Capítulo 4 - Mar aberto

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"Então nossa melhor teoria é de que algum pedaço da plataforma de lançamento ficou preso à nave?" Suna concluiu quando eles eliminaram outras paranóias mais absurdas.

"Tem que ser algo pesado suficiente pra prejudicar nossa órbita então... não consigo pensar em outra coisa lógica." Osamu explicou e apontou para o painel, mostrando o histórico de navegação. "Estamos sempre desviando um pouco mas não de maneira consistente, o que torna muito difícil recalcular a rota, teria que observar e colher dados por várias horas."

"Horas que claramente não temos..." Suna pontuou o óbvio. "E se ativar a desacoplagem manual de novo? Pra tentar empurrar e soltar seja lá o que ficou preso?"

Era uma ideia excelente mas havia um problema: a queima de combustível no processo. Com esse fato em mente eles chegaram a conclusões ainda mais complicadas. "Podemos tentar." Osamu estava usando todos os neurônios que lhe restavam. "Mas o ideal seria... ver o que está preso e como está. Não temos combustível pra tentar duas vezes, uma já vai ser arriscado."

"E se estiver soldado na nave ou preso fora da área de desacoplagem vamos só queimar combustível e arriscar ficar à deriva a troco de nada." Suna completou e eles suspiraram juntos em frustração.

Ambos sabiam que a nave contava com traje e equipamentos para manutenção externa, então não demorou muito para que esse fosse de fato, o único plano possível. "Par ou ímpar?" Osamu sugeriu enquanto olhava o traje especial e concluía que qualquer um deles servia nele.

Suna levantou e pegou o traje, tirando os sapatos para começar a vesti-lo por cima do uniforme. "Eu vou."

Osamu o encarou incrédulo por um longo segundo, não que ele quisesse protestar por não ter que arriscar a vida no vácuo do espaço, mas não parecia muito justo.

"Não precisa me olhar como se eu fosse louco." Suna revirou os olhos. "Eu já fiz isso antes e você claramente não sabe nem como vestir o traje."

Querendo muito dar uma resposta mal criada, Osamu teve que morder a língua porque afinal, Suna estava certo e ele se sentia inexplicavelmente grato e puto por isso. Em pouco tempo, eles estavam testando a câmera que ficava presa ao traje e os comunicadores ao repassar o plano. Suna seguiu para a câmara de despressurização, travou o cinto de segurança que tinha uma ponta na nave e outra na cintura dele, fechou a comporta e assim que teve sinal verde de que tudo estava travado e seguro dentro da nave, abriu o compartimento para o exterior.

Mesmo que estivesse seguro e sentado em sua poltrona dentro da nave, Osamu sentiu um frio na barriga ao acompanhar pelas imagens da câmera enviadas para o painel de controle, Suna se lançando para a imensidão do espaço e contornando a nave para chegar até a parte traseira. Mesmo que já tivesse viajado entre planetas muitas vezes, Osamu nunca foi exatamente fã dessas aventuras, ao contrário de Atsumu que em qualquer oportunidade se enfiava universo afora sem pensar duas vezes.

"E aqui está o nosso problema." Suna falou pelo comunicador apontando a câmera para a peça imensa presa a parte traseira da nave. Eles haviam acertado em cheio. Se aproximou mais e avaliou que o objeto não parecia soldado ou muito firme, provavelmente usar a desacoplagem resolveria o problema deles.

"Ótimo, agora volte logo pra cá e vamos resolver isso." Osamu não queria parecer mandão mas tinha um calafrio por segundo imaginando todo tipo de desgraça que poderia acontecer. Malditos filmes de desastres espaciais.

"Com medo, Osamu?" Suna debochou enquanto fazia o caminho de volta.

"Lógico que sim!" Ele respondeu muito franco e puto. "O que mais você faz além de andar pelo espaço como se fosse imortal? Bate em robôs obsoletos? Rouba bitcoin de crianças?"

[OsaSuna] Até o fim do UniversoOnde histórias criam vida. Descubra agora