Capítulo 2 - Erro crítico identificado

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Naquela noite, Osamu buscou pelo nome de Suna por todos os cantos da web e não encontrou nada. Ou ele tinha usado um nome falso ou tinha muito a esconder e meios de não deixar rastros mesmo em um universo totalmente digital. Ele não merecia o benefício da dúvida mas que outra opção Osamu tinha? Qualquer solução que o colocasse no caminho de resgatar Atsumu era melhor do que simplesmente continuar definhando na Terra.

Com a decisão mais imprudente de sua vida tomada, retornou o contato de Suna e, horas depois, olhava o código rodando no simulador em busca de bugs. Havia estudado a base guia dos comandos de pilotagem do modelo da nave que Suna tinha disponível e então colocado o cérebro e as mãos à obra. Existiam códigos pré montados para isso, mas no cenário atual ele só confiaria em uma inteligência artificial se fosse exatamente assim, criada linha a linha por ele mesmo.

Ele esperava a análise do simulador terminar apenas por precaução já que tinha total confiança de que cada vírgula estava no lugar, inclusive os protocolos extras de segurança para as rotas planejadas. Se Suna precisasse de alguém para consertar uma peça da nave o caso seria outro, afinal, Atsumu era o gênio da engenharia e hardware, e por mais que Osamu entendesse bem uma coisa ou outra, eles se complementavam. Ele não sujava as mãos de graxa há um bom tempo.

Atsumu. Precisava fazer isso por ele. Tinha que encontrar uma saída. Tinha que encontrá-lo.

"Algum progresso?" Suna surgiu sorrateiro e sentou ao lado dele na escrivaninha. O arranjo entre eles havia sido simples no final: precisavam ir para o mesmo lugar, um tinha um apartamento no centro com os recursos e acesso a uma nave, enquanto o outro, conhecimento para fazer um piloto funcional que os levaria ao destino quando um piloto real não estava disponível.

Osamu massageou os olhos suspirando e aceitou a merecida pausa. "Estou quase lá." Ele virou a tela para Suna ver os testes. Estava nas entrelinhas que Suna havia recorrido a ele por falta de opções qualificadas dispostas a não apenas criar um código de inteligência artificial sofisticado, mas ir até Astra² para tentar fazer a viagem algo menos do que uma missão suicida. No momento, eles pareciam ser a única opção um do outro.

"Quais são os seus... negócios em Astra²?" Osamu finalmente perguntou, afinal se tudo desse certo eles passariam alguns dias juntos durante a viagem.

Suna respondeu com os olhos vidrados na tela do simulador que já rodava o final do teste e apitou confirmando que tudo estava como deveria. "Meu... sócio. Ele ficou preso lá." O completo silêncio depois disso mostrou que Osamu não conseguiria muito mais dele.

"Partimos amanhã." Suna declarou se levantando. "Pegue tudo que vai precisar e me encontre aqui ao nascer do sol, então seguimos para a plataforma de lançamento."

"Que fica em...?" Osamu ainda estava com a guarda levantada. Havia feito sua parte do trabalho então Suna poderia facilmente apenas ir sem ele.

"Em um local seguro." Suna respondeu secamente, toda animosidade que havia demonstrado quando se conheceram parecia ter sumido. Eles claramente não confiavam um no outro.

Sem pensar duas vezes, Osamu executou com rapidez um comando que copiou o código para seu dispositivo intraocular, apagando-o do dispositivo de origem em seguida. Suna tentou alcançar a mão dele para impedir mas hesitou no último minuto, eles se encararam e o ambiente se transformou em algo hostil.

"Você tem a nave, eu o código. Te vejo ao nascer do sol." Osamu também se levantou e depois de lançar um sorrisinho irônico que ele sabia, o fazia ficar ainda mais parecido com Atsumu, deu as costas e saiu por onde havia entrado.

Finalmente, entrar em casa foi algo menos que uma tortura. Osamu colocou em uma mochila tudo que poderia precisar para a viagem, preparou uma refeição decente e comeu em silêncio, empurrando para longe todo e qualquer pensamento negativo. Atsumu era esperto, mais do que ele em muitos aspectos, por mais que Osamu nunca fosse admitir. Ele com certeza havia encontrado uma maneira de fugir do ataque. Ele estava bem, fim. Essa era a única verdade que existia e Osamu não aceitaria outra. Qualquer pensamento diferente disso o destruiria e ele não poderia fazer isso agora, não quando sua única razão de viver desde que se tornaram órfãos e ficaram sozinhos no mundo, estava do outro lado da galáxia esperando por ele.

[OsaSuna] Até o fim do UniversoOnde histórias criam vida. Descubra agora