Capítulo 7

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- Cau! - Porschay gritou, pulando em cima de Macau e o abraçando. - Oi!

As aulas de Porschay tinham terminado mais cedo naquele dia, então ele foi até a sala de Macau, para o esperar.

- Oi, Chay! - Macau cumprimentou, dando um selinho em Porschay.

- Você está ansioso? Hoje é o grande dia! - Porschay lembrou, vendo Macau sorrir ainda mais.

- É claro que eu estou ansioso! - Macau respondeu, soltando Porschay de seu abraço para, em seguida, pegar sua mão. - Vamos pro meu quarto.

- Uii! - Alguns colegas grifinorios maliciaram a fala de Macau, que revirou os olhos.

- Não liga pra eles, são todos safados. - Macau disse, fazendo Porschay rir. - Vamos, agora.

Porschay assentiu e ambos, rapidamente, começaram à correr pela escola, à subir para a torre onde ficava o salão comunal da Grifinoria.
Quando chegaram lá, deram a senha para a Mulher Gorda, e entraram no salão.

Atravessaram o salão e subiram pelas escadas para os dormitórios. Macau abriu a porta e ambos foram até a pequena gaiola que ficava ao lado da janela.

Dentro da gaiola, estava a coruja que Macau e Porschay resgataram e cuidaram durante aquele tempo. Eles haviam pegado ela no início de outubro e, agora, era início de dezembro.

- Oi, Safira. - Macau cumprimentou, sorrindo quando a coruja começou à bater as asas e à soltar gritinhos ao vê-los. - Oi, meu amor! Tá feliz porque hoje você vai voar?

A coruja piscou e soltou outro gritinho, aquilo era um sim.

- Então vamos? - Porschay perguntou, vendo Macau assentir.

Os dois deixaram suas mochilas com seus livros na cama de Macau e saíram do dormitório e, depois, do salão comunal.

Desceram pelas escadas do castelo até chegarem ao térreo, Porschay estava ofegante.

- Eu não aguento ficar subindo e descendo essas escadas. - Porschay comentou.

- Você é muito fresco, eu aguento. - Macau riu.

- Porquê você já é acostumado! Tem que subir até lá em cima para ir pro dormitório, o meu dormitório é nas masmorras. - Porschay argumentou.

- Como você pode se cansar assim? Você não joga Quadribol?

- Você sabe que o jogo é ficar sentado em uma vassoura, enquanto seus braços fazem todo o trabalho. - Porschay respondeu.

- Ui, por isso seus braços são tão musculosos. - Macau comentou, sorrindo malicioso, enquanto tocava em um dos braços de Porschay e apertava. - Em compensação, suas pernas parecem duas varetas!

- Você tá pedindo pra apanhar! - Porschay disse, dando alguns tapas em Macau.

Safira, dentro da gaiola, soltou um grito descontente vendo aquela cena.

- Viu? Ela não gosta que você me bata! - Macau disse, levando a gaiola até a altura de seu rosto, fazendo uma voz fina, como se fosse Safira falando. - Pai Chay, não bata no meu pai Macau, ele é muito legal e bonito.

- Se o seu pai não fosse um pirralho, eu não precisaria bater nele. - Porschay devolveu, mostrando a língua para Macau, que riu.

Os dois chegaram no pátio da escola, que estava coberto de neve e alguns alunos do primeiro e segundo ano estavam brincando de se atirar bolas de neve.

- Tá pronta, meu amor? - Macau perguntou para Safira, que piscou e mexeu a cabeça. - Tô nervoso.

- Não precisa ficar, Cau, você cuidou bem dela. - Porschay o tranquilizou.

- Não é por isso... - Macau fez um biquinho com os lábios. - É que eu me apeguei à ela. Não quero que ela vá embora.

- Ah, não. - Porschay puxou Macau para um abraço, que foi retribuído. - Ela não vai embora, Cau. Ela só vai ficar com as outras corujas no Corujal.

- Pra mim é muito longe! - Macau fez drama, arrancando uma risada de Porschay. - Não ri!

- Você tá chorando? - Porschay perguntou, ouvindo Macau fungar.

- Não. - Macau disse, se afastando de Porschay e limpando o rosto molhado.

- Você é tão fofinho! - Porschay o abraçou novamente, deixando alguns beijos pelo rosto de Macau. - Não conhecia esse seu lado sensível. Para de chorar, vai. A Safira não vai te abandonar, não é, Princesa?

Safira balançou a cabeça novamente.

- Ok, você venceu. - Macau respirou fundo, contendo as lágrimas que queriam cair dos seus olhos.

Macau abriu a portinha da gaiola e, em seguida, Safira voou para fora dela.
Macau e Porschay sorriram vendo-a voar. Ela voava alto e dava rodopios pelo ar, um grande espetáculo.

Logo depois, ela veio até Macau e pousou em seu ombro, esfregando a cabeça na bochecha dele, dando carinho ao grifinorio.

- Ela te adora. - Porschay comentou, sorrindo para a visão. Safira, em seguida, voou e pousou em seu colo, se aninhando nos braços quentinhos cobertos por um blazer verde escuro.

- Ela te adora, também. - Macau devolveu.

- Mas gosta mais de você. - Porschay respondeu.

- É porquê eu sou mais legal. - Macau riu quando Porschay fez careta.

- Só não te bato, porquê a Safira tá no meu colo!

Eles olharam para Safira, que estava com os olhinhos fechados, aproveitando o abração quentinho de Porschay.

- Você vai leva-la pra casa? - Porschay perguntou.

- Claro, ela é minha, agora. - Macau respondeu, levando a mão para a cabeça de Safira, fazendo um leve carinho.

- É uma grande responsabilidade cuidar de um bichinho. - Porschay comentou, vendo Macau assentir com um sorriso.

- Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. - Macau citou.

Porschay olhou para Macau, surpreso.

- O que você disse?

Quando Macau repetiu, Porschay ficou ainda mais surpreso.

- Essa é uma frase do meu livro favorito. - Porschay comentou.

- Eu sei: O Pequeno Príncipe. - Macau respondeu, deixando Porschay de queixo caído. Macau riu. - O que foi?

- É que.. Eu só fiquei surpreso por você ter lido esse livro também. - Porschay respondeu. - É um livro trouxa.

- É, e eu tive a maior dificuldade para conseguir ele: fui à uma biblioteca em Londres, e me confundi todo na hora de converter galeões com libras. - Macau riu.

Porschay riu junto com ele, agora o olhando confuso.

- E por que você resolveu ler "O Pequeno Príncipe"?

- No segundo ano eu via você andar de um lado pro outro, na escola, com esse livro. Fiquei curioso e resolvi ler para ter algum assunto contigo. - Macau respondeu, com as bochechas vermelhas de timidez.

- E por que você nunca veio conversar comigo sobre o livro?

- Sei lá, acho que eu tinha vergonha de falar com meu crush. - Macau respondeu.

Porschay sorriu pequeno para aquela confissão, levando sua mão até o rosto de Macau, apertando levemente sua bochecha.
Estava surpreso por descobrir que Macau havia tido um crush nele no segundo ano. Ele nunca tinha reparado naquilo.

Se ele soubesse que Macau gostava de si naquela época, não ficaria tão focado em observar somente Kim.

Amortentia - MacauChayOnde histórias criam vida. Descubra agora