[OsaSuna] Até o fim do Universo

Capítulo 1 - Negócios não resolvidos

"Vocês foram brilhantes hoje!"

Osamu aceitou o elogio e aproveitou a tendência a tagarelice de Atsumu, para deixar as perguntas a cargo dele. Mesmo a milhões de quilômetros de distância representado por um holograma, Atsumu conseguia dominar qualquer ambiente e, francamente, nesse momento Osamu era grato por isso.

Sua função era programar, ajudar a dar contexto e vida às invenções malucas e geniais que Atsumu criava com seu talento e paixão pela engenharia de hardware. Haviam acabado de apresentar um novo conceito para pequenas aplicações comuns a praticamente todos os seres pelo universo: comunicadores, tradutores e respiradores acoplados ainda mais modernos e versáteis do que os disponíveis no mercado, que permitiriam ainda mais dinamismo e tranquilidade a seres de mais de 300 espécies em suas viagens interplanetárias.

Fazer a apresentação simultânea na feira de investimentos, com Osamu na Terra e Atsumu em Astra², havia custado muitos créditos e tempo, mas se mostrava excelente do ponto de vista comercial, deixando um no centro humano e o outro no centro androide do universo durante o evento que acontecia em diversos planetas. O problema agora era lidar com a atenção de ambos sendo requerida em pontas opostas da galáxia.

Atsumu havia feito alguma piada nerd de engenharia robótica muito boa pois risos e aplausos ecoavam ao redor deles. Era o momento perfeito, tudo pelo que haviam trabalhado duro por tantos anos, se tornando real. Os lábios de Osamu se curvaram também, mesmo que não tivesse entendido a graça, afinal nada no mundo era mais importante do que ver seu irmão feliz.

Quando se preparava para aceitar mais uma rodada de perguntas, Osamu viu o holograma de Atsumu tremer, ondas de interferência o cortando até que sumisse. Ele sorriu sem graça e fez uma piadinha sobre o absurdo de em pleno ano 3030 os problemas de conexão ainda existirem e pediu um minuto para verificar. No mesmo instante, todos ao redor que estavam conectados via holograma também desapareceram e sem qualquer explicação lógica, Osamu sentiu seu coração sendo esmagado dentro do peito.

*

Dois dias depois, algum esclarecimento finalmente chegou à Terra. Exausto, faminto e desolado, Osamu recebeu o comunicado oficial em seu dispositivo intraocular. Enquanto as imagens de total destruição de Astra² causada por um ataque terrorista dos androides tomavam sua visão, ele apenas parou onde estava, em pé na calçada do lado de fora da embaixada do sistema planetário de Astra, e deslizou pela parede até cair sentado no chão.

As imagens eram acompanhadas das poucas informações recebidas até o momento: androides com inteligência artificial avançada haviam dominado todo o sistema do planeta, derrubando satélites, destruindo barreiras de proteção e oxigênio, dizimando toda vida orgânica humana ou extra terrestre na superfície. Nenhuma demanda havia sido feita, e nenhum grupo específico responsabilizado, então as suspeitas giravam em torno de uma demonstração de poder e superioridade em busca da independência dos androides do seu serviço a qualquer ser ou propósito orgânico.

Enquanto as poucas imagens da atmosfera de Astra² mostravam nada mais do que destruição, Osamu lutava para conseguir manter a cabeça no lugar e ser racional. Tinha que haver uma maneira. "Me mostre qualquer informação sobre sobreviventes." Eles vieram ao mundo juntos e assim o deixariam. "Nenhuma informação encontrada." Era uma promessa. "Busque missões de resgate." Eles estariam lado a lado em seus leitos de morte, velhos e discutindo para saber quem havia vivido a melhor vida. "Nenhuma missão em curso." E ele só fecharia os olhos depois de garantir que Atsumu tivesse vivido a melhor delas.

*

"Astra²? Você ficou maluco? Estão derrubando tudo que chega perto de lá!"

Osamu estava a um passo de enlouquecer. Não havia qualquer interesse em uma missão de resgate oficial para um planeta a anos luz de distância, onde nenhuma comunicação estava entrando ou saindo, dizimado e dominado por inteligência artificial de ponta altamente agressiva. Então ele foi atrás do último recurso, piratas intergalácticos.