Capítulo 5 - Instável

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"300 mil créditos? Por um terráqueo?! Dou 200... 230 se você me entregar sem língua e limpo!"

Sendo arrastado pelas vielas de Marte, Osamu arregalou os olhos e xingou um palavrão por baixo da mordaça, sendo repreendido com um puxão nas correntes que prendiam seus braços para trás.

"Ele é grande, forte, melhor do que os últimos que negociamos." O pirata responsável por dar um fim útil a ele argumentou. "300 é uma barganha por ele inteiro."

"E ele lá precisa da língua pra fazer mineração e carregar pedras?" O marciano respondeu revirando seus quatro olhos. "Eu já vi ele por aqui antes, não calava a boca! É pegar ou largar."

Enquanto o pirata continuava sua negociação com um dos comerciantes das tendas de produtos, Osamu chegava ao limite do desespero. Logo depois que a cápsula foi lançada, ele viu pelo radar que a nave pirata continuava atrás dele. Praguejou alto e, quando capturado, tentou se defender mas foi dominado com violência, acabando enfim arrastado pelas vielas do mercado ilegal no subsolo de Marte. Um lugar que ele conhecia apenas por histórias de Atsumu que, como bom trambiqueiro, já havia negociado peças e outras tralhas para suas invenções por lá - e que a reputação agora ajudava a selar o destino de Osamu da pior maneira possível.

Quando estava a 10 créditos de distância de ser vendido sem língua e sujo, uma voz não tão estranha surgiu fazendo uma oferta.

"Pago 250 por ele."

"O quê? Quem é você e como ousa oferecer algo pela mercadoria que eu estou comprando?" O marciano, que há pouco chamava Osamu de porcaria, declarou altamente ofendido.

"Preciso de algumas partes orgânicas e ele parece estar em boas condições." A voz declarou e Osamu enfim o encarou desacreditado. Era Suna, vestido com uma túnica longa com capuz e máscara típica de Marte.

"Hmm, quais partes?" O pirata se posicionou na negociação. "Afinal, se for uma língua e as orelhas ou nariz podemos fazer um negócio vantajoso para todos."

Nessa hora os olhos do marciano brilharam. "Posso ceder um olho também se isso baixar minha parte da despesa."

Era só o que faltava. Além de pobre, fodido e tratado como mercadoria barata, Osamu estava prestes a virar uma feijoada. Ele começou a xingar todo tipo de suja baixaria por baixo da mordaça e seu vigor era tanto, que chegava ser possível entender alguns palavrões.

"Preciso de alguns dedos também." Suna declarou impassível.

"Da mão ou do pé?" O marciano colocou sua dúvida.

"Da mão, talvez a mão inteira." Suna esclareceu.

"Se for a esquerda, forneço uma prótese simples de brinde." O pirata completou.

"HHMMMMMM!!!!!!" Osamu gritou puto. Não era possível que Suna estivesse ali para acabar com ele de vez ao invés de ajudar.

"Negócio fechado." Suna pontuou. "Mas eu faço as remoções, preciso de cortes limpos e das partes preservadas."

Rapidamente eles entraram em um acordo sobre valores e que sim, era adequado Suna cuidar das remoções já que era do interesse de todos que Osamu saísse vivo do processo.

Com o coração disparado quase saindo pela boca, Osamu sequer conseguiu oferecer resistência. Até onde sabia e não era muito, Suna poderia sim ser algum tipo de psicopata. Poderia até mesmo ter trabalhado desde o início com esses piratas. Ele tentava focar sua mente em alguma maneira de fugir ao ser arrastado mais uma vez pelas vielas, Suna agora segurava a corrente o guiando, o pirata e o marciano logo atrás.

[OsaSuna] Até o fim do UniversoOnde histórias criam vida. Descubra agora