Tento chamar de volta a sua atenção, pigarreei — Então... Pegou muita chuva na volta para casa? — disse rapidamente. Eu juro que tento, mas não consigo expor em palavras tudo que eu penso, pois penso muito, sobre muitas coisas. E com ele esse efeito só piora, tem algo em sua companhia que me faz ficar hipnotizada. Além disso, faz tempo desde que não me interesso por alguém, minhas habilidades de conversação com pessoas novas estão enferrujadas, estou no lucro de conseguir falar algo.

— Para falar a verdade não muito, já estava acabando quando cheguei em casa.— diz Ethan colocando as mãos no bolso de sua calça jeans.

— Ah...Que bom!— Dou um leve riso sem graça. Tento avistar Sophie nas mesas do outro lado, ele está me observando com um olhar de "mãe orgulhosa". Como se eu estivesse em alguma competição esportiva do ginásio. Só falta ela conseguir bandeirinhas, e gritar algum canto de torcida.

— Sabe, tem uma coisa estranha acontecendo comigo, — diz Ethan subitamente, fazendo com que eu preste total atenção.— sinto que tem alguém me seguindo. Há um tempo.

Expresso um olhar confuso, que sem entender o motivo, faz ele sorrir.— Pois então, tem essa garota, que aleatoriamente vem aparecendo algumas vezes para mim, eu acho que deve ser algum tipo de stalker. — Diz Ethan expressando um olhar pensativo mais falso que uma nota de três reais.

— Como ela é? — perguntei, tentando buscar em minhas memórias algo que indicasse se eu já a tinha visto em algum lugar. Se ela está seguindo ele, provavelmente já a devo ter visto.

— Ahh, ela é assim da sua altura. Os cabelos são cacheados iguais aos seus. Também são ruivos e longos. Ela tem a pele clara como a sua e se veste como você, olha que coisa! — disse ele, sorrindo, enquanto finalmente percebia que era de mim que ele estava falando.

— Eu não estou te seguindo! — retruquei, irritada com a provocação.

— Mas como? Você aparece em todo lugar que eu estou. — disse ele com um leve tom narcisista, tentando me provocar.

— Mas eu cheguei aqui primeiro, então quem estava sendo seguida era eu. — argumentei.

— Oh, então você ficou me observando desde que eu cheguei? — entoou com um tom sarcástico, como se fosse um jogo de xadrez e ele estivesse dando o "xeque!"

— Impossível qualquer um não ter notado sua presença; você está todo de preto e deve ter quase 2 metros de altura, é uma torre ambulante! — soltei, na intenção de ficar por cima depois dessas provocações impetuosas. Ele ficou sobressaltado por alguns segundos e depois caiu na gargalhada. Cedi ao lado cômico da conversa e acabei sorrindo também.