Capítulo 9 - Déjà-vu

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Osamu acordou aos poucos com o sol que entrava pela janela gigantesca. Ele começou a resmungar para Suna fechar as cortinas e puxou a coberta até a cabeça. Sua exaustão ainda era tanta que acabou caindo no sono de novo, acordando quando o sol já estava quase no meio do céu. Ele se espreguiçou e sentou na cama, olhou ao redor e constatou algo que já era esperado: Suna não estava lá.

Um minuto de desespero tomou seus sentidos enquanto conferia seu saldo de créditos. Felizmente tudo estava como deveria, a transferência completa de sua parte da noite passada. Não havia sido uma armadilha, Suna não o havia roubado, ao menos não dessa vez. Ele tinha um milhão de dúvidas que planejava solucionar pela manhã mas talvez tivesse que conviver com elas. Quem Suna era de verdade, qual era seu objetivo e o que queria em Astra². Entretanto... o fato de ele não estar mais ali só deixava claro que, provavelmente, Osamu não ia gostar das respostas.

"O bom filho à casa torna ou seja lá o que vocês humanos dizem nessas horas." Tendou debochou assim que Osamu se aproximou dele no porto já ativando seu dispositivo para transferir parte do valor. A última coisa que ele queria era ficar em dívida com qualquer um em Marte e, inegavelmente, Tendou havia sido parte chave dos lucros da noite anterior.

Ele agradeceu a ajuda e enquanto olhava ao redor, recebeu a resposta ao menos a algumas de suas dúvidas. "Não sei do Suna. Quando cheguei no porto hoje a nave que vendi a ele já não estava mais na plataforma."

Osamu aceitou essa resposta mas algo não fazia sentido. Suna não tinha o piloto nem a rota e a menos que tivesse conseguido ambas coisas literalmente da noite para o dia, não teria como decolar. Apesar das novas dúvidas que tudo isso criava em sua cabeça, Osamu tinha coisas muito maiores para se preocupar e, felizmente, Tendou tinha a solução para algumas delas. No final da tarde, Osamu tinha programado a rota e já inspecionava a nave que um dos contatos de Tendou havia conseguido.

"Me parece tudo em ordem, transfiro os créditos para você mesmo?" Ele perguntou para o plutoniano que era sério e estóico tal qual uma múmia. A resposta curta e direta foi de que ele era o intermediário e seria comissionado pelo dono da nave que chegaria em breve. Osamu deu de ombros e já começou a preparar tudo para a decolagem e o salto pelo portal que viria logo em seguida. A nave era boa, estava abastecida e ele não tinha tempo a perder.

Assim que vestiu o traje adequado e verificou tudo pela décima vez, começou a ficar impaciente. Foi então que ouviu alguém abrir com chave a escotilha principal. Ele levantou preparado para receber o dono da nave e finalizar a negociação mas mal pôde acreditar no que seus olhos viram.

Era Suna.

"Mas, mas, mas o que? O que você está fazendo aqui?!" Ele estava cansado de se sentir idiota.

"Boa noite pra você também, Samu." Suna respondeu como se nada naquela situação fosse absurdo. Ele já estava com um traje anti gravidade e se direcionou a uma das poltronas na frente da cabine, casualmente sentando e começando a ativar o protocolo de decolagem.

"O que você acha que está fazendo?" Osamu perguntou indo até ele.

"Eu tenho a nave, você o piloto e a rota, velha nova história." Ele respondeu divertido lançando um olhar de canto para Osamu. "Pode ficar com os créditos que pagaria pela nave, vamos considerar uma troca justa dessa vez."

"Espera." Osamu fechou os olhos e respirou fundo tentando assimilar todo o déjà-vu da situação ligado às péssimas lembranças da última vez em que estiveram juntos saindo de órbita. "Essa não pode ser a sua nave. Tendou disse que ela não estava mais no porto hoje cedo."

"Ah, sim." Suna começou a se prender à poltrona. "Eu negociei aquela porcaria hoje cedo e consegui essa aqui, muito mais segura e moderna. O resto vamos chamar de... destino."

[OsaSuna] Até o fim do UniversoOnde histórias criam vida. Descubra agora